Noticia de livreiros e impressores de Lisbôa na 2ª metade do seculo XVI

Noticia de livreiros e impressores de Lisbôa na 2ª metade do seculo XVI Title: Noticia de livreiros...
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Author: Brito, Gomes de,1843-1923
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Noticia de livreiros e impressores de Lisbôa na 2ª metade do seculo XVI

Title: Noticia de livreiros e impressores de Lisba na 2 metade do seculo XVI Author: Gomes de Brito Release Date: February 20, 2008 [EBook #24657] Language: Portuguese Credits: Produced by Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) Nota de editor: Devido quantidade de erros tipogrficos existentes neste texto, foram tomadas vrias decises quanto verso final. Em caso de dvida, a grafia foi mantida de acordo com o original. No final deste livro encontrar a lista de erros corrigidos. Rita Farinha (Fev. 2008) GOMES DE BRITO NOTICIA de Livreiros e Impressores em Lisba na 2. METADE DO SECULO XVI composta em face de um codice da camara municipal desta cidade 1911 Imprensa Libanio da Silva Travessa do Fala-S, 24 lisboa Livreiros e Impressores em Lisba na 2. metade do Seculo XVI GOMES DE BRITO NOTICIA de Livreiros e Impressores em Lisba na 2. METADE DO SECULO XVI composta em face de um codice da camara municipal desta cidade 1911 Imprensa Libanio da Silva Travessa do Fala-S, 24 lisboa Do Boletim da Sociedade de Bibliophilos Barbosa Machado Tiragem: 50 exemplares N. 44 NOTICIA de Livreiros e Impressores em Lisba na 2. METADE DO SECULO XVI At o tempo em que o Cardeal D. Henrique, depois rei, procedeu nova circumscripo das parochias de Lisba, erijindo mais cinco freguezias a ajuntar s vinte e cinco j existentes (1564 a 1569), demarcando-lhes o territorio nos recortes feitos a quatro destas, a secular compartilha que resultava deste regimen, estabelecido no intuito de accomodar o servio religioso s necessidades dos fieis, e sua mais immediata satisfao, soffrera tres remodelaes. Ordenara a ultima, durante a regencia do principe D. Joo, ausente em Frana seu pai, o rei D. Affonso V, o celebre cardeal de Alpedrinha. Por effeito daquelle regimen, grande numero de vias pblicas lisbonenses eram, como ainda hoje o so, compartilhadas por diversas freguezias confinantes. O Summario de Christovo Rodrigues de Oliveira, apezar de imperfeito neste ponto, nos mostra, pela repetio das denominaes, que no dos disticos, porque tal providencia estava ainda por nascer, quaes e quantas eram as [6] vias pblicas compartilhadas, por effeito da remodelao parochial ento vigente. Comprehendia-se entre as deste numero a muito falada Rua Nova, dividida em dois troos, um mais antigo que o outro; um, o primeiro, fazendo parte do territorio da freguezia da Magdalena, o outro pertencendo freguezia de S. Gio (S. Julio). Do mesmo modo, esta notavel rua da Lisba medieva, que principiando no Pelourinho, a entroncar na Calcetaria, era conhecida por duas denominaes, correspondentes sua compartilha. parte oriental, territorio da parochia da Magdalena, que terminava no Arco dos Barretes, chama Christovo Rua Nova dos Ferros; a que desde o predito Arco a embeber-se na Calcetaria, um pouco adiante do Chafariz dos Cavallos, designada na relao do Summario, referida freguezia de S. Gio, pela denominao de Rua Nova dos Mercadores. I em toda a extenso da Rua Nova, de um e outro lado della, que, merc de um valioso codice pertencente Camara Municipal de Lisba[1], ns vamos encontrar, de porta aberta, nos annos intermedios dos j preditos (1565 a 1567), no s alguns dos livreiros e editores j conhecidos dos que conversam o passado literario de Portugal, mas outros tambem, ainda at agora no mencionados. Comeando a juzante da formosa linha de agua com a [7] qual a Rua Nova andava, se pode dizer, parallela, o primeiro que se nos depara Bartholomeu Lopes, que no deixou de si, que saibamos, memoria averiguada, mas que poder ser, porventura, membro de uma notavel gerao de livreiros deste appelido;os Lopes.