Paz e Arbitragem

Paz e Arbitragem

Senhora Baroneza de Suttner, a brilhante evangelista do movimento pacifico, auctora do famoso romance Abaixo as armas, que tem feito a volta do mundo com um successo nunca vistodedico e consagro este livrinho. No ultimo congresso da paz que se realizou, em Hamburgo, no passado mez de agosto, do corrente anno, foi esta illustre senhora quem mais se esforou, para que a nova reunio se effectuasse em Lisba, pondo, em nosso favor, a sua palavra eloquente e a sua influencia prestigiosa. Com esta pequena e insignificante offerta, desejo provar-lhe, em primeiro logar, a altissima considerao em que tido, entre ns, o seu nome aureolado, e, em segundo logar, pretendo manifestar-lhe publicamente o meu inolvidavel reconhecimento na obra grandiosa da paz e da arbitragem internacional que proseguimos solidariamente. No fim do seculo XIX, nota-se este contraste singular e monstruoso: ao passo que as industrias attingem um desenvolvimento maximo, nunca o poder do militarismo foi maior do que em nossos dias. A guerra um crime no ponto de vista humanitario; um crime no ponto de vista social; um crime no ponto de vista moral; e um crime no ponto de vista economico e financeiro. O movimento pacifico tem tomado, por toda a parte, propores assombrosas. S na Allemanha existem mais de sessenta sociedades da paz. Os Estados-Unidos da America e a Inglaterra revelam-nos, a cada passo, a tendencia para as idas pacificas, pela pratica da arbitragem. O principio da arbitragem a maior conquista d'este seculo. a aco do individuo substituindo-se cada vez mais aco do Estado. Os amigos da paz, alm da suppresso dos exercitos permanentes, pretendem resolver pela arbitragem todos os litigios internacionaes. Nada mais racional e nada mais justo. A democracia moderna fez da arbitragem uma das suas primeiras reivindicaes. Haja vista o que succede em todas as grandes republicas; como a Suissa, onde existe um verdadeiro partido pacifico, organisado e disciplinado, tendo por orgo o interessante jornalOs Estados Unidos da Europa, fundado por Charles Lemonnier e como meio de propaganda a Liga da Paz e da Liberdade que foi presidida, nas suas primeiras sesses, por Garibaldi e Victor Hugo; o Brazil que, ainda ha pouco, recorreu a ns na questo relativa ilha da Trindade; os Estados-Unidos da America que, n'este momento, negoceiam com a Inglaterra um tratado de arbitragem permanente. Os amigos da paz encontram o seu principal ponto de apoio no desenvolvimento intellectual e material das sociedades. As condies economicas ho de impor o desarmamento, n'uma pocha mais ou menos proxima. A guerra s pode aproveitar aos chefes de Estado, ambiciosos de glorias e de conquistas. A guerra e a paz armada constituem um mesmo mal e uma mesma calamidade. A affirmao da paz e a condemnao da guerra entra hoje, como ponto obrigado, de todas as reivindicaes operarias. Por occasio do ultimo congresso socialista, que se reuniu em Londres, o meeting de Hyde-Park, em favor da paz, foi de uma imponencia desusada. Affirmar a paz affirmar o respeito pela vida e pela dignidade humana. Affirmar a paz o mesmo que consagrar o principio do trabalho. A guerra s pode interessar aos reis e aos imperadores que n'ella encontram o esteio s suas ambies desregradas e sua cupidez nunca assaz saciada. A democracia quer e consagra a paz, como suprema aspirao social. ......Buy Now (To Read More)

Product details

Ebook Number: 28914
Author: Lima, S. de Magalhães (Sebastião de Magalhães)
Release Date: May 21, 2009
Format: eBook
Language: Portuguese