Os dialectos romanicos ou neo-latinos na África, Ásia e América

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Author: Coelho, Adolfo,1847-1919
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Os dialectos romanicos ou neo-latinos na África, Ásia e América

Title: Os dialectos romanicos ou neo-latinos na frica, sia e Amrica Author: Adolfo Coelho Release Date: July 14, 2010 [EBook #33159] Language: Portuguese Credits: Produced by Rita Farinha, Jos Carvalho and the Online Distributed Proofreading Team at https://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by National Library of Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal).) Nota de editor: Devido existncia de erros tipogrficos neste texto, foram tomadas vrias decises quanto verso final. Em caso de dvida, a grafia foi mantida de acordo com o original. No final deste livro encontrar a lista de erros corrigidos. Rita Farinha (Julho 2010) SOCIEDADE DE GEOGRAPHIA DE LISBOA OS DIALECTOS ROMANICOS OU NEO-LATINOS NA AFRICA, ASIA E AMERICA POR F. ADOLPHO COELHO Professor do Curso Superior de Lettras e socio effectivo da Sociedade de Geographia de Lisboa LISBOA CASA DA SOCIEDADE DE GEOGRAPHIA 89, RUA DO ALECRIM, 89 1881 IMPRENSA NACIONAL Extrahido do Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa OS DIALECTOS ROMANICOS OU NEO-LATINOS NA AFRICA, ASIA E AMERICA N'uma conferencia feita ante a Sociedade de Geographia em 16 de fevereiro de 1878 chammos a atteno dos nossos consocios e do publico para as frmas dialectaes particulares que algumas linguas europas e particularmente o francez, o hespanhol e o portuguez, tinham tomado nas colonias e conquistas da Africa, Asia e America. Esses dialectos tem at hoje attrahido muito pouco a atteno dos linguistas, no existindo ainda nenhum trabalho geral sobre elles. Era nosso desejo reunir os materiaes para um trabalho especial sobre os dialectos portuguezes, e um trabalho geral comparativo em que tentassemos determinar as leis de formao d'esses dialectos, formao que se pde por assim dizer estudar no vivo, porque um similhante estudo no poderia deixar de nos ministrar dados importantes sob os pontos de vista glottologico, ethnologico e psychologico. Pedimos n'essa conferencia esclarecimentos, como j o tinhamos feito por outros meios, e os nossos pedidos no foram de todo inuteis. Um mancebo intelligente da ilha de Santo Anto, o sr. Cesar Augusto de S Nogueira, que assistra conferencia, deu-nos todos os materiaes para o estudo que publicmos do dialecto creolo d'aquella ilha. O nosso amigo rev. R. H. Moreton continuou nos seus dedicados esforos para nos obter publicaes no dialecto portuguez de Ceylo, e a elle devemos em grande parte poder dar hoje uma bibliographia j asss consideravel d'essas publicaes e, o que mais, possuil-as, estando assim habilitados para publicar em breve um estudo bastante completo sobre a Grammatica e vocabulario do indo-portuguez. No meio de outros trabalhos mais consideraveis nunca perdemos de vista os dialectos creolos, que havia muito nos interessavam, e fomos assim reunindo [4] uma serie de noticias, em parte simplesmente bibliographicas, cujo conjuncto nos parece offerecer j doutrina sufficiente para constituir materia de um artigo de ensaio. Por mais incompleto que fique o nosso trabalho estamos certos que vem preencher uma lacuna no quadro da glottologia. Fr. Pott no quadro systematico-bibliographico da glottologia que serve de prefacio ao tomo II, 4 das suas Etymologische Forschungen (1870) nem sequer menciona os dialetos creolos; nos livros geraes de Whitney, Max Mller e outros sobre a glottologia em vo se busca uma noticia d'esses to interessantes productos; as opinies expressas por alguns linguistas sobre o caracter d'esses dialectos, so, como veremos, indecisas