Silva Porto e Livingstone

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Silva Porto e Livingstone - manuscripto de Silva Porto encontrado no seu espólio Title: Silva Porto e...
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Author: Porto, António Francisco Ferreira da Silva,1817-1890
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Silva Porto e Livingstone - manuscripto de Silva Porto encontrado no seu espólio

Title: Silva Porto e Livingstone Subtitle: manuscripto de Silva Porto encontrado no seu esplio Author: Antnio Francisco Ferreira da Silva Porto Release Date: January 3, 2009 [EBook #27691] Language: Portuguese Credits: Produced by Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) Nota de editor: Devido existncia de erros tipogrficos neste texto, foram tomadas vrias decises quanto verso final. Em caso de dvida, a grafia foi mantida de acordo com o original. No final deste livro encontrar a lista de erros corrigidos. Rita Farinha (Jan. 2009) Sociedade de Geographia de Lisboa SILVA PORTO E LIVINGSTONE MANUSCRIPTO DE SILVA PORTO ENCONTRADO NO SEU ESPOLIO LISBOA Typographia da Academia Real das Sciencias 1891 Sociedade de Geographia de Lisboa SILVA PORTO E LIVINGSTONE MANUSCRIPTO DE SILVA PORTO ENCONTRADO NO SEU ESPOLIO LISBOA Typographia da Academia Real das Sciencias 1891 Este trabalho foi encontrado entre os papeis do illustre sertanejo portuguez que deram entrada na Sociedade de Geographia de Lisboa, depois da morte d'elle. Foi escripto no Bih em 1868. Convm ter sempre em vista esta circumstancia e esta data. APONTAMENTOS SOBRE A OBRA DO EX.MO SR. D. JOS DE LACERDA EXAME DAS VIAGENS DO DR. DAVID LIVINGSTONE POR UM PORTUENSE Leitor Uma das testemunhas avocadas na obra do ex.mo Sr. D. Jos de Lacerda, devo explicaes sobre muitos dos seus artigos, pois que a recusa d'ellas, seria crime de lesa-nao, em aggravo do bom nome portuguez. O reverendo dr. David Livingstone mereceu, sem duvida, a cora que seus concidados lhe votaram pelos servios prestados n'estas partes de Africa; no entretanto, fora confessal-o, ella foi desfeita pelo illustre viajante, visto havel-a manchado com a peonha da calumnia. Quiz chegar aos fins importando-se pouco com os meios. Em abril ou maio de 1853, no dia em que teve noticias minhas, um raio que lhe cahisse proximo no causaria a impresso que lhe produziu semelhante nova, porque, necessariamente havia de comprehender que, mais cedo ou tarde, teria de se achar em face de um competidor, obscuro pelo seu fraco talento, sim, mas testemunho vivo de prioridade nos mesmos logares em que o dr. se julgava com direito a chamar-se o primeiro europeu que os visitou. Ella no me pertence inteiramente, certo, visto que outras pessoas percorreram esses mesmos logares antes de mim e muito antes do illustre viajante, mas pertence-me de facto, pois que essas pessoas eram enviadas por mim, existiam, e existem ainda, presentemente, no maior numero, ao meu servio: umas naturaes de Loanda, outras de Golungo-alto, outras de Ambaca, outras de Pungo-andongo, outras, finalmente, do Bih. O illustre auctor do Exame no tem porventura provado at evidencia que ella pertence desde epocha remota aos portuguezes? Mas, modernamente, pelo que me diz respeito, e em relao ao illustre viajante, creio no estar em erro dizendo que, a prioridade no interior do continente Africano minha. [8] Para o provar poderia reportar-me epocha de 1840; mas como no pretendo exaggerar nem sequer allegar servios, trarei unicamente para a arena a data de 1845, da primeira viajem ao Lui, muito anterior appario do illustre viajante e seus companheiros, em 1 de agosto de 1849, no lago Ngami, percorrendo ento, as pessoas que acabo de designar, o Rianbeje em todas as direces, como adeante terei occasio de mostrar. Oppondo muitos nomes quelles de que se serve o illustre viajante para designar coisas e pessoas, no fao mais do que servir-me dos termos empregados pelos indigenas, a fim de designar essas mesmas coisas e pessoas, visto que pela maior parte, se forem interrogados sobre o assumpto, no