Poesias

Poesias Title: Poesias Author: A. A. Soares de Passos Release Date: June 13, 2012 [EBook #39992] Language:...
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Author: Passos, A. A. Soares de (Antonio Augusto Soares),1826-1860
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Title: Poesias Author: A. A. Soares de Passos Release Date: June 13, 2012 [EBook #39992] Language: Portuguese Credits: Produced by Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) POESIAS POESIAS POR A. A. SOARES DE PASSOS QUINTA EDIO PORTO EM CASA DE CRUZ COUTINHO--EDITOR Caldeireiros, 18 e 20 1870 TYPOGRAPHIA DO JORNAL DO PORTO Rua Ferreira Borges, 31 A CAMES Ai do que a sorte assignalou no bero Inspirado cantor, rei da harmonia! Ai do que Deus s geraes envia Dizendo: vae, padece, teu fadario, Como um astro brilhante o mundo o admira, Mas no v que essa chamma abrazadora Que o cerca d'esplendor, tambem devora Seu peito solitario. Pairar nos cos em alteroso adejo, Buscando amor, e vida, e luz, e glorias, E vr passar quaes sombras illusorias Essas imagens de fulgor divino: Taes so vossos destinos, poetas, Almas de fogo que um vil mundo encerra; Tal foi, grande Cames, tal foi na terra Teu misero destino. [6] A cruz levaste desde o bero campa: Esgotaste a amargura at s fezes: Parece que a fortuna em seus revezes Te mediu pelo genio a desventura. Combateste com ella como o cedro Que provoca o rancor da tempestade, Mas cuja inabalavel magestade Lhe resiste segura. Foste grande na dr como na lyra! Quem soube mais soffrer, quem soffreu tanto? Um anjo viste de celeste encanto, E aos ps cahiste da viso querida... Engano! foi um astro passageiro, Foi uma flr de perfumado alento Que ao longe te sorriu, mas que sedento Jmais colheste em vida. Sob a couraa que cingiste ao peito Do peito ancioso suffocaste a chamma, E foste ao longe procurar a fama, Talvez, quem sabe? procurar a morte. Mas, qual onda que o naufrago arremessa Sobre inhospita praia sem guarida, A morte crua te arrojou vida, E s injurias da sorte. [7] De praia em praia divagando incerto Tuas desditas ensinaste ao mundo: A terra, os homens, t o mar profundo Conspirados achavas em teu damno. Ave canora em solido gemendo, Tiveste o genio por algoz ferino: Teu alento immortal era divino, Perdeste em ser humano: Indicos valles, solides do Ganges, E tu, gruta de Macau, sombria, Vs lhe ouvistes as queixas, e a harmonia D'esses hymnos que o tempo no consome. Foi l, n'essa rocha solitaria, Que o vate desterrado e perseguido, patria ingrata, que lhe dera o olvido, Deu eterno renome. Cantemos! disse, e triumphou da sorte. Cantemos! disse, e recordando glorias, Sobre o mesmo theatro das victorias, Bardo guerreiro, levantou seus hymnos. Os desastres da patria, a sua quda Temendo j no meditar profundo, Quiz dar-lhe a voz do cysne moribundo Em seus cantos divinos. [8] E que sentidos cantos! d'Ignez triste Se ouve mais triste o derradeiro alento, Ensinando o que pde o sentimento Quando um seio que amou d'amores canta; No brado heroico da guerreira tuba O valor portuguez sa tremendo, E o fero Adamastor com gesto horrendo Inda hoje o mundo espanta! Mas ai! a patria no lhe ouvia o canto! Da patria e do cantor findava a sorte: Aos dous juraram perdio e morte, E os dous juntaram na manso funerea... Ingratos! ao que alando a voz do genio Alm dos astros nos erguera um solio, Decretaram por louro e capitolio O leito da miseria! Ninguem o pranto lhe enxugou piedoso... Valeu-lhe o seu escravo, o seu amigo: Dae esmola a Cames, dae-lhe um abrigo! Dizia o triste a mendigar confuso! Homero, Ovidio, Tasso, estranhos cysnes, Vs que sorvestes do infortunio a taa, Vinde depr as c'ras da desgraa Aos ps do cysne luso! [9] Mas no tardava o derradeiro instante... O raio ardente que fulmina a rocha, Tambem a flr que n'ella desabrocha, Cresta, passando, co'as ethereas lavas: Que scena! em quanto ao longe a patria exangue Aos alfanges mouriscos dava o peito, De misero hospital n'um pobre leito, Cames, tu