ou erroneas, ou no apontam os lados por que esses dialectos so mais importantes para o observador. Comprehende-se este facto singular da historia da nossa sciencia quando se sabe que uma parte dos glottologos gastam o seu tempo busca da soluo de problemas ou insoluveis ou cuja chave no est ainda descoberta (etrusco, basco, acadiano, etc.), e outra anda absorvida pelos seus estudos especiaes, sem duvida interessantes e muitas vezes importantes, mas que fazem desviar a atteno de questes de muito maior momento, sendo poucos os que fazem progredir a sciencia de uma maneira sensivel. O nosso ensaio seria muito mais completo se tivessemos maior numero de informaes dos dialectos das nossas colonias e conquistas, e se tivessemos visto diversas publicaes sobre os dialectos similhantes das outras linguas europas, que por diversas causas no podmos examinar. Entre essas causas predominam a raridade de algumas d'essas publicaes e miseravel dotao das nossas bibliothecas, que no lhes permitte comprar seno poucos livros que interessem a um pequeno numero de estudiosos. I. DIALECTOS PORTUGUEZES 1. Creolo da ilha de Santo Anto (archipelago de Cabo Verde) Este dialecto fallado principalmente pela populao de cr e pelas creanas que o aprendem com as creadas e amas negras. Distinguem-se duas frmas: o creolo rachado, creolo fundo, creolo vejo, fallado principalmente no interior da ilha e de que as noticias e documentos que publicmos do conhecimento, e o creolo em que a grammatica portugueza menos ignorada, distinguindo-se quasi unicamente pela pronuncia de algumas palavras ou sons e pelo accento geral. As cartas seguintes foram escriptas por pessoas instruidas que fallam bem o portuguez, mas conhecem bem o creolo rachado. O unico documento verdadeiramente genuino do dialecto de Santo Anto acha-se na serie de adivinhaes que o nosso amigo o sr. S Nogueira nos ministrou. [5] Carta 1. Nha amigo.Cu prssa en scrb s ds fja di papel, qui dentro d's carta en t manda nh. Meu amigo.Com pressa escrevi estas duas folhas de papel que dentro d'esta carta lhe envio. Talvz algun csa, palabra, ou mde nh cr, st rrado. Cuza qn'en c t dubda; pamde p ms crilo qui ns di Cabo Berde n sab, snpre nu t ncontra dificuldade ou enbaro, quel'ora qui n pga na pna p nu scrb na ns lingua. Talvez alguma cousa, palavra ou como quizer, esteja errada. O que no duvido, porque por mais creolo que ns de Cabo Verde saibmos, sempre encontrmos difficuldade ou embarao logo que pegmos na penna para escrevermos na nossa lingua. s culpa c di ns, di gobrno, qui si al b animaba ns na calqur cuza, t oprimno c m scoja di ss empregado, qu' t manda p Cabo Berde. A culpa no nossa, do governo que longe de animar-nos em qualquer cousa, opprime-nos com a m escolha dos seus empregados, que elle manda para Cabo Verde. t faz bn mal, pamde assi t prd tudo amor, tudo stima qu' pd tn na pbo di Cabo Berde. s cuza c s na Cabo Berde, p tudo cbo, unde tn un palmo di chn. En pod flba nh cuzs cho a ruspto di ns gobrno na Cabo Berde, mas paqu? s carta c, sima portugus t fl, di politica, e pamde s en t bira p principio di ns conbersa. sima en staba t fl nh, en c sab si algun cuza st trto ou ml screbdo ns ds fjas di papel; mas c m'inporta c s, e nhu ubi cuss' qu'ent fl nh: Na fja un e na linha binte eu binte un, nhu t l na banda di crilo nha Dna di nha Luca e na banda di portugus nh c t acha nada qui, sima portugus t fl, t corrspondl. Faz bem mal, porque assim perde todo o amor e toda a estima que pde ter no povo de Cabo Verde. Isto no s em Cabo Verde por toda a parte, onde elle tem um palmo de terra. Eu podia dizer-lhe muitas cousas a respeito do nosso governo em Cabo Verde, mas para que? Esta carta no , como dizem os portuguezes, de politica, e por isso volto ao principio da nossa