Historia diplomatica do Brazil: O Reconhecimento do Imperio

Historia diplomatica do Brazil: O Reconhecimento do Imperio Title: Historia diplomatica do Brazil Subtitle: O Reconhecimento do...
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Author: Lima, Oliveira,1867-1928
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Historia diplomatica do Brazil: O Reconhecimento do Imperio

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Historia diplomatica do Brazil: O Reconhecimento do Imperio

Title: Historia diplomatica do Brazil Subtitle: O Reconhecimento do Imperio Author: Oliveira Lima Release Date: July 11, 2009 [EBook #29377] Language: Portuguese Credits: Produced by Adrian Mastronardi, Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net (This file was produced from images generously made available by The Internet Archive/Canadian Libraries) Nota de editor: Devido existncia de erros tipogrficos neste texto, foram tomadas vrias decises quanto verso final. Em caso de dvida, a grafia foi mantida de acordo com o original. No final deste livro encontrar a lista de erros corrigidos. Rita Farinha (Jul. 2009) O RECONHECIMENTO DO IMPERIO GEORGE CANNING Segundo uma tela de Stewardson, gravada por Wm Brett. OLIVEIRA LIMA da Academia Brazileira Historia Diplomatica do Brazil O Reconhecimento do Imperio H. GARNIER, LIVREIRO-EDITOR 71-73, rua do Ouvidor, 71-73 6, rue des Saints-Pres, 6 RIO DE JANEIRO PARIS TRABALHOS DO AUCTOR Pernambuco, Seu desenvolvimento historico.Leipzig, F. A. Brockhaus, 1895. 1 vol. de XIII, 327 paginas, com 4 retratos. Sept Ans de Rpublique au Brsil (1889-96), extrait de la Nouvelle Revue.Paris, 1896. 1 folheto de 36 paginas. Aspectos da Litteratura Colonial Brazileira.Leipzig, F. A. Brockhaus, 1896. 1 vol. de XVI, 301 paginas. Nos Estados Unidos, Impresses politicas e sociaes.Leipzig, F. A. Brockhaus, 1899. 1 vol. de 524 paginas. Memoria sobre o descobrimento do Brazil, Suas primeiras exploraes e negociaes diplomaticas a que deu origem.Premiada em concurso pela Associao do Quarto Centenario do Descobrimento do Brazil e publicada no Livro do Centenario. Rio de Janeiro, 1900. MEMORIA DE UM AMIGO ( 3 de Novembro de 1897.) Dedicando memoria do baro d'Itajub este ensaio, o primeiro de uma serie sobre a nossa historia no exterior, desejo relembrar esse amigo, que durante trez saudosos annos foi meu chefe na Legao em Berlim, e cuja morte prematura significou para a diplomacia brazileira, n'aquelle momento, a perda do seu mais completo representante. Digo completo, porque elle reunia finura da intelligencia e pratica dos negocios, a distinco das maneiras e a formosura do caracter. Pode-se de certo ser um grande diplomata sem o ultimo predicado: o j classico exemplo de Talleyrand ahi est para proval-o. A experiencia dos negocios pode ser supprida pelos rasgos de genio: Napoleo, aos 28 annos, dirigia as negociaes de Campo Formio com a pericia consummada que Albert Sorel nos descreveu em um bello trabalho. Itajub era porem o equilibrio moral em pessoa. N'elle algumas qualidades se no haviam desenvolvido extraordinariamente custa d'outras. Methodico em extremo, a chancellaria era o seu templo, o [VI] expediente o seu sacerdocio, sem que comtudo a rotina o tornasse imbecil, ou sequer a burocracia lhe desmanchasse a linha fidalga. A certa hora aquelle funccionario modelo convertia-se muito naturalmenteporque n'elle nada havia de affectadono homem de sociedade mais correcto e mais attrahente. banca de trabalho nunca conheci intelligencia mais viva, percepo mais prompta dos diversos lados de uma questo. Em um salo nunca conheci pessoa mais sua vontade, tendo uma resposta finamente espirituosa, nunca maldosa, para tudo, igualmente amavel para com todos. Esta amabilidade era tanto mais captivante, quanto derivava no s da sua educao, como do seu corao. Itajub era, alm de intelligente e distincto, bom, fundamentalmente bom, de uma bondade simples e tocante. A sua alma rejubilava discretamente ida do bem que n'um dado momento podia