expiravas! Oh! quem me dera d'esse leito beira Sondar teu grande espirito n'essa hora, Por saber, quando a mgoa nos devora, Que dr pde conter um peito humano; Palpar teu seio, e n'esse estreito espao Sentir a immensidade do tormento, Combatendo-te n'alma, como o vento Nas ondas do oceano! O amor da patria, a ingratido dos homens, Natercia, a gloria, as illuses passadas, Entre as sombras da morte debuxadas, Em teu pallido rosto j pendido; E a patria, oh! e a patria que exaltras N'essas canes d'inspirao profunda, Exhalando comtigo moribunda Seu ultimo gemido! [10] Expirou! como o nauta destemido, Vendo a procella que o navio alaga, E ouvindo em roda no bramir da vaga D'horrenda morte o funeral presagio, Aos entes corre que adorou na vida, Em seguro baixel os pe a nado, E esquecido de si morre abraado Aos restos do naufragio: Assim, da patria que baixava tumba, Em cantos immortaes salvando a gloria, E entregando-a dos tempos memoria, Como em gigante pedestal segura: Patria querida, morreremos juntos! Murmurou em accento funerario, E envolvido da patria no sudario Baixou sepultura. Quebrando a louza do feral jazigo, Portugal resurgiu, vingando a affronta, E inda hoje ao mundo sua gloria aponta Dos cantos de Cames no eterno brado; Mas do vate immortal as frias cinzas Esquecidas deixou na sepultura, E o estrangeiro que passa em vo procura Seu tumulo ignorado. [11] Nenhuma pedra ou inscripo ligeira Recorda o gran cantor... porm calemos! Silencio! do immortal no profanemos Com tributos mortaes a alta memoria. Cames, grande Cames, foste poeta! Eu sei que tua sombra nos perda: Que valem mausolus ante a cora De tua eterna gloria? [12] O OUTOMNO Eis j do livido outomno Pesa o manto nas florestas; Cessaram as brandas festas Da natureza lou. Tudo aguarda o frio inverno; J no ha cantos suaves Do montanhez, e das aves, Saudando a luz da manh. Tudo triste! os verdes montes Vo perdendo os seus matizes, As veigas os dons felizes, Thesoiro dos seus casaes; Dos crestados arvoredos A folha scca e myrrhada, Cahe ao spro da rajada, Que annuncia os vendavaes. [13] Tudo triste! e o seio triste Comprime-se a este aspecto; No sei que pezar secreto Nos enluta o corao. que nos lembra o passado Cheio de vio e frescura, E o presente sem verdura Como a folhagem do cho. Lembra-nos cada esperana Pelo tempo emmurchecida, Mil aureos sonhos da vida Desfeitos, murchos tambem; Lembram-nos crenas fagueiras Da innocencia d'outra idade, Mortas luz da verdade, Creadas por nossa me. Lembram-nos doces thesoiros Que tivemos, e no temos; Os amigos que perdemos, A alegria que passou; Lembram-nos dias da infancia, Lembram-nos ternos amores, Lembram-nos todas as flres Que o tempo vida arrancou. [14] E depois assoma o inverno, Que lembra o glo da morte, Das amarguras da sorte Ultima gota fatal... por isso que estes dias Da natureza cadente, Brilham n'alma tristemente Como um cyrio funeral. Mas animo! aps a quadra De nuvens e de tristeza, Despe o luto a natureza, Revive cheia de luz: Aps o inverno sombrio, Vem a florea primavera, Que novos encantos gera, Nova alegria produz. Os arvoredos despidos Se revestem de folhagem; Ao spro da branda aragem Rebenta no campo a flr; Tudo ao vl-a se engrinalda, Tudo se cobre de relva, E as avesinhas na selva Lhe cantam hymnos d'amor. [15] Animo pois! como terra, Tambem nua existencia, Vem, aps a decadencia, s vezes tempo feliz; E a vida gelada, esteril, Que o spro da morte abala, Desperta cheia de gala, Cheia de novo matiz. Animo pois! e se acaso Nosso destino inclemente, Em vez de jardim florente, Nos aponta o mausolo; Se a primavera do mundo J morreu, j no se alcana, Tenhamos inda esperana Na primavera do co! [16] O NOIVADO DO SEPULCHRO BALLADA Vae alta a lua! na manso da morte J meia noite com vagar soou; Que paz tranquilla! dos vaivens da sorte S tem descano quem alli baixou. Que paz tranquilla!... mas eis longe, ao longe Funerea campa com fragor rangeu; Branco phantasma, semelhando um monge, D'entre os sepulchros a cabea