conversao. como lhe estava dizendo, no sei se alguma cousa est errada ou mal escripta n'essas duas folhas de papel; mas no nos importemos com isso, e oua o que lhe digo: Na folha 1 v. e linhas vinte e vinte um, na columna creola nha Dona nha Luzia, e no portuguez no encontro nada que, como dizem os portuguezes, lhe corresponda. Nh sab pamde? pamde s Dna un nme qui na crilo t chomdo nome di cassa, e t custuma pdo n'algun minino fmea. p s nme que s minino t chomado tioqu' grande, ou tioqu' mrr. s uso c s di Cabo Berde, na Brazil tanb t usado, e assi mi conch ghentes cho c nome di Nen, Nhanhina, Nhnha, Sinhrnha, Nhsinhra, Jca, Jca, sin sr ss nome di batismo, ou ss nome di greja. Sabe a raso? porque Dona n'aquelle logar um nome que em creolo se chama nome de casa, e usa-se nas meninas (creanas). por esse nome que ellas so chamadas at maioridade ou at morte. Este uso no s de Cabo Verde, no Brazil tambem se usa, e assim conhecemos muita gentecom os nomes de Nn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e Joca sem serem os seus nomes de baptismo. [6] Agora si nh cr sab cuss' qu Dna cr fl, en t fl nh, no portugus av e Dno av. Agora se quizer saber o que quer dizer Dona, eu lhe digo, em portuguez av e Dono av. A ruspto di berbo, crilo c tn tudo tudo qui portugus t choma tnpo. Emquanto a verbos, o creolo no tem tudo quanto o portuguez chama tempo. Prnme sima ja'n esplic nh na fja ds. Na crilo di Cabo Berde c tn bs ou abs p vs di portugus, e s t fl nh, o qu's t papi c algun s, e nhs, o qu's t papi c ms d'un. O pronome como j lhe expliquei na folha 2. No creolo de Cabo Verde s ha bs ou abs para o vs portuguez, e usam de nh quando fallam a uma pessoa s, e de nhs quando fallam a mais de uma. Agora En, min, amin quasi tudo msmo, c algun diffrena, cnfrme conbersa t corr. Tanb crilo tn mi. Ex.: Agora emquanto a En, min, amin quasi tudo o mesmo, com alguma differena conforme o seguimento da conversao. Tambem o creolo tem mi. Ex.: En cr s cuza. Eu quero esta cousa. Qunh qui faz s cuza? mi. Quem fez isto? Fui eu. Amin en s t b enghnho, ou Amin s t b enghnho, ou En s t b enghenho. Eu vou ao engenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . J bst. Nh al st enfadado. Agra tioque nu encontra na biblithca. Basta. Deve de estar enfadado. Agora at quando nos encontrarmos na bibliotheca. Nh acreditan, cum'amigo (ou sima'amigo) qui t respta nh cho. Acredite-me, como amigo, que muito o respeita. Carta 2. Csa.Pan fart-bo bontade en t scrb-bo na ns lingua, na crilo rachado, qu'en c sab si b t entend-le. Cesar.Para vos fazer a vontade eu escrevo-vos na nossa lingua, em creolo fundo, que eu no sei se vs o entendeis. Flan: p que b mest p n scrbbo ns lingua? B ten gna di estud si orige, faz algun gramatica ou dicionare? S' p algun ds cussa Deus juda-bos; mas dexam fla-bo m al faz-bo su tioque bu c pod ms, tioque bi seinti... Dizei-me: para que precisaes de que vos escrevamos n'esta lingua? Tendes desejo de estudar a sua origem, de fazer alguma grammatica ou diccionario? Se para alguma d'estas cousas, Deus vos ajude, mas sempre vos direi que isso vos far suar at no poderdes mais, at que o sintaes . . . . . . . . . . . . . . [7] N's ija quasi tudo algun ten mdo di Duco. Duco bu conch-le? Estan m nu. Duco era un prso que staba na calabs; entend m c stba l sbe, fugi le c ds companheros; st riba chda; t mt cbra, t for mujres, t faz tudo casta di pouca borgonha. Flado m Duco manda fl Henrique d'Olibra, Puchim, Maia, Benceslu p s tom seintido c ss bida, p s c b fra, pamde se encontra cu les m t matalos. Faz ida m s al tn mdo! N'esta ilha quasi toda a gente tem medo de Duco: Duco vs conheceil-o? Estou que no. Duco era um preso que estava no calabouo; e entendeu que no estava l bem; e fugiu com dois companheiros; est em cima da