obstante darem por alguns, outro tanto no acontecer em relao a outros; e nem fao mais do que servir-me da orthographia da minha lingua materna, bem assim como o illustre viajante usou da liberdade de se servir da sua. Outro tanto no direi da situao geographica dos logares aqui indicados, attendendo a que no so marcados com a bussola, mas sim segundo a posio em que nasce e se pe o sol; para me subtrahir a taes inconvenientes dirigi a carta que abaixo segue ao illustre viajante, julgando-o ento em Rinhande. Hoje mesmo, que o governo portuguez se delibere a enviar uma pessoa pratica nas sciencias naturaes e geographicas, e eu, com muito gosto me promptifico a acompanhal-a a todas as paragens d'esta parte da Africa para o indicado fim, que ser o unico meio de pr termo, de uma vez por todas, a invectivas menos justas de naturaes e estranhos. Eis a carta a que me refiro. Meu illustre amigo. Bih, 22 de setembro de 1861. Os grandes heroes que a historia proclama, a mr parte das vezes o so, assolando a terra, e devastando a raa humana. A esses, pois, tal titulo significa uma blasfemia! Em identicas circumstancias, mas por frma diversa, que por certo maior gloria, ao vosso zelo, perseverante vontade, e custa de immensos sacrificios a prol das sciencias, e a favor da humanidade, ella com justia e verdade, vos ter de acclamar de seu heroe. Poderei ser to feliz que tenha a dita de vos tornar a vr? Se assim se verificar desde j ponho a minha gente s ordens do meu illustre amigo, para estas paragens, e n'ellas, ou mesmo para qualquer parte que pretenda seguir, a minha pessoa fica desde j tambem sua disposio. Assigno-me com toda a considerao De V. S.a Amigo attencioso Antonio Francisco Ferreira da Silva Porto Disse e repito que, o illustre viajante quiz chegar aos fins importando-se pouco com os meios; vejamos se assim no . A carta que acabo de transcrever e que lhe dirigi julgando encontral-o em Rinhande, a confirmao plena da minha boa vontade, [9] quando, puz os meus bons servios sua disposio. A tel-os acceitado, a sua misso seria completa, porque eu levava-o, facilmente, s nascentes dos seguintes rios: Riambeje, Quango, Cubango, Cunene, Quanza, e outros que vo desaguar no atlantico ao sul de Loanda at Benguella. Regeitou, porque no quiz que uma segunda pessoa partilhasse tal gloria, muito principalmente sendo essa pessoa estranha sua nacionalidade; preferiu occupar-se exclusivamente, e mais de espao, em pintar com sombrias e carregadas cres, o hediondo quadro dos incorrigiveis traficantes de carne humana; da sua prioridade no descobrimento do interior do continente Africano, e finalmente na pregao da Biblia, como palavra descida do Co. Deixou o rio Lunga, affluente do Cabombo, e esteve na povoao do soba Machico. Devia de saber alli que d'esse local nascente do Riambeje, apenas se contam dez dias de viagem, como affirma o actual soba do paiz, que por vezes foi caa dos elephantes para essas partes; parece-me que valia a pena accrescentar esses dias na ambicionada viagem de Loanda, embora se tornasse mais demorada, a fim de marcar com preciso a latitude e longitude da nascente do manancial de mais longo curso, conhecido aqui em Africa, se que o rio Cubango se no dirige para o mar, e pe termo sua carreira no lago Ngami, como a opinio do illustre viajante. Proseguiu vante, deixando tudo em trevas, como quer fazer acreditar aos olhos do mundo civilisado, fazendo-nos passar por inteiramente ignorantes; e note o illustre viajante que falo em marcar com preciso, e no em descobrir o que ha muito j se acha descoberto. Poderia eu dirigir-me s nascentes d'esses mananciaes que ficam descriptas a fim de que se viesse no conhecimento das suas verdadeiras origens, mas attendendo a que a sciencia exige mais alguma cousa, alm de uma simples descripo, por este motivo tenho desistido da empreza aguardando que de futuro pessoa competente na materia, venha resolver o problema. Pondo remate a esta minha introduco, peo indulgencia para algumas phrases menos mal cabidas, que porventura se encontrem no decurso dos meus