ergueu. Ergueu-se, ergueu-se!... na amplido celeste Campeia a lua com sinistra luz; O vento geme no feral cypreste, O mocho pia na marmorea cruz. Ergueu-se, ergueu-se! com sombrio espanto Olhou em roda... no achou ninguem... Por entre as campas, arrastando o manto, Com lentos passos caminhou alm. [17] Chegando perto d'uma cruz alada, Que entre os cyprestes alvejava ao fim, Parou, sentou-se, e com a voz magoada Os eccos tristes acordou assim: Mulher formosa que adorei na vida, E que na tumba no cessei d'amar, Porque atraias desleal, mentida, O amor eterno que te ouvi jurar? Amor! engano que na campa finda, Que a morte despe da illuso fallaz: Quem d'entre os vivos se lembrra ainda Do pobre morto que na terra jaz? Abandonado n'este cho repousa Ha j tres dias, e no vens aqui... Ai quo pesada me tem sido a lousa Sobre este peito que bateu por ti! Ai quo pesada me tem sido! e em meio, A fronte exhausta lhe pendeu na mo, E entre soluos arrancou do seio Fundo suspiro de cruel paixo. Talvez que rindo dos protestos nossos, Goses com outro d'infernal prazer; E o olvido, o olvido cobrir meus ossos Na fria terra, sem vingana ter! [18] --Oh nunca, nunca! de saudade infinda Responde um ecco suspirando alm... Oh nunca, nunca! repetiu ainda Formosa virgem que em seus braos tem. Cobrem-lhe as frmas divinaes, airosas, Longas roupagens de nevada cr; Singela c'ra de virgineas rosas Lhe cerca a fronte d'um mortal pallor. No, no perdeste meu amor jurado: Vs este peito? reina a morte aqui... j sem foras, ai de mim, gelado, Mas inda pulsa com amor por ti. Feliz que pude acompanhar-te ao fundo Da sepultura, succumbindo dr: Deixei a vida... que importava o mundo, O mundo em trevas sem a luz do amor? Saudosa ao longe vs no co a lua? --Oh vejo, sim... recordao fatal! --Foi luz d'ella que jurei ser tua, Durante a vida, e na manso final. Oh vem! se nunca te cingi ao peito, Hoje o sepulchro nos reune emfim... Quero o repouso do teu frio leito, Quero-te unido para sempre a mim! [19] E ao som dos pios do cantor funereo, E luz da lua de sinistro alvor, Junto ao cruzeiro, sepulchral mysterio Foi celebrado, d'infeliz amor. Quando risonho despontava o dia, J d'esse drama nada havia ento, Mais que uma tumba funeral vazia, Quebrada a lousa por ignota mo. Porm mais tarde, quando foi volvido Das sepulturas o gelado p, Dous esqueletos, um ao outro unido, Foram achados n'um sepulchro s. [20] DESEJO Oh! quem nos teus braos podra ditoso No mundo viver, Do mundo esquecido no languido goso D'infindo prazer. Sentir os teus olhos serenos, em calma, Fallando d'alm, D'alm! d'uma vida que sonha minha alma Que a terra no tem. Eu dera este mundo, com tudo o que encerra, Por tal galardo: Thesouros, e glorias, os thronos da terra, Que valem, que so? A sde que eu tenho no morre apagada Com tal aridez: Podsse eu ganhal-os, e iria seu nada Depr a teus ps. [21] E s desejando mais doce victoria, Dizer-te: eis-aqui Meu sceptro e sciencia, thesouros e gloria: Ganhei-os por ti. A vida, essa mesma daria contente, Sem pena, sem dr, Se um dia embalasses, um dia smente, Meu sonho d'amor. Isenta do lao que ao mundo nos prende, A vida que val? A vida s vida se o amor n'ella accende Seu doce fanal. Aos mundos que eu sonho podsse eu comtigo, Voando, subir; Depois, que importava? depois no jazigo Sorrira ao cahir. [22] BOABDIL ULTIMO REI MOURO DE GRANADA De Granada nas torres j se ergue O pendo de Castella temido; Boabdil, o rei mouro vencido, Deixa a terra em que ha pouco reinou. Do Padul s alturas chegado, Fez parar o seu timido bando, E o corcel andaluz volteando Taes adeuses patria mandou: Ai Granada, l ficas entregue Para sempre aos guerreiros de Christo! Quem teus fados houvera previsto, sultana de tanto poder? Acabou-se o dominio dos crentes N'este solo to bello de Hespanha; No ha fora de heroica faanha Que nos possa das ruinas erguer. [23] De Toledo, de Cordova, e Murcia, De Jan, de Baza, e Sevilha, Eras tu, gentil maravilha, Que inda as glorias fazias lembrar. E perdemos-te, flr