achada; mata cabras, fora mulheres, faz toda a casta de pouca vergonha. Diz-se (fallado) que Duco manda dizer a Henrique de Oliveira, Puchim, Maia, Wenceslau para que estes tomem sentido com a sua vida, para estes no irem fra, poisque se se encontra com elles que os mata. Fazei ida, como estes tero medo! P. si bida dentro cartore; st magro sima algun tisgo; fl m s bo que s t faz-le falta; mand-bo mantenha cho. Paulo a sua vida dentro do cartorio, elle est magro assim como um tisico; diz que sois vs que lhe tendes feito falta; elle manda-vos muitas recommendaes. Ti outr'ora; en c ten ms tempo. Bo armun, etc. At outra occasio; eu no tenho mais tempo. Vosso irmo, etc. Carta 3. Nha estimado armun. En rcb carta di nh, qu'in fica munto contente con l, e pan faz nh bontade en t cum screb nh na crilo. Primro nobidade qu'in t d nh cum C. m t recit qus beros di dda de Albano na crilo e ta cunal sin: Meu estimado irmo. Eu recebi carta do senhor, que eu fico muito contente com ella, e para fazer ao senhor vontade eu comeo a escrever ao senhor em creolo. Primeira novidade que eu dou ao senhor que C. recita aquelles versos da doida de Albano em creolo, e comea assim: Benca li nha fijo sucuta: Vem c meu filho escuta: B amigo di bu mi? s amigo de tua me? B! nha mi, e que pergunta s? Bem, minha me, e que pergunta essa? Ps bn, sima bu oj s carnuja carnugado, ferucho feruchado sangue di bu pai; i bu t juran cum bu ta bingal? Pois bem, assim como tu vs este ferro enferrujado sangue de teu pae, e tu juras-me como o vingas? En t jura! Eu juro! Ampz Ricardo pai di Maria, qui mat bu pai! Pois Ricardo, pae de Maria, que matou teu pae! B! mami! Pai di Maria en c pod matal, pamde Maria stan dente nha craon. B! mam! Pae de Maria eu no posso matal-o, porque Maria est dentro de meu corao. [8] E assim c munto cuza, mas qu'in c sab, e por isso en c t pon. Quen qui costum tanb recital Brito e mas Quinquim. E assim com muita cousa, mas que eu no sei, e por isso eu no ponho. Quem aqui tambem costuma recital-os Brito e mais Joaquim. En pidi nh di fabr p nh mandan qul dicionare; en pedi t na portugus, gora en t biral na crilo. Qu p fabur c nh desquec. En t, cba s carta pan porgunta nh s' prciso escrb nh en crilo na tudo bapor, ou no. Eu pedi ao senhor o favor de mandar-me aquelle diccionario; eu pedi em portuguez, agora eu traduzo (viro) em creolo. Queira por favor no se esquecer. Eu acabo esta carta por perguntar ao senhor se preciso escrever ao senhor emcreolo por todos os vapores ou no. Nhu ads, nh dn tudo alguen mantnha cho. Tudo ghentes di casa t mand nh mantenha cho. Phrases diversas M nhu st? ou M nhu pss? Como est? ou como passa? Cmmddo, nh m nhu sa ta pss? Bom, e o sr. como tem passado? M ba ghentes tudo dinh? ou Mde ghentes tudo di nh st? Como esto todos os seus? Tudo st bon, graas a Dus. Todos esto bons, graas a Deus. J dura qui en ca j nh; Unde nhu staba? ou Unde nhu tn stado? Ha muito tempo que o no vejo, onde tem estado? Mi en stba la na Orgn, ou En tn stdo la na Orgn. Eu estava nos Orgos, ou eu tenho estado nos Orgos. Cuz' ou Cuss' nhu b fazba l? O que foi l fazer? En bba oja (ou en b ojba) un nh parente, qui stba doente. Fui ver uma parenta minha que estava doente. Qunh, tia di nh, nh Maria? Cuss' qu' tnba? Quem? a sua tia, a sr.a Maria? O que tinha ella? E tnba dr na pto, ou, ta quexaba di dr na pto. Tinha dores no peito, ou queixava-se de dores no peito. j st milhor? J est melhor? En dxal um pouco milhor, ou, En dxal ms cmddo un pouco. Deixei-a um pouco melhor. Pndo nhu s t bai? (gossi-n). Para onde vae agora? En s t bai Praia. Vou Praia. I mi en s t bai (ou b) Tarrafal ou Tarfal. E eu vou para o Tarrafal. Anton nhu tn qui anda cho inda. Ento tem de andar ainda muito. Qui horas gossin? ou Canto hora j d? Quantas horas so? J