apontamentos; mas, sendo ellas to amiudadas na descripo que o illustre viajante nos apresenta, seria necessaria a paciencia de um santo para deixar de respostar ao p da lettra. Lui, 14 de setembro de 1868 Antonio Francisco Ferreira da Silva Porto Principiaremos pelas nossas coisas, e vem a ser que, tratando o illustre auctor do Exame a ps. 12, das misses, diz o que segue: A extinco das ordens religiosas, e com ella a de todas as misses, foi perda irreparavel para as nossas possesses africanas, que tanto podiam e deviam ter com ellas aproveitado. As funestas consequencias esto-se experimentando, e desde logo tinham de prever-se: de certo, porque de todo o ponto fra de duvida que, misses regularmente constituidas, e d'onde hajam a esperar-se effectivos e avantajados resultados, s por via das corporaes religiosas podem obter-se. O que, n'este intuito, podem fazer as corporaes religiosas, s ellas podem fasel-o, porque s ellas podem preparar, escolher e ter mo, mediante os votos monasticos, os obreiros mais competentes; as condies to especiaes, proporcionadas pelos votos, mormente pelo da obediencia, no ha nenhum outro modo de serem suppridas. por isso que tanto fizeram outr'ora os nossos missionarios em uma e outra Africa, e na India, e na America, e na China, e no Japo, e na Cochinchina, e em toda a parte; e por isso tambem que to pouco tem feito quaesquer outros missionarios no pertencentes s congregaes religiosas: estes vo aonde querem ou aonde podem, aquelles aonde os mandam: para estes, tudo so estorvos e tropeos, para aquelles, sem familia, sem bolsa e sem vontade propria, no ha obstaculo, porque obdecem: estes hesitam, porque deliberam; aquelles obram, porque no carecem de resolver-se. etc. Assim o creio no que diz respeito s misses, visto que os missionarios que ento existiam pelas colonias nada tinham com a politica seguida na metropole, no dizendo outro tanto dos seus ultimos tempos em Portugal, porque os factos praticados pelos membros de que se compunham as differentes ordens religiosas durante o periodo de 1828 a 1833, so de todos conhecidos, e foram o que deram causa sua extinco. Os ministros que representam Jesus Christo na terra devem occupar-se unicamente da misso sagrada do seu ministerio, e no de negocios mundanos, inteiramente em desharmonia com ella. [12] indubitavel o incremento do nosso poder no interior d'este vasto continente, sob a aco das misses, e a sua decadencia depois da extino d'ellas; o Bih gozou dos seus beneficos effeitos tendo por capito-mr Antonio Francisco da Conceio e Mattos, nomeado em 11 de maio de 1791, no governo de Manuel de Almeida e Vasconcellos,[1] e a misso dirigida por um barbadinho italiano, que celebrava os officios Divinos n'uma casa apropriada ao fim, na povoao do dito Mattos, baptizou grande numero de sertanejos que ao tempo existia no paiz, uns naturaes da Europa, e outros do Brazil, outros finalmente indigenas, mas todos portuguezes, ministrando egualmente o mesmo Sacramento, a grande parte do povo Bihano, o qual, na falta de sacerdote no seu territorio, tem por habito receber o baptismo na cidade de S. Filippe de Benguella. Em 1842 conheci egualmente n'esta cidade o seu vigario (padre Manoel), que tambem exerceu o ministerio no Bih, e em Caconda. A sua benefica influio devia de ter chegado s terras da Lunda, Luvar e Lui, attendendo a que os habitantes d'estas regies so to sociaveis como o povo Bihano, no se podendo dizer outro tanto em relao a grande parte da tribu Quimbunda, a que pertence a Bihana, visto que os quimbundos se conservam no estado primittivo de selvagens, e bem assim a raa Ganguella, cuja familia se pode dizer composta de diversas tribus, como aquella. Finalmente, venham missionarios para as nossas possesses, mas missionarios portuguezes. Com o intuito de se reparar o erro, foi restaurado o collegio de S. Jos do Bombarral, sendo do dever do governo lanar vistas para assumpto to momentoso, a querer que conservemos a importancia que nos compete como nao de grande considerao colonial. A paginas 30 e 31 o seguinte: Vou