[2] Em 1563, isto , dois annos, apenas, antes do primeiro dos dois a que o codice de onde extractamos estes apontamentos se refere, havia um Christovo Lopes estabelecido Porta da S, segundo se v do titulo seguinte, que abreviamos, mas se pode ler completo em Innocencio, Diccion. Bibliog. II, 166: Exposiam da Regra do glorioso Padre Sancto Augustinho... por frey Diogo de Sam Miguel, &Vendense (sic) porta da See, em casa de Christouam Lopes Liureyro a dous tostes em papel.Foy impresso em Lixboa em casa de Joannes Blavio de Agrippina ColoniaAnno de 1563. Vista a propinquidade dos annos, poder acaso Bartholomeu Lopes ter sido irmo, ou filho (?) de Christovo Lopes, e seu successor, passando o estabelecimento da Porta da S para a Rua Nova, ou estabelecendo-se elle ahi de novo. possivel tambem que este mesmo livreiro seja pae do livreiro-impressor Simo Lopes, que deu em Lisba, em 1593, a primeira edio do Itinerario, de Fr. Pantaleo d'Aveiro, as Cartas do Japo, etc., e em 1596 reimprimiu a Chronica de D. Joo II, de Garcia de Rezende. A seguir a Bartholomeu Lopes, seu visinho, estabelecido, at, nas mesmas casas, tendo ambos por senhorio um tal Jeronymo Corra, tinha a sua lojinha Sagramor [8] Fernandes. Era livreiro de modestas posses, a julgar pela avaliao que os lanadores, para tal effeito deputados, deram sua fazenda, na proporo de cuja totalidade deveria, como todos, pagar o respectivo escote. O nome baptismal do homem era novellesco, mas as cavallarias, ao que parece, no eram grandes. A influencia das novellas de cavallaria faz-se ainda sentir em toda a sua pujana no codice que nos facilita esta noticia, imprimindo-lhe um matiz pictoresco e variado. O nome novellesco do obscuro livreiro no unico entre os seus congeneres de ambos os sexos, inscriptos neste curioso recenseamento. A par dos Sagramor ha os Lanarote; de envolta com as Ginevras passam as Briolanjas. A procedencia francesa e a italiana, dando-se as mos. Lanarote o Lancelot francez; Lancelot du Lac, o heroe cavalheiresco de Gauthier Mapp, o amigo de Henrique II de Inglaterra. Sagramor o Sagromoro milanez, que Jorge Ferreira aportuguesou, fazendo-o heroe do seu Memorial; Sagramor Constantino, designado por el-rei Arthur para seu successor, se a sorte das armas lhe fsse adversa. Por aproposito, lembraremos a dvida que Barbosa Machado fez nascer, cerca da existencia dos Triumfos de Sagramor, novella que, segundo elle, teria sido impressa em Coimbra, em 1554, por Joo Alvarez, mas de que parece que nem o douto Abbade de Sever, nem, de certeza, o seu successor, o diligente Innocencio, viram jmais exemplar algum. Ser esta hypottica novella o proprio Memorial, assim duplicado pelo auctor da Bibliotheca Lusitana? Eis um curioso thema, digno, nos parece, de attrahir a atteno da nossa Sociedade, e a que o artigo de Innocencio (IV, n. 2095, pag. 170) prestaria a base. [9] Em compensao, porm, algumas lojas mais adiante do modesto Sagramor achava-se estabelecido o opulento Joo de Borgonha. Livreiro-editor de nomeada, fornecedor de artigos do seu ramo para a fazenda de S. A., proprietario nas visinhanas do seu estabelecimento, e em mais de um sitio,[3] os seus teres, como negociante, foram avaliados em um conto de ris. Na epoca em que o encontrmos, tinha elle por seu obreiro, talvez o que hoje chamariamos seu director-technico, seu administrador ou seu apoderado, a um certo Miguel de Arenas, um castelhano, porventura, como da Borgonha seria, com effeito, o patro; estranjeiros quasi todos, estes negociantes das letras portuguezas do seculo XVI, que, vindo concorrer com os nacionaes, faziam, ao que parece, mais fortuna que elles.[4] Certo que Miguel de Arenas estabeleceu-se posteriormente, com o mesmo ramo de commercio, de sociedade [10] com Joo de Molina; tambem, e mais vulgarmente conhecido por Joo de Hespanha, outro abastado mercador de livros, mas no tanto como o seu confrade borgonhez. O negocio de Joo de Hespanha foi avaliado em duzentos mil ris. Como obreiro de Joo de Borgonha, Miguel de Arenas devia fazer bons interesses. Dos seus ordenadose foi por esta circumstancia que o suppuzemos empregado superior da casa de seu patroforam-lhe arbitrados cinquo mill rs, para na razo delles pagar o respectivo escote.