st p ds hora. Devem ser duas horas. Dxam bai, tioque nu torna oj. Deixe-me ir, at quando nos tornarmos a ver. Nhu ads. (ads). Adeus. [9] F. En t pidi bo p bo escrbn um carta na crilo, mas num crilo brdadro. Bu al acha galante s pidido; mas oc bu sab p cuz, bu al fic contnte. Gossin en c pod flbo p que fin, pamde en c tn tnpo. F. Peo-te que me escrevas uma carta em creolo, mas em um creolo verdadeiro (puro). Has de achar exquisito (extravagante) este pedido, mas quando souberes para que , ficars satisfeito. Agora (n'esta occasio) no posso dizer-te para que fim , porque no tenho tempo. C bu squc, j bu oub? No te esqueas, ouviste? Bo armun amigo. Teu irmo, amigo. J bu rcb nha carta qui en scrb-bo na crilo? Respondn e e mand flan mode ghentes tudo st. J recebeste a minha carta que te escrevi em crioulo? Responde-me e manda dizer-me como esto todos. Titia j st mijr di si dismaios? Nha Dna di nha Luca inda c cmda? A tia j est melhor dos seus desmaios? A nha Dona da Luzia ainda no est boa? Logo qui[1] bu rcb s carta, bu ta manda chma Roque, e bu ta flal cum en rcb si carta, e su xinti cho di ms, di mo tratos, qui scribons s t dal. Logo que receberes esta carta mandars chamar o Roque, e lhe dirs que recebi a carta d'elle, e senti bastante dos maus tratos, que os escrives lhe tem dado. Com gossin en c pod fazel nda, e p spra tioque en bolt C. Berde; e anton en t oja, si algun cuza en t pod alcana na si fabr. Que agora nada lhe posso fazer, e que espere at (quando) eu voltar a Cabo Verde, e verei ento se alguma cousa posso alcanar em seu favor. Adivinhaes Os creolos em Cabo Verde, diz-nos o sr. Nogueira, pelo menos em Sant'Iago, tem por costume contarem historias, isto , lendas ou contos. Quasi sempre essas historias so contadas noite, assentando-se as pessoas que tomam parte n'esse passatempo de caracter verdadeiramente familiar, porta da rua ou ento dentro de casa, fazendo d'esse passatempo um sero. Precedem a essas historias as adivinhaes, sendo algumas d'estas bem obscenas. Eis uma pequena serie d'essas adivinhas que o nosso collaborador nos ministrou: 1. Xintido. Mi li, mi l. 2. Porco. Mungo mungo t ba rbera. 3. Chba na banna. Rque-rque na pedragl. 4. un home que mt un buro, pamde um p de coube. Curupu de ds p mt curpu de quato p, sob curupiu de um p. 5. jo. In tn nh ds fijo na janlla nium c t j companhro. [10] 6. Falla. In tn nh fijo in t mandal dento chuba c t mj. 7. Mma di cadra. In tn nh ds fijo t cr tudo cr, nium c t pss companhro. 8. Orja. In tn nh figurinha na pnta di rcha, t que, c t que. 9. Snbra. In cr n c pga, in xinta in pga. 10. Bca c dente. In tn nh pucarnha cheio d'sso. 11. Tripiche. Chro na cassa di riba, batuque na cassa di baxo. 12. Pnno. Nte di cumprido, di dia di trabsado. 13. Caldron. tn p c t nda tn aa c t bu. 14. Arco d'abja. Jn di Pico, Manl d'Orgn, s c sbi al trabssa. 15. Pedra fgn. In tn trs prto; si n c st, qulouto ds c t sirbi. 16. bo. Radondte indte que no tem tapo nem tpte. 17. Anzol: t lba isca mrto, t tarc pexe Prto crcbdo que t lba mrto, t trz bibo. 18. Pte. b dtado, bn squdo. 19. Estrla na Co. In tn nha crl di cbra, nte p manhe nium. 20. Mma de bca. Nha quato bli bca p bxo lte c t lna. 21. Estrubado. Nh boi t bnba l na Tarafl, in t oubi li. 22. Mandioca. Rquit p bjo fsta qu c chiga, c sabe. 23. Morte. In bai pn c bn ms. 24. Calbicra. Albo c m albida, verde m vrdte, tn cr di rabu de sancho, mas c l. 25. Caminho. Un hme grande sin snbra. 