do occidente, Do Xenil princeza formosa! E curvamos a fronte orgulhosa Ns, os filhos valentes d'Agar! Deus o quiz! nossa raa punindo Fez baixar o seu anjo da morte, E das iras d'Allah no transporte Baqueou nossa altiva nao! Nossos odios civis nos perderam, N'este abysmo fatal nos lanaram, E nem mesmo o valor nos deixaram De morrermos com nosso pendo. guerreiros das eras passadas, Vencedores da Hespanha descrida, L n'esse eden feliz da outra vida, Vossas faces cobri de rubor! Este brao que ousou vossos louros Arrastar ante os ps de Fernando, No ousou n'este peito nefando Embeber um punhal vingador! [24] Deshonrado, do throno banido, Que me resta por sorte futura? Uma vida cobarde e obscura No paiz em que outr'ora fui rei... Nunca, nunca! o destino contrario D'alm-mar nosso bero me aponta: L irei resgatar-me da affronta, L dos bravos a morte haverei. Para sempre adeus pois, Granada! Adeus, muros, e torres vermelhas Que brilhaes como vivas centelhas Nas verduras de tanto jardim! Adeus, paos e fontes d'Alhambra! Adeus, altas, soberbas mesquitas! E vs, thronos das luas proscriptas, Comares, forte Albaicim! Para sempre, ai, adeus! t morte Vivers n'este peito, Granada! Mas debalde, manso adorada, Que estes olhos jmais te ho de vr... Acabou-se o dominio dos crentes N'este solo to bello de Hespanha; No ha fora de heroica faanha Que nos possa das ruinas erguer. [25] Disse, e o pranto nas faces corria Do rei mouro, dos seus que restavam. Longe ao longe as trombetas soavam Em Granada j feita christ: Era o canto d'alegre triumpho Em redor dos pendes de Fernando; Era o grito d'Allah desterrando Das Hespanhas os crentes do Islm. [26] CANO Que noite d'encanto! Que lucido manto! Que noite! amo tanto Seu mudo fulgor! Oh! vem, donzella; No temas, bella, Que noite s vela Quem sonha d'amor. A luz infinita Dos astros, crepita, Arqueja e palpita, Serena a brilhar: Assim o teu seio, De casto receio, De timido enleio, Costuma pulsar. [27] A lua, qual chamma, Que os seios inflamma, Fanal de quem ama, Desponta no co; E a nitida fronte Retrata na fonte, E estende no monte Seu candido vo. E a fonte murmura Por entre a verdura, E ao longe d'altura L desce a gemer: Que sons, que folguedos! Parece aos rochedos Dizer mil segredos D'infindo prazer. Silencio! o trinado L solta enlevado, Das noites o amado, Da selva o cantor; E o hymno que enta No bosque resa, E ao longe reva Gemendo d'amor. [28] O facho da lua Co'a sombra fluctua, Avana e recua No cho do jardim; Nas azas da aragem, Que agita a folhagem, Recende a bafagem Da rosa e jasmin. Que noite d'encanto! Que lucido manto! Que noite! amo tanto Seu mudo fulgor! Oh! vem, donzella; No temas, bella, Que noite s vela Quem sonha d'amor. [29] PATRIA AO MEU AMIGO A. C. LOUSADA (1852) Esta a ditosa patria minha amada. Cames--Lus. Esta a ditosa patria minha amada! Este o jardim de matizadas flres, Onde os cos com a terra abenoada Rivalisam nas galas e primores. Este o paiz das tradies brilhantes, Onde cresceu a palma da victoria, Onde o mar conta s praias sussurrantes Longinquos feitos d'extremada gloria. Esta a nao de laureada frente, Esta a ditosa patria minha amada! Ditosa e grande quando foi potente, Hoje abatida, sem poder, sem nada. [30] Patria minha, que tens, que em desalento Vergas a fronte que alterosa erguias? Porque fitas o glido moimento, Perdida a fora dos antigos dias? Que fizeste do genio destemido Com que domavas esse mar profundo, E sorrias das vagas ao rugido, Ignotas praias descobrindo ao mundo? Onde est esse vasto capitolio De tuas glorias, o soberbo oriente, L onde erguida em triumphante solio Empunhavas teu sceptro refulgente? Ento eras tu grande! os reis da terra Derramavam-te aos ps os seus thesouros; O mar saudando teus pendes de guerra, Gemia ao pso de teus verdes louros. Ento de lanas e d'heroes cercada, Avassallando a India e a Africa ardente, A cada golpe da valente espada Mais uma palma te adornava a frente. Ento prostradas mil hostis phalanges, Retumbava o fragor