occupar-me do lago Ngami, um dos descobrimentos de que to grande alardo fez o dr. Livingstone. No capitulo 3. l-se a pag. 65 o seguinte: Doze dias depois que nos apartmos dos wagons em Ngabisane chegamos extremidade nordeste do lago Ngami; e no 1. de agosto de 1849 descemos todos bacia do lago, e, pela primeira vez, observaram europeus este magnifico lano de agua. Sendo interrogado pelo illustre viajante sobre se conhecia o Cubango, respondi affirmativamente, ao que retorquiu alimentar o lago mencionado; disse eu ento que no omittia opinio segura, mas que me parecia no limitar-se ao lago unicamente, visto ser um rio de grandes dimenses. No dia 22 de maio de 1846 digo o seguinte: Continumos a viagem, e fomos fazer quilombo nos mattos, na margem direita do rio Cutato dos Mangoias. Caminho plano, mattos fechados, em partes, em outras despovoado de arvoredo, falta de riachos, terreno fertil. Uma hora de marcha distante d'esta paragem, existem as nascentes de dois rios caudalosos: Rio Cutato dos Mangoias, dirigindo o seu curso para [13] o norte a desaguar no rio Quanza, e o rio Cubango, dirigindo o seu curso para o sul a desaguar no mar para o nascente. Ora, comprehendendo as vertentes d'este grande manancial at ao lago Ngami, no quero discutir se com effeito ahi o seu termo, ou se segue vante como acabo de transcrever no trecho acima da minha Viagem, no citado anno, cidade de Benguella, o que fica para ser resolvido por pessoas competentes, mas sim fazer ver que os portuguezes de Quilengues, desde antiga data, mantem no interrompido commercio pelo interior para o sul e sueste, comprehendendo o lago em questo. Os portugueses de Caconda, Quingollo, Galangue, e Caquingue, s mais tarde que principiaram de transitar para esses mesmos logares; e finalmente os portuguezes do Bih; todas as paragens do interior d'este vasto continente, desde antiga data, e at ao presente teem sido, e so por elles percorridas em no interrompido commercio com os indigenas. Em virtude do que, no teem razo de ser a pretenso do illustre viajante descoberta do lago, visto que em setembro de 1841, achando-me na cidade de Benguella, ahi encontrei j grande movimento commercial para as terras que acabo de designar: e para que parte seguiriam essas fazendas, a no ser para esses logares que ficam indicados? Regressando ao Bih n'esse mesmo mez e anno, o mesmo presenciei, e para que parte seguiria esse commercio, a no ser para o Ribebe, e terras circumvisinhas, Ganguellas, Luvar e Lunda, onde a concorrencia era immensa para cera, marfim e escravos, mas com especialidade para estes ultimos, pelas grandes vantagens que ento se davam, mas que tinham de ter termo como todas as cousas o teem n'este vae-vem terrestre? E a concorrencia continuou de affluir terra da Lunda, depois d'elle; porque no obstante a extinco do trafico, sempre foi um grande mercado de marfim, explorado de antiga data pelo povo de Cassange; da mesma sorte a terra j citada do Ribebe e circumvisinhas, situadas nas vertentes do Cubango; em identicas circumstancias as terras da grande familia Ganguella sob diversas denominaes, que no obstante a extinco do trafico, sempre se tornaram uns grandes mercados de cera, n'umas, e d'este mesmo producto e marfim, egualmente, em outras. Finalmente, temos as diversas terras da grande familia Quimbunda, tambem sob diversas denominaes, cujo commercio consta unicamente de escravos, e que em virtude da sua visinhana ao litoral, sempre foram habitadas, de antiga data, por europeus que n'ellas fixaram residencia, e hoje por seus filhos, netos e bisnetos, sobrepujando a todas, a terra do Bih, grande centro de todo o commercio do interior, na epocha em que o trafico era licito, e annos depois por contrabando at 1845. Ellas no bastavam a abastecer o mercado do litoral, e os sertanejos porfia procuravam e percorriam as terras que acabamos de designar para o indicado fim: acabado o trafico hediondo da escravatura, pelos principios philantropos e humanitarios, assim chamados, so da mesma frma procuradas as terras do interior, onde apparece