26. Fumo. Nha cabllo dento cma na rua. 27. Sino. Sin c pga nha boi rbo c t bnba. 28. E cco c si pja, cu cumida, cu go. In tn un caza di pja dento qul caza di pja in tn un caza branca, dento caza branca in tn un fonte d'go. 29. Cruz na chda. In tn nha bca na chda, in c t d pja, in c t d go, tudo alghn qui p ta botan el um m de pja. 30. Nabu. In tn un me grande na m di mar, s' c bento c t anda. [11] Observaes phoneticas Dos sons do portuguez faltam no creolo de Santo Anto lh, substituido por j (paja, ija, foja, fijo, scoja), v substituido por b (dubida, db, oubi, pobo, conbersa, biro, fabur); os diphthongos nasaes (Jan==Joo, Orgon==Orgos, coraon==corao, armun==irmos, no==no); o diphthongo ei, substituido por , (promro, ruspto, figurinha). Ha alguma tendencia para o iotacismo: di==de. I desapparece em pos==pois, mas==mais. Mudanas varias nas vogaes atonas: armum==irmo, promro==primeiro, borgonha==vergonha, ruspto==respeito. Mudana nas vogaes accentuadas: cuza==cosa, favur==favor. Apherese de vogal ou de syllaba: sim==assim, nh==senhor, nha==minha[2]; t==est. Syncope de vogal: cum==comear, cr==querer, conch==conhecer. Apocope de vogal ou de syllaba inteira: calabs==calaboo, m (como)==modo, mo==molho, s==este. Apocope de r: regular no infinito (ser uma excepo, se no ha erro no paradigma que nos enviou o nosso informador); nh==senhor, p==por. Varia: ago==agua, sucuta==escuta. Observaes morphologicas 1. Genero. Os adjectivos no tem frmas que indiquem o genero. A frma typica em geral a frma masculina portugueza; mas ha excepo, como nha==minha. 2. Numero. O emprego das frmas do plural no se pde estabelecer com certeza dos textos que temos nossa disposio, nem das noticias que nos ministraram. Os casos seguintes parecem-nos representar as tendencias do dialecto no emprego do s do plural: a) os adjectivos e pronomes empregados como adjectivos no tomam o signal do plural (mas diz-se quel, quels); b) com os numeraes o substantivo no toma o signal do plural (mas na carta 2. ha ds companheros); c) quando do contexto da phrase resulta a ida da pluralidade falta o s do plural. Exemplos: es dos foja. tres preto. mujer, mujeres. estas duas folhas. tres pretos. mulher, mulheres. Com relao ao plural diz-nos o nosso informador: A tendencia que ha hoje para empregar regularmente as frmas do plural torna-se muito sensivel. [12] 3. Pronomes. Os pronomes demonstrativos so: s (este, esse) e quel (aquelle). s home. s mujer. s homes. s mujeres. Este homem. Esta mulher. Estes homens. Estas mulheres. Quel rapaz. Quel rapariga. Quels (ou quel) rapaz. Quels (ou quel) raparigas. Aquelle rapaz. Aquella rapariga. Aquelles rapazes. Aquellas raparigas. O interrogativo : quen, qui, ou qu-nh, quem. Eis o quadro dos pronomes pessoaes. Singular: En, in, mi -n Bu (ab) Di b -bo -l nh l, -le eu -me tu de ti -te elle lhe lhe (vos) o Plural: Ns, nu -no Nh, nhs nh s -ls ns -nos vs vos elles lhes Qun qui dan (d-n) el. Qun qui d-bo el. Qun qui d-nh el. Qun qui d-no el. Qun qui d nh el. Qun qui dals (da-ls) el. Bu t entendle. En t jural. Quem m'a deu. Quem t'a deu. Quem lh'a deu. Quem nol'a deu. Quem vol'a deu. Quem lh'a deu. Tu entendel-o. Eu o juro. Bu (vs) tendo usurpado o logar de tu, no ha pronome da segunda pessoa do plural; o pronomen reverentiae substituido por nh==senhor, nh==senhora. Nh tomou o signal do plural: nh'amigos, nhs al judan faz s cuza, meus amigos, vs haveis de me ajudar a fazer esta cousa. O pronome da segunda pessoa do singular diz-se b quando precedido de proposio: di b, de ti. Nas ilhas de Barlavento ha buc, bucs, boc, bocs em logar de b, ab e nh. Os seguintes exemplos mostram as frmas dos possessivos ou seus equivalentes: [13] Nha caballo. Nha caballos. Nha egua. Nha eguas. s caballo di men. s caballos di men. s egua di men. s eguas di men. O meu cavallo. Os meus cavallos. A minha egua. As minhas eguas. Este cavallo meu. Estes cavallos so meus. Esta egua minha. Estas eguas so minhas. Bu cavallo. Bu cavallos. Bu egua. Bu eguas. s caballo di b. s egua di b. O teu cavallo. Os teus cavallos. A tua egua. As tuas eguas. Este cavallo teu. Esta egua tua. Si caballo, ss caballo. Caballo di nh ou nh. s caballo di nh. O seu cavallo, o cavallo d'elle. O seu (vosso) cavallo. Este cavallo vosso, seu. Ns boi. Ns bca. s boi ou s bca di ns. O nosso boi. A nossa vaca. Este boi ou esta vaca vosso, vossa. Si caballo, ss caballo. s caballo di ss, d'ls ou d's. O seu cavallo (d'elles). Este cavallo seu (d'elles). 