[5] A Joo de Borgonha segue-se, nas tendas de Alvaro de Moraes, o livreiro Manoel Carvalho, provavelmente o pae de Sebastio Carvalho, que em 1598 publicou, em 3. edio, a Recopilaam das cousas que conuem guardarse no modo de preseruar a Cidade de Lisboa, instruces redigidas em 1569 pelos medicos Thomaz Alvarez e Garcia de Salzedo Coronel, e repetidas na primeira das datas a que acima nos referimos, por mandado da cidade de Lisba, &.[6] Sebastio Carvalho conservaria assim na mesma Rua Nova o estabelecimento paterno. [11] Apresentam-se, logo em seguida a Manoel Carvalho, Diogo Machado, Joo Lopes e Graviel de Araujo, dos quaes no viramos ainda noticia, antes que o codice que lhes revelou a existencia no'los dsse a conhecer. Ao ultimo destes segue Diogo Moniz, que por ter apresentado carta de familiar do Santo Officio, foi escuso do escote. Porfim, e quasi no extremo da parte da rua pertencente freguezia da Magdalena, o Grafeo, isto , o livreiro-editor Francisco Grapheo, em cujo estabelecimento se vendia a novella Menina e Moa, de Bernardim Ribeiro, impressa em Colonia, em 1559,[7] e uma das muitas edies da Diana, do nosso Jorge de Montemor, ao qual ainda no chegara a hora de ser includo nos Indices expurgatorios das duas Inquisies peninsulares. [12] II Continuando na mesma Rua Nova, agora j no territorio da freguezia de S. Giam; isto , para a direita do Arco dos Pregos, ainda ahi encontramos um Francisco Mendes, que estar no caso de Sagramor Fernandes, visto o diminuto do escote, bem como o framengo Giraldo de Frisa, que pertence tambem, ou nos enganaremos, ao numero dos da sua classe, de que no chegra noticia at nossos dias. Emfim, na mesma Rua Nova, e territorio da sobredita freguezia de S. Giam (S. Julio), mas da banda das Varandas, encontramos, fronteira ao Arco dos Pregos, a viuva de Salvador Martel, Leonor Nunes, a qual, estabelecida, com seu filho, nas casas de Ferno d'Alvarez de Almeida, teve pelos lanadores a avaliao de duzentos mil ris. Salvador Martel foi livreiro conhecido. Dever ter fallecido no decurso das operaes do Lanamento, de cujo livro tiramos estas singelas notas, visto como Tito de Noronha ainda o refere ao anno de 1566.[8] Algum tanto mais atrs, e tornando ao territorio da freguezia da Magdalena, voltando da rua de D. Gil Eanes, pelo Pelourinho, para a rua da Ourivesaria da Prata, [13] em cuja entrada tinham suas lojas os calciteiros, encontramos o livreiro Jeronymo de Aguiar, que tambem no conheciamos, e, ali perto, no Poo da Fota, o j mencionado Joo de Molina, appelidado no codice que vamos percorrendo Joho de Espanha, livreiro-editor que rivalisava, sem comtudo o hombrear, como j notmos, com o seu opulento confrade Joo de Borgonha. No era, porm, s na famosa Rua Nova, e suas immediaes, que se encontravam os mercadores de livros. Na rua direita da Porta do Ferro,[9] numas casas que ahi possuia a camareira-mr, estava estabelecido Jorge Dagiar (Aguiar ou Aguilar?) talvez antecessor de Antonio de Aguilar, que nesse sitio teve a sua loja em 1576. Pelas vizinhanas, na travessa da porta travessa da Madalena, que se ligava rua do fim do p da Costa, tinham tambem suas lojas Francisco Fernandes e Bautista da Fonsequa.[10] L para a Porta do Mar, entre a Mizericordia e a Fonte da Pregia,[11] nas tendas da Cidade que jaziam nas costas do Terreiro do Trigo, vendia livros um tal Manoel Francisco, lojista de medianos teres, cuja fazenda foi avaliada em 10$000 ris. [14] Por pouco mais abastado sera tido um Antonio Dias, com estabelecimento na rua da Gibetaria,15$000 ris de fazenda.E nos mesmos casos Pero Castanho, l para perto de Valverde, numa travessa que vinha de Paio de Novaes para aquelle sitio, isto , por perto do Rocio. III Estes so os livreiros que encontrmos arrolados em 1565-1567 no Livro do Lanamento que nos tem guiado. So