a cera e o marfim. Que fosse pois at essa epocha, que o illustre viajante nos quizesse expor censura geral como entes desmoralisados, v: advertindo que, [14] ainda lhe restava a presumpo do parallelo entre portuguezes e inglezes; considerando que estes depois do aprisionamento de qualquer navio negreiro, conduziam os desgraados africanos para as suas possesses, e no os vendiam por toda a vida, e por preos fabulosos, como faziam os infames contrabandistas, mas sim por uma modica quantia e por um determinado espao de tempo no fim do qual, o filho de Africa se tornava livre! Mas presentemente, e tanto de espao tratar de uma questo que se pde dizer extincta, parece incrivel que a tanto se aventurasse! Esteve no meu estabelecimento em Catongo: quantas correntes cheias de infelizes encontrou? Se tal se desse teria materia de sobejo para um volume. E se me desviei do assumpto que me tinha proposto, de mostrar a prioridade dos portuguezes no lago Ngami, assim era de necessidade a fim de mostrar que para a permutao de escravos no era necessario sahir de territorio Quimbundo do anno de 1845 por deante. A paginas 62 sobre a mosca tse-tse,os Macorrollos do-lhe a denominao de Zeze, o povo Lui d-lhe a denominao de Madinda, e finalmente, o povo Bihano d-lhe a denominao de Bisumangalla ou Apopullo,eis o que digo a respeito d'este insecto damninho, no dia 26 de junho de 1853: Continumos a viagem, e fomos fazer quilombo nos mattos, logar denominado Maranhati. Caminho plano, mattos fechados, terreno fertil, legoas andadas 6, rumo de sul. Encontrmo-nos com tres grandes manadas de gado, que se dirigiam com destino a Quiceque e Rinhande, tendo sahido poucos dias antes da minha partida da capital do Lui. Seguiam pois os conductores munidos de escudos e azagaias, pelos lados do gado, este, formando o centro, carregando, sobre a cabea, e ligado entre a armao, os couros preparados, e que servem de cobertura aos mesmos pastores; seguindo manso e vagaroso, o som do apito de um unico pastor como guia, na sua frente: os chefes da comitiva seguiam por ultimo, para que no se desgarrasse alguma creao. Quando chegam na margem de alguma lagoa ou rio, tiram os couros que o gado conduz, e este principia de pastar, isto pelo espao de duas horas, pouco mais ou menos, tempo em que o geral do povo se entrega a tomar tabaco, a fumar, a comer, e finalmente ao descano; e, ao cabo de cujo espao tornando de pr os utensilios em cima dos animaes, continuam a marcha encetada, que, no maior rigor, no excede jmais a cinco horas diariamente, excepto por certas e determinadas paragens, nas quaes se torna indispensavel a marcha nocturna, em consequencia de uma mosca de mordedura venenosa que, sendo em grande abundancia se torna o flagello (do gado) visto seguir-se a morte ao cabo de determinado periodo. Por estas paragens denominada de Zeze, e pelos bihanos de Bisumangalla; um pouco mais comprida que a mosca ordinaria, mas muito mais dura de pelle, pois que para se matar necessario pizal-as com os ps, bem assim, andar o viajante munido de ramos nas mos para as afugentar do corpo, pelos mesmos logares Quando chegam na margem de alguma lagoa ou rio, tiram os couros que o gado conduz, e este principia de pastar, isto pelo espao de duas horas, pouco mais ou menos, tempo em que o geral do povo se entrega a tomar tabaco, a fumar, a comer, e finalmente ao descano; e, ao cabo de cujo espao tornando de pr os utensilios em cima dos animaes, continuam a marcha encetada, que, no maior rigor, no excede jmais a cinco horas diariamente, excepto por certas e determinadas paragens, nas quaes se torna indispensavel a marcha nocturna, em consequencia de uma mosca de mordedura venenosa que, sendo em grande abundancia se torna o flagello (do gado) visto seguir-se a morte ao cabo de determinado periodo. Por estas paragens denominada de Zeze, e pelos bihanos de Bisumangalla; um pouco mais comprida que a mosca ordinaria, mas muito mais dura de pelle, pois que para se matar necessario pizal-as com os ps, bem assim, andar o viajante munido de ramos nas mos para