de teus combates Desde as praias de Ceuta alm do Ganges, Fazendo estremecer o Nilo e Euphrates. [31] Ento eras tu grande! hoje esquecida, Um ecco apenas de teu nome sa; Nos braos da victoria adormecida, Perdeste o sceptro e a magestosa c'ra. Os fortes pulsos entregaste aos laos Da tyrannia e rude fanatismo, E descahidos os potentes braos, Caminhaste sem foras ao abysmo. Um livro apenas te ficou, triste, Por epitaphio da passada gloria; Tudo o mais acabou, j nada existe De tanto resplendor, mais que a memoria. Das quinas os pendes j no revoam, Aguias altivas, sujeitando os mares; Teus gritos de victoria, ai! j no soam Na Lybia e nos gangeticos palmares. Naes obscuras quando o mundo inteiro J tuas glorias aprendido tinha, Vendo apagado teu ardor guerreiro, Arrancaram teu manto de rainha. E repartindo entre ellas seus pedaos, E soltando depois feroz risada, Disseram ao passar, cruzando os braos: Oh! como essa nao jaz aviltada! [32] E teus heroes nas tumbas inquietos, Vendo insultadas tuas altas glorias, Agitaram seus frios esqueletos, Despedaando as lapides marmoreas. E cada qual das pregas do sudario, Erguendo a dextra que empunhra a lana, De p sobre o jazigo funerario, Com torva indignao bradou: vingana! Debalde! ao vrem sem valor as quinas, Elles murmuram nas geladas campas: Tu, quem sabe? ditosa te imaginas, E em tua historia mil baldes estampas. Nao que dormes do sepulchro borda, Ergue-te, surge como outr'ora ovante! Teu genio antigo, teu valor recorda, E aprende n'elle a caminhar vante! Se longos annos d'oppresso funesta Te pesaram na fronte hoje abatida, No seio de teus filhos inda resta Fogo bastante para dar-te vida. Longe da senda que gerou teu damno, Desata o vo por espaos novos; E o ardor que te levou alm do oceano, Alm te levar dos outros povos. [33] Ah! possa, possa ainda a meiga aurora D'esse dia feliz brilhar-me pura! Possa esta lyra, que teus males chora, Dar-te cantos de gloria e de ventura! Mas ah! se negra pagina sombria Tens de volver em teus crueis fadarios, Se o archanjo das ruinas ha de um dia Pairar sobre os teus restos solitarios: Terra da minha patria, ouve o meu brado, Se inda da vida me restar o alento, Tu que foste meu bero idolatrado, S minha tumba em teu final momento! [34] ROSA BRANCA Eu amo a rosa branca das campinas, A branca rosa que ao soprar do vento Languida verga para o cho pendida. Como a rosa dos valles, pura e bella Nos campos da existencia ella floria, Como a rosa dos valles que inda envolta No orvalho da manh, desdobra o calix Ao sol nascente, perfumando as auras. A idade das paixes mal despontava Em seu meigo horisonte. Estava ainda No declinar da melindrosa infancia, D'essa quadra feliz em que a existencia sonho encantador, em que os momentos Se deslizam na vida como as aguas De brando arroio, humedecendo os prados. Mas quo formosas j, quo seductoras, Por entre as graas da mimosa infancia, As graas juvenis lhe transluziam! [35] Com as socias da infancia ao vl-a s tardes Vagando em seu jardim, vs a dissereis A aucena viosa entre as boninas, Ou, entre os lumes da siderea noite, A estrella da manh. E, todavia, Ignorava o poder de seus encantos: No mundo que a cercava, outras imagens, Outros amores no sonhava ainda, Alm de sua me que a idolatrava, De seu pequeno irmo, de suas flres. E eu amava aquelle anjo como se amam Os sonhos d'innocencia d'outra idade, Ou como essas vises, que nos enlevam, De mundos d'harmonia a que aspiramos. Vi-a uma vez, ao descahir da tarde, No jardim assentada ao p da fonte, Olhando o tenro irmo, que em seu regao Depozera as boninas que ajuntra. No regao tambem, junto das flres, Repousava, serena dormitando, A pomba que ella amava, e que sem medo Viera procurar to doce ninho. Nunca a meus olhos se mostrou to bella, To cheia d'innocencia. D'alvas roupas Suas frmas angelicas cingidas, Se desenhavam, em gentil contorno, Nas verdes murtas que o jardim ornavam: [36] Parecia qual cysne repousando Entre a verdura, de seu lago beira. Uma rosa nevada, como