vinte, isto , mais do dobro dos que Tito de Noronha contou em sua j lembrada Memoria, referidos aos mesmos annos. No poderemos, todavia, affirmar que o Joo Lopes (1588), da lista daquelle auctor, seja o mesmo que figura nestas singelas notas. A identidade no se nos afigura improvavel. Do Christovo Lopes (1563), daquella lista, j dissemos o que temos por presumivel. Quanto ao livreiro Antonio Curvete (1565), mencionado tambem por Tito, no se nos deparou no longo exame feito ao curioso codice, sob este particular ponto de vista. Isto no quere dizer que elle se no ache entre os 15:000 nomes contidos no volumoso recenso. Bem poder, porm, ter escapado, por isso que nem sempre as profisses dos fintados lhes acompanham [15] os nomes, ou achar-se-ha substituido por outro dos arrolados. Como quer que seja, um e outro do numero total dos livreiros, apontado por Tito de Noronha e por ns, como estabelecidos em Lisba entre 1565 e 1567, est muito longe do que mencionou Christovo, onze annos antes[12]54. Este numero, na verdade, inconcebivel por si s, e sem mais explicaes, justificado pelo ignorado auctor da chamada Estatistica de Lisboa, de 1552, que se guarda na Bibliotheca Nacional, de modo asss plausivel, e que, demais, acerta muito satisfatoriamente a nossa conta. Diz, com effeito, o auctor da Estatistica: Tem XX tendas de livreiros, e [na] maior parte delas i i j, i i i j criados e sser as pas que nellas trabalham huas per outras lx...... 60 pas. Se em vez de Antonio Curvete, que nos falta, pode estar algum dos diversos desconhecidos, de que damos os nomes, hypothese que no parece improvavel, haveria nesta capital, de 1565 a 1567, o mesmo numero de livreiros que foi contado pelo auctor da Estatistica, em 1552. Adoptada, com effeito, a conta dos criados ou obreyros de livreiros que os lojistas teriam a seu servio, calculada pelo mesmo auctor, ahi teremos o numero de Christovo assaz justificado. Ser a seguinte Noticia dedicada aos Impressores. [16] IV Ao testemunho do curioso codice do Archivo Municipal, que temos seguido, na famosa Lisba da segunda metade do XVI. seculo seis individuos exerciam a arte impressoria, como a denominou Valentim de Moravia, em sua traduco do livro de Nicolau Veneto. O primeiro dos seis imprimidores, segundo se lhes ento chamava, e elles a si proprios se designavam, encontrados no alludido codice, o velho Joo Blavio de Agripina Colonia[13], cujas impresses, conforme a tabella organisada por Tito de Noronha, em sua to curiosa quanto instructiva monographia;A Imprensa Portugueza durante o seculo XVI, remontam a 1554. [17] , porm, de notar que nesta tabella, ou lista chronologica dos impressores deste seculo, assigna-se actividade de Joo Blavio os onze annos, apenas, que comeam em 1554, e terminam em 1564. Ora, o rl do Livro do Lanamento, onde apparece este impressor, foi recebido pelos sacadores (os encarregados da cobrana da extraordinaria imposio) em 11 de maro de 1566, e por elles entregue, com o producto da cobrana, em 17 de agosto, do mesmo anno. V-se pois que a actividade de Joo Blavio se prolongou algum tanto mais do que o indica a citada lista. O que fica para saber, que genero de trabalhos produziria este typographo durante o lapso de tempo em que se averiga agora ter elle ainda conservado a sua typographia, e a data precisa da sua desappario.[14] [18] Era pouco importante nesta epoca, segundo parece, a actividade officinal de Joo Blavio. A moderada avaliao de 3$000 ris, que teve, o est inculcando. Achava-se o velho impressor estabelecido no Beco de Gaspar das Naus, freguezia de Sam Giam, nas casas de um tal Bento Gonalves. Aquella minguada arteria de Lisba tinha sua entrada na Calcetaria, entre a rua dos Fornos, a L. e o beco da Ferraria, a O. Rematando-se, ao N., por uma especie de cotovello, sem sahida, bifurcava-se na ligao com a rua dos Fornos, a que se chamava beco do Loureiro. O plano Pombalino, assentando sobre esta um tanto emmaranhada topographia, mostra-nos, como pode ver-se na Est. I da obra