as afugentar do corpo, pelos mesmos logares onde se tornam abundantes. [15] Verificada a occasio da marcha nocturna, um pastor na frente, servindo de guia, e tangendo uma frauta, o mais povo dos lados, e na retaguarda os chefes com ties accesos, fecham o sequito de uma numerosa manada de gado; logo que chegam no logar destinado para o curral, este feito n'um momento, de paus e ramos das arvores, que cortam para o indicado effeito: no centro repousa o gado, em circulo, e encostado ao cerco o mais povo da comitiva para evitar qualquer assaltada do rei das selvas, e em virtude do que no deixam de velar continuamente. N'essa occasio, levando a cavalgadura do meu uso, por me livrar de um excesso, vim a cahir no excesso contrario: livrei-me de um, deixando de costear o Riambeje por causa dos rios seus affluentes que forosamente tinha de passar em canoas, e cuja passagem se tornava perigosa para ella; deixando por esse motivo de visitar a catarata Chungo ou Mosioatunia cuja descoberta ento teria a regalia de disputar ao illustre viajante, mas no assim aos meus concidades, fosse qual fosse a sua cr e condio;comtudo, visitei-a mais tarde como terei occasio de mostrare cahindo por consequencia no excesso contrario por causa da mosca de que acabo de falar, visto que fui obrigado a deixar ficar a cavalgadura no dia 30 d'esse mesmo mez e anno, n'uma das povoaes do povo Guete, fazendo por tal motivo a jornada a p d'esse local para Rinhande, e vice-versa, para o que me no achava preparado. A paginas 71 o seguinte: Contando-nos a sua marcha para o interior do continente africano, e o seu encontro com Sebituane, celebre chefe indigena, em o esboo que desveladamente d'elle nos bosquejou, diz o dr. Livingstone: Tendo conquistado todas as convisinhanas do lago Kumadau (Mculadau), ouvio fallar dos homens brancos, que viviam na costa occidental; e esporeado pelo que parece ter sido o sonho de toda a sua vida, o desejo de abrir communicao com os brancos, passou ao sudoeste. Mais adeante se l: Sebituane (Xabitane?) formou o designo de descer o Zambeze at s terras dos homens brancos. Tinha a ida fixa, que no sei d'onde lhe viera, de que, se possuisse uma pea de artilharia, lhe seria possivel viver em paz. Sebituane passara a vida na guerra, e todavia ninguem mostrava desejar a paz tanto como elle. Um propheta o persuadiu a voltar de novo para oeste. Aquelle homem, por nome Tlapano, era chamado Senoga, isto , que trata com deuses... Tlapano apontando para o oriente, exclamou: Alli, Sebituane, vejo fogo: evita-o: fogo que pode abrazar-te. Os deuses dizem que no vas alli. Voltando-se para o oeste, exclamou: Vejo uma cidade e uma nao de homens negros, homens da agua: o seu gado vermelho: a tua tribu est a acabar, e toda ser destruida: tu has de governar os homens negros, e depois que os teus guerreiros tiverem captivado o gado vermelho, no consintas que os donos d'elle sejam mortos. So elles a tua futura tribu, elles ho de formar a tua cidade. Sejam poupados, para que te obriguem a edifical-a. E tu, Ramosini, sabe que a tua alda ser totalmente arruinada. Se Mokari se apartar d'aquella alda elle perecer primeiro, e tu, Ramosini, perecers ao depois. Com respeito a si proprio accrescentou. Os deuses foram causa de que outros homens tivessem agua para beber; porm a mim s me concederam a pessima bebida do chakuru (rhinoceros.) Chamam-me para si. No posso demorar-me mais. [16] Disse que para provar a nossa prioridade ao illustre viajante, traria unicamente para o caso a data de 1845 da primeira viagem ao Lui, o que passo a demonstrar. A minha perigrinao por estas paragens data de 1840, tendo partido da Cidade de S. Paulo d'Assumpo de Loanda; porm em 1841, dirigindo-me cidade de S. Filippe de Benguella, como j tive tambem occasio de dizer, os meus commissionados dirigindo-se pelas terras do interior que ficam designadas, passavam e repassavam o Riambeje, no dominio da Lunda, e nas terras dos Ganguellas; o ponto a que se dirigiam era para a terra do Lutembo, povo asss turbulento, e mescla das tribus Bunda e Zambueira, com