as roupas, Lhe adornava as madeixas cr da noite, As formosas madeixas que n'essa hora Contrastavam mais negras, e mais bellas, Co'a leve pallidez que reflectia, Em seu rosto adoravel e sereno, O claro melancolico da tarde. Com terna languidez a face meiga Recostava na mo, curvado o brao, Em quanto com a outra ora afagava Sua pomba querida, ora os cabellos Compunha ao doce infante, que, sorrindo, Uma aps outra lhe mostrava as flres. Ao vl-a assim formosa, ao vr o grupo Que fazia com ella o par mimoso, A mente arrebatada afigurou-m'a Celeste archanjo que baixra ao mundo A recolher as oraes da tarde, E que o infante e a pomba achando juntos, E a innocencia do co vendo na terra, Dos irmos se esquecra e alli ficra. Archanjo d'innocencia, ai foge, foge! No te illuda este mundo onde poisaste, Este mundo fallaz, de ti indigno, Que tuas azas de brancura estreme [37] Com seu veneno talvez manche um dia. Archanjo d'innocencia, ai foge! foge! Procura teus irmos, reva patria! E fugiu, e voou. No mesmo sitio, Uma tarde tambem junto da fonte, A me a foi achar ssinha e triste. A suas plantas uma rosa branca Jazia desfolhada: era das flres A flr que mais queria. Ao vr ao lado A me que idolatrava, estremecra. Pobre innocente! receiou acaso No poder por mais tempo disfarar-lhe Seu cruel padecer. A ardente febre Lhe devorava o seio, e no gemia. Mas seu dia chegava... A exhausta fronte Lhe pendeu sem alento, e immersa em pranto, No regao da me sumiu a face, Que j cobria a pallidez da morte. Tres dias depois d'este a flr mimosa Que as grinaldas celestes invejavam, Cahia desfolhada no sepulchro. Eu amo a rosa branca das campinas, A branca rosa que ao soprar do vento Languida verga para o cho pendida. [38] ENFADO Dos homens ai quem me dera Longe, bem longe viver! Junto de mim s quizera, Como eu sonho, um anjo ter. Que esse anjo surgisse agora, E o mundo folgasse embora Em seu nefando prazer. Que vista! cede a innocencia voz do crime traidor; Folga a devassa impudencia, Nas faces no ha rubor. Traz o vicio a fronte erguida, E a virtude, sem guarida, Geme transida de dr. [39] Vo ao templo da cubia, Vo todos sacrificar: Consciencia, f, justia, Tudo lhe deixam no altar. Devora-os a sde d'ouro; O seu deus um thesouro, Porque o viver gosar. E que importa que o infante Morra fome, e o ancio? Que importa que gema errante O proletario, sem po? Oh! que importa que o talento Esmorea ao desalento? Que val do genio o condo? Proclamou-se a lei do forte: A lei do fraco gemer. Ai do triste a quem a sorte Fez entre espinhos nascer! um dogma a tyrannia, A liberdade heresia, A servido um dever. [40] Que tempos, que tempos estes! Quem ha de viver assim N'um mundo que rasga as vestes Do justo, no seu festim? Quem ha de? mas esperana! Um dia foge, outro avana, E a redempo vem no fim. Hoje, porm, quem me dera Longe dos homens viver! Junto de mim s quizera, Como eu sonho, um anjo ter. Que esse anjo surgisse agora, E o mundo folgasse embora Em seu nefando prazer. [41] ANHELOS Que immenso vacuo n'este peito sinto! Que arfar eterno de revolto mar! Que ardente fogo, que jmais extincto Smente afrouxa para mais queimar! Ai! esta sde que meu peito rala, Talvez a apague mundanal prazer: Alli ao menos poderei fartal-a, Ou n'um lethargo sem paixes viver. Mas d'essa taa j provei... no quero! Quero deleites que inda no senti... A lucta, os riscos d'um combate fero! Talvez encantos acharei alli. [42] A lucta, os riscos, em aco travadas Guerreiras hostes disputando o cho; O sangue em jorros, o tinir d'espadas, O fumo e o fogo do voraz canho! Alli os gsos d'um feroz delirio, luz das armas, sentirei em mim, Ou n'uma d'ellas o funereo cyrio Que paz dos mortos me conduza emfim. Mas no, no quero sobre a terra escrava A vis tyrannos immolar o irmo... O mar, o mar, que em sua furia brava Ninguem domina com servil grilho! O mar, o mar! sobre escarcos revoltos Em fragil lenho fluctuar me apraz, Ao som das vagas e dos ventos soltos, E das centelhas ao claro fugaz. Alli sorrindo