valedora do sr. Vieira da Silva, As Muralhas da Ribeira de Lisboa, o Beco de Gaspar das Naus atravessado transversalmente, de cima para baixo, na entrada da rua do Crucifixo, tendo a sua abertura no quarteiro que fica entre a esquina P. da rua do Crucifixo e a do N. da rua Nova do Almada, fronteira, por conseguinte, parede lateral esquerda da actual igreja da Conceio Nova. O personagem que deu o nome a este beco, e provavelmente residiu nelle, fra, a julgar pelo que allega o Negro, [19] na Pratica de oito figuras, do poeta Chiado, sujeito que empunhara no mercado a vara da justia... policial. Diz com effeito, Gama: No vou por esse caminho! Fallae ao que vos pergunto, Dizei, negrinho sandeu: saibamos que mal vos fiz, porque no me daes perdiz, pois que m'a compraes do meu? Responde o Negro: Nunca elle mim acha... Muito caro, nunca bem... Mim d-le treze vintem pr'o dzo; no quer d. A regatra muito mo! Mim dize qure vend? Elle logo saconde... medo Gasapar da no proqu'elle logo prende.[15] Gaspar das Naus no o unico a quem tenha sido applicado o cognome. Houve por esta epoca um outro individuo, chamado Manoel Lopes, tambem cognominado das Naus. Ainda no sabemos em que se occupasse. V Segue-se, na ordem da leitura, Marcos Borges, que nos apparece arrolado como imprimidor obreyro, residindo em uma de tres vias pblicas, enfeixadas pelos lanadores da sobredita imposio num s titulo:Rua de quebra [20] q... com travessa de calca (cala) frades e Rua de pino vay[16]. O rol onde figura Marcos Borges foi entregue aos sacadores em 2 de maio de 1566, sendo por elles restituido ao thesoureiro da imposio em 1 de agosto seguinte. Ora, ao primeyro de janeiro de 1566 appareceu a pblico, impresso por este typographo, o Paradoxo, de Joo Cointha, lendo-se no frontispicio da obra, alm da sobredita data, mais a seguinte indicao:Vede se na empressam detraz de nossa senhora da Palma.[17] Se, pois, Marcos Borges j no 1. de janeiro de 1566 estava estabelecido por sua conta, e nos d testemunho irrecusavel do facto na obra que lhe foi, porventura, estreia, como que elle nos apparece classificado como imprimidor obreyro, em maio, deste mesmo anno? No deviam os individuos que o classificaram conhecer bem a sua posio? Por outro lado, a indicao um tanto vaga: detrs de nossa senhora da Palma poderia at agora fazer suppr que Marcos Borges estava, com effeito, estabelecido nalgumas [21] casas situadas na parte posterior da capella-mr da ermida daquella invocao, onde, de certeza, havia j neste tempo casas para alugar, como as continuava havendo em 1755, e a ellas se referiram os engenheiros encarregados das medies dos Bairros, ordenadas no comeo do anno seguinte pelo ministro do rei D. Jos.[18] Desde, porm, que Marcos Borges nos apparece residindo num sitio differente do indicado na obra, de que ter sido o proprio editor, como tal indicao nos auctorisa a crr, ainda que ambos os locaes fssem convizinhos, o que parece curial entender-se que o impressor do Paradoxo, tendo, com effeito, a sua officina no sitio que a obra indica, residiria no Pino Vay, viela ingreme, quasi fronteira parte posterior da ermida, e que laborava a escarpa, no alto da qual passava a rua detraz de Santa Justa, correspondendo, salvo o actual aspecto, rua da Magdalena, na parte que vae da Betesga ao largo dos Caldas. Vamos ver adiante que Antonio Gonalves, confrade, j agora celebre, de Marcos Borges, morava numas casas de certa rua, e tinha nella, e perto, em outras, a sua officina. Mas, encosta acima, enlaava-se no Pino vay a travessa de quebra q..., que rasgando-se entre a rua dos torneiros e a Correaria, um tanto mais abaixo da abertura inferior do Pino vay, a formar com esta viella, a meio da encosta, o enlace que fica apontado. [22] So poucos os contribuintes arrolados no grupo das tres vias pblicas em questo, e tanto se pode suppr que Marcos Borges, sempre na hypothese de ter a sua officina atras de nossa senhora da Palma, morasse no Pino vay como na travessa predita, ou na rua de cala frades. A