o intuito de se obter passagem para a terra do Lui, j de grande nomeada pelas amiudadas incurses que fasia o seu povo s terras circumvisinhas a fim de se assenhorear do gado que na epocha abundava por todas. Eram taes as maravilhas que circulavam d'esta California em prespectiva, que se tornava necessario l chegar, fossem quaes tivessem de ser os sacrificios a fazer. O soba Cabitta, ento senhor da dita terra, ou porque quizesse o exclusivo do mercado do marfim que negociava com o soba do Lui (Cacoma Mulonga ou Sanduro), e permutava com sertanejos do Bih, semelhantemente ao Jaga de Cassange, com o Matiamvo,ou receioso de ser aggredido mais amiudadamente depois de franqueado o caminho aos da mesma procedencia, certo que sempre se recusou a prestar o seu consenso; porm no anno de 1845, mediante extorses inauditas, e a clausula de dois empregados que foram constrangidos de ficar comprando os generos por preos fabulosos, foram abertas as portas de par em par comitiva para a terra da promisso, e obtida esta primeira conquista, restava ainda outra de no menos difficil empenho e vinha a ser o pr termo as excessos do senhor de Lutembo, visto que as extorses se foram grandes na ida, se tornaram muito maiores no regresso, exigindo-se dentes de marfim como tributo da passagem concedida para o Lui. Prompta, pois, a comitiva para a partida, recommendei ao seu chefe, Francisco Monteiro da Fonseca, um diario da dita viagem, e bem assim, procurar por todos os meios ao seu alcance, passagem para o Lui que no fosse a da terra j citada. No anno de 1847, na segunda viagem dita terra, eis o que digo a este respeito: A terra do Lui propriamente dita, habitada presentemente pelo povo Genge, (synonymo de audacioso, posto pelos indigenas aos Macorrollos, e pelo qual se ficou denominando o paiz,) o qual se assenhoreou do paiz pela imbecillidade do soba Riumbo, antigo senhor do mesmo. Este se bem que tarde conhecesse a sua fraqueza, jmais quiz ser tributario d'aquelles a quem o havia entregue, e por esse motivo, expatriando-se, com parte do seu povo, se veiu refugiar n'esta terra denominada Locullo, antigamente sua tributaria, e hoje sua crte, denominada Lui. O soba Riumbo tem seguros sessenta annos de idade, e no obstante a mesma, ainda no depz as armas de guerreiro, pois se tarde conheceu a sua fraqueza entregando o paiz aos seus inimigos; presentemente no lhes tem cedido um palmo de terra. paiz de grande [17] extenso, com immensas terras que lhe so tributarias, cujos sobas seguidos do seu povo, annualmente vem prestar tributo ao soba Riumbo, com os seguintes generos: marfim, escravos, canoas, pelles de todas as qualidades, mantimentos, carnes de caa, peixe, mel e sal; no ha gado domestico de especie alguma, visto que o possuido antigamente, ficou em poder do povo Genje; a unica creao domestica que possuem so gallinhas. pois este povo, d'entre o geral do gentio, de costumes simples e no corrompidos; o unico instincto que possuem o de Deus e nada mais: usam trajar pelles dos differentes animaes bravios, as quaes so por elles mui bem preparadas; as suas armas, so: arcos e frechas, lanas curtas e compridas. Pelo que diz respeito ao soba Cabitta, as coisas continuaram da mesma frma, e relativamente a buscar differente caminho, no foi possivel persuadir os Bihanos para tal fim. No anno de 1849, da terceira viagem, falleceu o soba Riumbo, succedendo-lhe seu primogenito Machico, e de cujo acontecimento nenhum damno resultou para os viajantes, attendendo boa indole do povo, e attendendo egualmente ao estylo seguido alli tambem:Morreu o rei: Viva o rei.pois que o defunto soba no passa alm de vinte e quatro horas insepulto, e o herdeiro j existe occupando o seu logar, passando por consequencia o acontecimento desapercebido como qualquer outro. As extorses do soba Cabitta, j para com as pessoas da comitiva, j para com dois empregados que de rigor eram obrigados de ficar, como tive occasio de dizer, continuavam da mesma maneira, dando logar n'esta occasio a ter eu de lanar mos das armas para repellir do quilombo o