da feroz tormenta, E dos abysmos que me abrir aos ps, Dentro d'esta alma de prazer sedenta Sublime gso sentirei talvez. Mas o mar livre tem um leito ainda Que os meus anhelos poder soster... O espao, o espao! na amplido infinda Talvez que possa o corao encher. [43] O espao, o espao! qual ligeiro vento Irei lanar-me n'esse mar sem fim, E a longos tragos aspirar o alento, Sentir a vida que desejo em mim... Ora aguia altiva, desprezando o solo, O rei dos astros buscarei ento, Ora entre as neves do gelado polo Voarei nas azas do veloz tufo. Mas solitario, sem cessar errante, De que valra na amplido correr?... A gloria, a gloria, que em painel brilhante Me off'rece a imagem d'um maior prazer! A gloria, a gloria! mil trophos ganhados, Mil verdes palmas e laureis tambem; Triumphos, c'ras e sonoros brados Da turba-- elle!--repetindo alm... Ento em sonhos d'uma vida infinda Verei a chamma d'immortal pharol, Que em meu sepulchro resplandea ainda, Bem como a lua quando morto o sol. Mas no, que a inveja com a voz mentida A luz em sombras poder tornar... O amor, o amor, que redobrando a vida, A vida n'outrem me far gosar! [44] O amor, o amor, celestial perfume Que a mo dos anjos sobre ns verteu, Doce mysterio que n'um s resume Dous pensamentos aspirando ao co! O amor, o amor, no mentiroso incenso Que em frios labios s no mundo achei, Mas immutavel, mas sublime e immenso Qual em meus sonhos juvenis sonhei... O amor! s elle poder n'esta alma Risonhas crenas outra vez gerar, De minha sde mitigar a calma, E inda fazer-me reviver, e amar. [45] O FILHO MORTO No povo d'alm da serra Vai a noite em mais de meio, E a pobre da me velava Unindo o filhinho ao seio. Acorda, meu filho, acorda, Que esse dormir no teu; como o somno da morte O somno que a ti desceu. Tarda-me j um sorriso Nos teus labios de rubim; Acorda, meu filho, acorda, Sorri-te ledo p'ra mim. Mas o infante moribundo Em seu regao expirou; E a me o cobriu de beijos, E largo tempo chorou. [46] Em seu pequeno jazigo Dous dias chorou tambem; Ao terceiro o sino triste Dobrou morte d'alguem. E noite no cemiterio Outro jazigo se via: Era a me que ao p do filho Na sepultura dormia. [47] SOCRATES J proximo do occaso vae descendo O sol ao mar inquieto, Os moribundos raios estendendo Nas alturas do Hymeto; E Socrates, sentado sobre o leito, Inda aos alumnos falla, No silencio geral notando o effeito Da razo que os abala. A verdade sublime lhes revela Em palavras ignotas, Suaves como a voz de Philomela, Ou do cysne do Eurotas. Cebes, o proprio Cebes emmudece, Simmias j no duvida: Nos olhos do inspirado resplandece Um Deus e a eterna vida! [48] Mas o sol expirava: era o momento Que Athenas decretra: Cumpre os deuses vingar: o sabio attento morte se prepara. Os discipulos tremem contemplando O dia j no resto; Eis o servo dos onze entra chorando No carcere funesto. O circulo cruzando, a bronzea taa A Socrates estende; O philosopho a empunha com a graa Que nos festins resplende. Ergamos, disse, nossa prece quelle Que ao longe nos convida, Por que seja feliz por meio d'Elle A viagem temida. E aproximando intrepido e sereno A liquida cicuta, Como nectar a esgota, e do veneno Entrega a taa enxuta. Um lamento geral, um s transporte Percorre em torno o bando Dos alumnos fieis, chorando a sorte Do mestre venerando. Apollodoro geme; succumbindo, Criton lhe corresponde; Phdon abaixa os olhos, e carpindo No manto o rosto esconde. [49] Elle sem vacillar, elle smente, Sorrindo turba anciada; Amigos, que fazeis? um sol fulgente Me luz em nova estrada. De presagios felizes rodeemos Os ultimos instantes! Chore quem no tem f: ns que j crmos, Ns sejamos constantes! Disse, e deixando o leito em que jazia Sereno move o passo, Que o veneno lethargico devia Obrar pelo cansao. Das grades se aproxima, olha o Parthnon, Olha os muros d'Athenas, O Phalro, o Pireu e as que lhe acenam Regies so serenas; Olha os cos, olha a terra, a luz do dia Expirando nas vagas, E de harmonias taes se ergue harmonia De mais