4. Verbo. Esta parte da grammatica do creolo de Santo Anto apresenta uma riqueza muito maior que em geral os outros dialectos similhantes. No difficil explicar este facto: o contacto persistente entre a populao que falla o dialecto e os que fallam o portuguez puro tende naturalmente a fazer penetrar no creolo maior numero de frmas portuguezas. Vimos j o que se dava com as frmas do plural. Damos os paradigmas da conjugao e faremos depois algumas observaes sobre elles. Ser (sr) Indicativo Presente Perfeito composto Mi Bu, abo ou abo bu l Ns, nos nu s Eu sou Tu s Elle Ns somos Elles so Eu ten sido Bu ten sido l, ten sido Nos, nu, ten sido s tn sido Eu tenho sido Tu tens sido Elle tem sido Ns temos sido Elles tem sido [14] Imperfeito e perfeito Futuro Mi era Bu etc. era l era Ns era s era Eu era Tu eras Elle era Ns eramos Elles eram En al ser Bu al ser l al ser Nu al ser s al ser Eu serei Tu sers Elle ser Ns seremos Elles sero Condicional En t srba Bu t serba t srba Nu t srba s tn de ser Eu seria Tu serias Elle seria Ns seriamos Elles seriam Subjunctivo Presente Imperfeito En ser Bu ser ser Nu ser s ser Eu seja Tu sejas Elle seja Ns sejamos Elles sejam Mi era Bu era l, era Nu era s era Eu fosse Tu fosses Elle fosse Ns fossemos Elles fossem Futuro composto In ten de ser Bu ten de ser El, ten de ser Nos, nu ten de ser s ten de ser. Eu tiver de ser Tu tiveres de ser Elle tiver de ser Ns tivermos de ser Elles tiverem de ser Imperativo Ser S tu Nhu ser Sede vs Haver Este verbo quasi exclusivamente empregado para a expresso do futuro como auxiliar, portanto no presente do indicativo. A frma al provm de ha-de, por apocope e mudana de d em l. O verbo db empregado como auxiliar, substituindo al. Na cidade da Praia diz-se hbe (oubi) tempo, tn habido, mas essas frmas no se acham ainda no creolo rachado. Ten (ter) No presente do indicativo tn para todas as pessoas no paradigma escripto pelo nosso informador; mas nas cartas 2. e 3. ha tn como frma fundamental, servindo pois para o presente s com os pronomes e figurando nos tempos compostos, como ser no paradigma acima. O imperfeito e o perfeito do indicativo tem tenba, tinha, para todas as pessoas; o imperativo tn. Emprega-se o participio tido. [15] St (estar) No presente do indicativo sta ou star para todas as pessoas; no imperfeito staba, no perfeito stbe, ou no creolo rachado staba, como no imperfeito. Os tempos periphrasticos conformam-se ao paradigma de ser. Emprega-se o participio stado. Verbos no auxiliares O presente em regra expresso por t (-st) com o infinito, para todas as pessoas exemplos: en t jur, eu juro, b t fl, vs dizeis; mas occorre tambem como presente a simples frma do infinito: nhu sab, vs sabeis. Algumas frmas do presente portuguez, principalmente da terceira pessoa, occorrem, sem variao, com o auxiliar t ou isoladas, exprimindo o presente: en t bai, eu vou; l t lba, elle leva; en pga, eu agarro; en t biro, eu volto; in xinto, eu me sento. Ha frmas do preterito como fazeba, fazia, baba, ia (sobre o presente bai). O perfeito parece ser expresso pelo infinito, como receb, fug (elle fugiu), xinti, mat, entend, nas cartas acima. O imperativo expresso pelo infinito: esquec, esquece, esquecei; jud, ajuda, ajudae. Occorrem algumas frmas particulares como ben, vem, vinde. Ha participios em ado como usado, enfadado, em edo como screbedo, escripto, em ido (normal?). Os tempos periphrasticos seguem o paradigma de ser (auxiliar