dito soba e a turba de que se fazia acompanhar a fim de lhes infundir respeito aos viajantes; para evitar taes disturbios aquelles se fitavam mutuamente, concorrendo cada um com o peculio indispensavel, e em proporo das fazendas que cada contribuinte recebia da minha mo, e depois de entregue, segundo o preo imposto pelo insaciavel e turbulento soba, e de bem examinados todos os objectos, respondia este: agora sim, esto desempedidos; podem seguir viagem quando quizerem. No entretanto, estes vexames no eram praticados unicamente na ida; no regresso, apresentava-se o licencioso soba no quilombo exigindo dentes de marfim de tributo, e segundo o que cada pessoa conduzia, visto que assistindo passagem da comitiva no rio Lutembo, em cuja margem esquerda se acha situada a libata grande, que vem a ser a povoao principal ou chefe da terra, contava e recontava as cargas de marfim que do porto eram conduzidas para o abarracamento, dizendo sem rebuo em tal acto, que era para que o no enganassem; tornava-se necessario pr termo a taes excessos, mas, como vamos vr, a um acaso providencial se deve semelhante successo. No anno de 1850, da quarta viagem, ainda o soba Cabitta gozou na ida da comitiva o direito de passagem, porm chegando ella na margem direita do Riambeje, como era de costume dispararam-se as armas a fim de dar aviso da chegada de hospedes na terra, e a cujo [18] signal de prompto acudiam os canoeiros; o silencio n'esta occasio, bem assim no dia seguinte, foi a resposta que os viajantes obtiveram; acto continuo formaram conselho sobre o que restava a fazer, e o accordo foi geral de que Machico tinha sido guerreado pelos intrusos visinhos, e por consequencia havia mudado de local, e ento que se devia descer o rio com o intuito de se entabolar negociaes com o chefe dos Macorrollos; para este effeito deram caa a dois pretos da tribu Nhengo, que depois de presos para no fugirem, serviram de guias comitiva at s povoaes de Ribonda, ao noroeste do Riambeje, e situadas na sua margem direita, onde, depois de postos em liberdade e gratificados, regressaram ao logar da sua nacionalidade. Por ordem do chefe do local foi a comitiva impedida, julgando-a povo de invasores, at ulterior deciso da libata grande do paiz, para onde tinham seguido emissarios com a participao da sua chegada, regressando ao cabo de dois dias com outros enviados do soba, a fim de a conduzir para o local que lhe era indicado para fazer o estabelecimento, ou Quibango, como o denominam na lingua Bihana, em frente a Nariere, ento corte do povo Macorrollo no Lui. Esta povoao ficou inteiramente deshabitada depois da revoluo de setembro de 1864, que elevou ao poder Hipopa, actual senhor do paiz, e ultimo filho de Cacoma Mulonga ou Sanduro, muito conhecido do illustre viajante, visto que esteve ao seu servio por concesso de Hiquereto, ento sob o nome de Lutango. Recebeu o chefe da comitiva sua chegada no local, um dente grande de elephante, um boi, e grande poro de mantimento, e no dia seguinte, seguida dos seus companheiros, apresentou-se em Nariere, que, como era de esperar, estava litteralmente apinhada de povo, avido sempre de novidades. Na praa, ou centro da povoao, Hebitane; Pepe, seu logar-tenente no Lui; Hiquereto, seu filho e successor, pastoreando ento o gado n'esse tempo; Borollo, seu irmo; inclusiv as pessoas do sexo masculino da familia, e mais optimatos da tribu assentados em bancos rasos a curta distancia da residencia do soba; os viajantes proximos, e a turba na praa se achava apinhada, como j disse, assentada no cho; sendo recommendado silencio, levantou-se o chefe da comitiva, e no idioma Ganguella deu conta de todas as particularidades relativas viagem; da terra da sua naturalidade; por quem eram enviados, e finalmente as suas intenes de manter relaes de amizade com o chefe do paiz, o q ......Buy Now (To Read More)

Product details

Ebook Number: 27691
Author: Porto, António Francisco Ferreira da Silva
Release Date: Jan 3, 2009
Format: eBook
Language: Portuguese

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