ditosas plagas. Depois, volvendo ao leito, diz a tudo O adeus da dspedida; Cobre o rosto c'o manto, e aguarda mudo O instante da partida. O veneno progride, e j do effeito Redobra a intensidade; Dos membros se apodera, sobe ao peito, E o corao lhe invade. [50] Estremeceu! do gelido trespasse Era emfim a agonia... O executor lhe descobriu a face: Socrates no vivia! Triumpha, cega Athenas, ao martyrio O sabio condemnaste, E d'olympicos deuses no delirio A razo engeitaste; voz do Areopgo, voz de ferro Suffocaste a doutrina: A verdade succumbe, a sombra do erro No mundo predomina. Mas que estrella futura se levanta Rasgando a escuridade? Que palavra resa, e o mundo espanta Prgando a alta verdade? elle, elle, o promettido s gentes Na voz das prophecias! Curvae, geraes, curvae as frentes Ao verbo do Messias! [51] A*** Acaso s tu a imagem vaporosa Que me sorriu nos sonhos d'outra idade, Como a luz da manh sorri formosa Nos espaos azues da immensidade? s tu esse astro que minha alma anhela, Que debalde busquei no mar da vida, Qual busca o nauta bonanosa estrella No meio da procella enfurecida? Ah! se s esse ente que meu ser domina, Se s essa estrella que meu fado encerra, Se s algum anjo da manso divina Pairando sobre a terra; J que baixaste a mim, j que a meu lado Me apontaste sorrindo o ethereo vo, No me deixes na terra abandonado, Transporta-me ao teu co! [52] ULTIMOS MOMENTOS DE ALBUQUERQUE AO MEU AMIGO A. AYRES DE GOUVEIA Companheiros, sinto a morte Pairando j sobre mim; Cessaram vaivens da sorte, Deso terra, d'onde vim... Do calix da desventura Eis esgotada a amargura; No leito da sepultura Terei descano por fim. Terei: a campa um asylo Que ao impio deve aterrar, Mas eu dormirei tranquillo Sob a lagea tumular. Eu... desgraado, que digo! Nem l espero um abrigo, Que os meus restos no jazigo Iro talvez insultar. [53] Murmurando: aqui repousa Um desleal portuguez, Iro partir minha lousa, Meu nome calcar aos ps: E o guerreiro que descana No poder, por vingana, Brandir na dextra uma lana, Cingir ao peito um arnez... Quaes foram, rei, os meus crimes Para haver tal galardo? Por que a fronte assim me opprimes Com a tua ingratido? De vis intrigas cercado Ouviste seu impio brado. E sobre as cans do soldado Lanaste negro baldo. No merecia tal premio Quem debaixo d'este co, Da roxa aurora no gremio, Um novo imperio te deu; Quem custa d'uma vida Nas batalhas consumida, Ante as quinas abatida A India inteira rendeu. [54] Por dar-te a c'ra brilhante Que em tua fronte reluz, Fiz a meus ps arquejante Cahir a opulenta Ormuz; Malaca sentiu meu raio, E em Ga, roto o Sabaio Entre o sangue, entre o desmaio, Alcei o pendo da cruz. Ento desde o Nilo ao Ganges Cem povos armados vi, Erguendo torvas phalanges Contra mim e contra ti; Vi os filhos do deserto Em ondas rugindo perto; Mas com ferro em campo aberto s suas iras sorri. Contra as lanas portuguezas A India luctou em vo, Que em troca d'ouro e riquezas Veio comprar seu grilho. Aos golpes de meus soldados Vi seus thronos abalados, Vi ante mim ajoelhados Reis d'Onor e de Sio. [55] Mas d'Asia no pde o ouro Cegar-me com seu fulgor, Porque a honra o thesouro Dos meus passados, senhor. Eu quiz adornar-te a frente C'um diadema refulgente: Ganhei o sceptro do Oriente, E a teus ps o fui depr. N'esses campos de batalha Onde audaz o conquistei, Das armas sob a mortalha Porque exangue no findei? Entre os louros da victoria Morrra ao menos com gloria; Do teu soldado a memoria No a manchras, rei. Eu desleal?! se meus brados Podem chegar at vs, Erguei-vos, restos sagrados De meus extinctos avs! Erguei-vos da campa fria, E com sangue, luz do dia, Lavae a ndoa sombria Que arrojaram sobre ns! [56] Eu desleal... mas ao mundo Que vale queixas mandar? As vozes d'um mo ......Buy Now (To Read More)

Product details

Ebook Number: 39992
Author: Passos, A. A. Soares de (Antonio Augusto Soares)
Release Date: Jun 13, 2012
Format: eBook
Language: Portuguese

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