com a frma principal, infinito presente ou participio passado). Algumas vezes o futuro identico ao presente: en t mand, mandarei; b t flal, dir-lhe-has. Observaes lexiologicas A etymologia dos vocabulos creolos geralmente transparente nos specimens que publicmos; notmos apenas particularmente os seguintes, comquanto outros chamem tambem a atteno: C, no; origem incerta. M, m, que; provir da conjugao adversativa mas? Mantenha em mantenha cho, significando muitas recommendaes; originou-se este emprego evidentemente da formula antiga de saudar: Deus te mantenha. Pamde, porque; provm da formula por amor de, por mr de, muito usada em portuguez, significando por causa de. No dialecto de Macau usa-se no mesmo sentido a variante phonetica prmdi. Papi, fallar; fl toma o sentido de dizer. S em nhu s t passado como tem passado, e s t dal, lhe tem dado, etc., obscuro para ns. Sbe (de saber) serve para exprimir que uma cousa agradavel; [16] c sbe, que desagradavel; s cumida sbe, esta comida agradavel, sabe bem; quel home tn ar sbe, aquelle homem ter ar agradavel; algumas vezes pde traduzir-se por bem. Fede exprime o contrario: chr fde, cheirar mal; fazl fde, offendel-o. Tioque, at que; oque (oc), oqu's, quando. Nomes hypocoristicos ou nomes de casa Baca. Loureno. Jj. Jos. Balanta. Valentim. Faia. Raphael. Banda. Domingos. Fan. Estephania. Barujo. Vicente. Fina. Josephina. Beba. Genoveva. Fita. Antonio. Beb. Bernab. Fonfon. Affonso. Beto. Alberto. Fronha. Luiza. Beto. Roberto. Gena. Eugenia. Bibina. Balbina. Gruida. Margarida. Bina. Etelvina. Ia. Maria. Bocha. Ambrosio. Lela. Magdalena. Bomba. Bombina. Anna. Lelencha. Florencia. Caella. Michaela. Lelencho. Florencio. Caixa. Nicolau. Lena. Helena. Cote. Torquato. Lorma. Jeronymo. Chalino. Marcellino. Lota. Izabel. Chamara. Maximiana. Maja. Luiz. Chamaro. Maximiano. Mana. Germana. Chana. Sebastiana. Mano. Germano. Chana. Luciana. Maral. Pedro. Chanchane. Alexandre. Mongido. Hermenegildo. Chch. Jos. Motas. Thimotheo. Chella. Marcella. Munda. Raymundo. Chello. Marcello. Nhaba. Filippe. Chencho. Innocencio. Nico. Manuel. Chicha. Narcisa. Oiro. Miguel. Chichi. Cecilia. Pelico. Polycarpo. Chica. Francisca. Penha. Gregorio. Chico. Francisco. Pomba. Ignez. Chim. Cazimiro. Pot. Hippolyto. China. Filippe. Queta. Henriqueta. Choga. Chrysostomo. Quinquina. Joaquina. Choncha. Sebastio. Ramal. Antonio. Chubanta. Martha. Roda. Andreza. Chumpa. Paula. Ronda. Agostinho. Cobra. Francisco. Supro. Cypriano. Coco. Simoa. Tancha. Tantancha. Constana. Coima. Paulo. Tantana. Victoriana. Colaa. Nicolaa. Tantano. Victoriano. Cuna. Joaquina. Tatacha. Anastacia. [17] Dada. Felicidade. Tatacho. Anastacio. Dams. Damasio. Teta. Dorothea. Delba. Amaro. Tts. Matheus. Dico. Frederico. Tilia. Mathilde. Didi. Claudina. Tinho. Martinho. Dindino. Bernardino. Tino. Faustino. Dique. Henrique. Tintim. Valentim. Doca. Theodora. Tintina. Catharina. Doco. Theodoro. Tlo. Bartholomeu. Doli. Isidoro. Touco. Victor. Doria. Andr. Tuda. Gertrudes. Dunda. Domingos. s formaes hypocoristicas que tem limitadissima extenso em Portugal, abriu-se um campo novo nos dialectos fra da Europa; algumas d'essas frmas vieram de l para a metropole, como Juca, Nhnh, etc. difficil e em parte impossivel achar as relaes que existem entre algumas d'essas frmas hypocoristicas de Santo Anto e as usuaes correspondentes; para algumas no haver at talvez relao etymologica; mas a difficuldade provm principalmente do pequeno numero das frmas que conhecemos, que no nos permittem reconhecer todas as variedades dos processos, a que devem a exi ......Buy Now (To Read More)

Product details

Ebook Number: 33159
Author: Coelho, Adolfo
Release Date: Jul 14, 2010
Format: eBook
Language: Portuguese

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