circumstancia, porm, de no mencionarem os lanadores pessoa alguma a fintar na parte posterior da ermida da Palma, justamente no anno em que este impressor se declarara, na obra que citmos, estabelecido nesse sitio desde o 1. de janeiro, tenta-nos a ver em tal indicao um alibi, por elle empregado, para remediar um inconveniente a que o decoro devia attender. O que se nos afigura por mais certo, que os sacadores encontraram, com effeito, Marcos Borges residindo na mesma casa onde teria a sua officina, o que era regra, a bem dizer, geral, no atrs da ermida de nossa senhora da Palma, mas na travessa de quebra costas, uma das tres do grupo onde o seu nome apparece, entre outros, e da qual se pode admitir, sem grande violencia, que ficasse fronteira, mas do lado opposto da Correaria, parte posterior daquella ermida. Quanto menos exacta qualificao que ao impressor foi attribuida pelos sacadores, pode entender-se egualmente, ou que houve equivoco da parte destes, ou que elles quizeram favorecer o recem-estabelecido imprimidor, conservando-lhe a qualificao de obreyro, com o fim de lhe minorar a importancia do escote. Marcos Borges, typographo proprietario de officina, poderia, verdade, ser avaliado em 3$000 ris, como o fra o seu confrade Joo Blavio, e pagaria 21 rs. de escote, mas passando, por favor dos sacadores, por mro imprimidor obreyro, alcanava o beneficio da menor contia, que eram 2$500 [23] rs., correspondendo-lhe a contribuio de 17 rs. Era uma differena apreciavel. Valia a pena acceitar o favor. Marcos Borges, encolhendo-se, ganhava 4 ris, isto , defraudava S. Alteza em obra de 30 ris, de hoje. Este impressor, ainda em 1567; isto , no anno seguinte quelle em que se estabeleceu por sua conta, continuava a dar como sde da sua typographia o mesmo sitio: detrs de nossa senhora da Palma. Assim se l, com effeito, no fim da Chronica do valoroso principe e invencivel capito Jorge Castrioto, de Francisco de Andrade. Era ento j impressor delrey nosso senhor. No continuou, porm, ahi. Do facto ficou testemunho no depoimento de Pero Alberto, flamengo, seu obreiro, que a 5 de novembro de 1571 declarava seu mestre estabelecido no Arco dos Carangueijos, se no Arco do Caranguejo, simplesmente.[19] A indicao preciosa, porque nos mostra quem foi o successor da viuva de Germo Galharde, da qual adiante nos occuparemos com tal qual individuao. VI Ao imprimidor Marcos Borges seguem-se, no codice que estamos examinando, os seus dois confrades Manoel Joo e Francisco Corra, encontrados, este na freguezia de Santa Justa, aquelle, na de S. Christovo. Manoel Joo o primeiro, e delle e da sua actividade industrial vamos dar os breves respigos por ns colhidos nas duas interessantes e eruditas monographias de Tito [24] de NoronhaA Imprensa Portugueza, e Ordenaes do Reino, ambas referidas ao seculo XVI.[20] Manoel Joo exerceu a sua arte entre os annos de 1565 e 1578. Destes quatorze annos, porm, os dois primeiros occupou-os o impressor em Lisba, transferindo-se aps a Vizeu, onde trabalhou durante os seguintes dz. Em 1576, provavelmente, Manoel Joo ter voltado a esta capital, publicando nella, datados deste mesmo anno, os Diesisiete coloquios, de Baltazar Collazos. De 1578 em diante, desapparece. Dever ter sido limitada, e pouco sortida, a actividade industrial deste impressor, accrescendo que as obras sahidas do seu prlo no se distinguem por perfeitas. Para o facto concorria tambem o canado tipo de que disps, e o papel em que imprimiu. A decadencia da Arte comeava a accentuar-se. Dos dois primeiros annos do estabelecimento de Manoel Joo em Lisba conhece-se, impressa no anno de 1565, a 4. ed. das Ordenaes do Reino, dada a lume, como as anteriores, por mandado rgio[21]. Esta edio foi feita custa do livreiro Francisco Fernandes, e ser o mesmo que referimos no Cap. II ter encontrado estabelecido na [25] Travessa da porta travessa da Madalena; isto , por perto da actual calada do Correio Velho. No anno seguinte dava o nosso impressor a lume a segunda edio da Primeira Parte da Chronica dos Menores, como lembrmos em uma das notas do Cap. IV. A esta obra seguiu-se a Orao na trasladao dos ossos de Affonso de Albuquerque, e depois os Artigos das Cizas, edio geralmente desconhecida de nossos bibliographos, e de que Tito de Noronha menciona tres exemplares; o da livraria de Lord Stuart, e os de dois amadores do Porto[22]. Em Vizeu, onde Tito conjectura se estabelecera Manoel Joo, a convite do bispo D. Jorge de Atayde, deu este impressor, em 1569, o Compendio de Confessores, e no anno seguinte as Regulae Cancellariae, de Pio V. Tal a noticia abreviada da actividade officinal de Manoel Joo. Cumpriria agora ver como se exprimiu Bastio de Lucena, o escrivo da voluntaria imposio, graas qual nos foi possivel ajuntar as poucas noticias que constituem o assumpto de nossas singelas notas, ao lanar no volumoso codice que estamos compulsando, o nome deste impressor entre os fintados da freguezia de S. Christovo. Antes, porm, importa que o benevolo leitor nos consinta um breve relance topographia lisbonense, [26] da epoca a que pertence o interessante Livro do Lanamento que temos examinado. Ver-se-ha no ser sem motivo a digresso. VII Quem percorrer as to bem ordenadas listas da viao pblica parochial lisbonense, impressas no Summario de Christovo Rodrigues de Oliveira, com as suas tres categorias de becos, ruas e travessas perfeitamente distinctas, e os seus sessenta e dois Postos que nam sam ruas, onde o auctor, ou os que taes listas organisaram, accommodam os sitios, os adros das parochias, os arcos, as varandas, os terreiros, ficar de todo illudido, se cuidar que tudo na vida administrativa de Lisba se passava com regularidade to exemplar, em pleno seculo XVI, que todos os habitantes da famosa cidade lhe conheciam as vias pblicas, destrinando-as umas das outras, como hoje o fazemos, por suas exactas denominaes e categorias, sem ser preciso designa-las por signaes, ou auxiliar-se de referencias mais ou menos complicadas, para lhes descreverem a marcha itineraria. A prova de que tal regularidade no passou dos roles que os parochos de Lisba ministraram ao guarda-roupa do Arcebispo, por ordem deste, e Christovo fez imprimir aps as noticias que a dando das differentes freguezias, est neste codice que temos manuseado, e de que vamos dando noticia a nossos benignos leitores. No breve espao dos quinze annos que medeiam entre a data que costume attribuir curiosa obra do solcito famulo do prelado lisbonense, o Livro do Lanamento, do Archivo Municipal (1551-1565), um grande numero de vias pblicas de todas as tres categorias se haviam aggregado s quinhentas [27] e vinte e uma, de que o Summario pretende dar a conta, no em somma total, mas em sommas parciaes, referidas a cada qual das tres categorias[23]. Estava no seu auge o facto que a Miscellanea de Garcia de Resende commemora; Lisboa vimos crescer Em povos e em grandeza. E muito se nobrecer Em edificios, riqueza. Lisba desenvolvera-se a olhos vistos, e uma nova remodelao do territorio parochial, diviso unica, de tal qual regularidade por ento em vigor, e essa mesma mais para o ecclesiastico, do que para o civil, estava imminente. [28] Ora, desde o 1. de janeiro de 1560 que a freguezia de Santa Catharina do Monte Sinay encetava, pelo funccionamento da sua parochia, a srie de providencias, que o Cardeal Infante resolvera promover, para instituir mais cinco freguezias na cidade, recortando-as no territorio das vinte e quatro j existentes, segundo lembrmos no comeo destas singelas Notas. Pois bem: cinco annos depois de ter comeado a funccionar esta parochia, ainda a grande maioria das vias pblicas que lhe sulcavam o territorio careca de denominaes, ou os lanadores, freguezes nella, e que haviam formado os roes da voluntaria derrama, lh'os no conheciam. A calada do Congro[24] ahi figura j, na verdade, substituindo se denominao bem mais pictoresca de que dispusera, de calada da Boa Vista, no tempo em que, seguindo os roes de Christovo, a vemos mencionada na freguezia de Nossa Senhora do Loreto, cujo territorio, [29] j no comeo da segunda metade do seculo XVI, alcanava at o Valle das Chagas. Nascera igualmente a Rua do Conde, que em nossos dias mandaram appelidar Travessa do Caldeira[25], a Bica do Bello, de 1551, apparece j em 1565 com a denominao com que ficou, de Rua da Bica de Duarte Bello, Ferno Rodrigues de Almada d o seu appelido rua que ainda agora conserva tal nome, proximo antiga Cruz de Pao, desde 1885, Rua do Marechal Saldanha. Em compensao, porm, os roes dos sacadores falam-nos de 4 ruas que vo das Chagas para Santa Catharina, assim como de 2 outras que vo por detrs de Santa Catharina, uma para a Costa, outra para o Valle, e destas seis no em nenhuma maneira facil fixar a situao. Por outro lado, se conjecturamos que a rua dereita [~q] vai p'la calada do congro abaixo seja a actual rua do Sol, a rua da Cruz para Santa Catharina a actual rua do Marechal Saldanha, a rua que vai da cruz da esperana para as casas de Christovo de mello a actual rua dos Mastros, e assim como estas, outras ruas ou travessas, apenas indicadas por informaes, nem sempre estas, se se pretendesse fazer um estudo comparativo local, seriam faceis de precisar. Ora, consoante a taes exemplos, tirados, alis, do territorio [30] parochial de uma freguezia incipiente, muitos outros se offerecem neste codice, dispersos por diversas freguezias, e at por algumas das mais antigas. Mas no s isto. Palpita-nos que certas vias pblicas das listas de Christovo passaram a ser indicadas por differentes designaes, o que se explicaria pela decadencia da respectiva determinante. Exemplos deste facto ha-os, at bem mais recentes. A calada de Damio de Aguiar, do seculo XVII, passou a ser denominada calada do Lavra (alis Lavre), quando os Lopes de Lavre, do Concelho Ultramarino, vieram, pela infallivel lei das renovaes, e consequentes substituies, a entrar na posse do palacio e ermida que haviam pertencido quelle desembargador; construco que frma a esquina esquerda da referida calada, sobre a rua de S. Jos. Outra calada, a de Salvador Corra de S, trocou o nome pelo de S. Joo Nepomuceno, quando os religiosos protegidos pela rainha D. Maria Anna de Austria fundaram o seu hospicio, daquella invocao, nas abas occidentaes do monte de Santa Catharina. De outras vias pblicas do codice em exame se pode inferir que se haja obliterado a significao do nome que as distinguia, visto como evidente que Bastio de Lucena, o escrivo desta derrama, lhes desfigurou as denominaes, com a mesma inconsciencia com que deformou o nome do velho Joo Blavio de Agripina Colonia. Uma viela, para exemplo; uma viela que recordava o appelido de certo parente do arcebispo de Genova, Agostinho Salvago, e que viera estabelecer-se em Lisba, apparece-nos transformada por Lucena em "Beco da Salvaje, e assim outras mais. Do mesmo modo que ha, em summa, no Livro do Lanamento muitas vias pblicas no mencionadas [31] no Summario do guarda-roupa, ha neste livro noticia de grande numero de outras, de que aquelle codice no conservou memoria. Torna-se, pois, a conciliao entre os roes do Summario, e a nomenclatura da viao daquelle repositorio difficil, e no se consegue que sia perfeita. A impossibilidade de identificao manifesta. VIII Somos assim chegados ao ponto que nos levou precedente digresso. Onde, em que rua, travessa ou beco, apparece fintado, na freguezia de S. Christovo, o imprimidor Manoel Joo? O titulo desta freguezia l-se no alto da fol. 406, v.o do volumoso codice, redigido nos seguintes textuaes termos: T.o da freguezia De san XpuoComea o primeiro rol No chan Dalcamin pera a costa[26]. [32] Vae seguindo o recenseamento, e a fls. 407 l-se: Duas ruas [~q] comeo De san Xpuo pera san Loureno. No v.o desta folha, e no alto della, assentou Bastio de Lucena o 8. lanamento ......Buy Now (To Read More)

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Ebook Number: 24657
Author: Brito, Gomes de
Release Date: Feb 20, 2008
Format: eBook
Language: Portuguese

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