praticar, e atormentava-se com o malpara outremque no podia evitar. Para outrem note-se, porque, no que lhe dizia respeito, mostrava uma impassibilidade que dava a medida do seu espirito superior. No que fosse indifferente aos ataques ou m vontade. Sua sensibilidade era em demasia delicada para permittir-lh'o, mas sabia como genuino mundano esconder a sua contrariedade, sem, christo verdadeiro, guardar o mais leve rancor. Repito, Itajub era o equilibrio moral em pessoa: igualmente solicito no desempenho dos seus deveres officiaes e sociaes, polido at o requinte, generoso de verdadeiras attenesque bem mais difficil do que ser generoso de dinheiroaffectuoso at a ternura para os seus, que o adoravam, e para os amigos, que o estremeciam. O nome do baro d'Itajub no ficou ligado em nossa historia diplomatica a nenhuma conveno particularmente [VII] notavel, mas a um sem numero de pequenas negociaes delicadas e a algumas espinhosas, que elle sabia guiar com mo segura e resolver com um tacto perfeito. Ministro em Madrid, em Washington, em Roma, em Pariz e em Berlim, nunca se lhe deparou occasio para diplomacias de alta escola, nem elle a procurava. Achava com razo que, no caminhar diario dos negocios, ha farto ensejo de prestar servios para quem os no visa como meio de chamar a atteno. A sua excellente posio social em todas aquellas capitaes facilitava-lhe, de resto, a soluo de qualquer questo, reflectindo-se toda em lustre do paiz que elle personificava. Nos ultimos annos o facto que poz mais em evidencia a capacidade diplomatica do baro d'Itajub foi o reconhecimento da Republica Brazileira pelo Governo Francez a 20 de Junho de 1890, obtido exclusivamente por sua influencia pessoal, trez mezes antes de fazel-o qualquer outra nao europa, sem aguardar a Frana o resultado das eleies para a Constituinte do Rio de Janeiro. Fizeram-lhe d'isso um crime por ser elle um representante vindo do antigo regimen e um amigo do Imperador deposto; quando o crime, alis commum a centenares de outros, significava apenas que, com a sua viso sempre clara dos acontecimentos e dedicao nao que servia, Itajub comprehendra perfeitamente que a monarchia americana cahira para sempre, e que o dever dos brazileiros residia muito mais na defeza do bom nome do paiz, em promover a continuidade das suas tradies de honra e de civilizao, do que na dedicao platonica e improficua a uma dynastia que mais se suicidra do que fra derrubada. Elle serviu a Republica com a lealdade que foi a regra da sua vida publica e privada, que foi a melhor arma, a unica mesmo, [VIII] da qual se serviu victoriosamente contra os seus detractores e, usemos do termo proprio, os seus invejosos. A sua norma, a sua justificao, consistiam em antepr sempre e em tudo s formulas que passam, alguma cousa que ficaa Patria. Oliveira Lima. Londres, 25 de Janeiro de 1901. HISTORIA DIPLOMATICA DO BRAZIL O RECONHECIMENTO DO IMPERIO I A Europa e o reconhecimento. A Independencia consummou-se em 1822; o reconhecimento do Imperio do Brazil pelo Reino de Portugal apenas teve lugar em 1825, e antes da ex-metropole nenhuma nao europa, nem mesmo a Inglaterra de Canning, abalanra-se a receber em seu convivio official a colonia insurgente. De 1823 a 1827 coube pois joven diplomacia brazileira pugnar na Europa pela admisso no areopago politico do mundo civilizado da nova nao americana, creada pela ousadia e deciso de um Principe, pelo sentimento latente e crescente da desunio, pela habilidade e patriotismo de alguns estadistas, pelo enthusiasmo e confiana de numerosos espiritos cultos, e pela valiosa cooperao de [2]um almirante inglez em ostracismo social. Papel da esquadra na Independencia. Sem esta ultima contribuio no exaggerado dizer que os esforos das demais corriam grave risco de ficarem frustrados. Com effeito, senhores os Portuguezes do norte do Brazil, estabelecidos em terra e no mar, e sendo absurdo pensar n'uma expedio terrestre sahida da capital, s poderiam ter sido expellidos das suas posies por meio de uma esquadra, a qual se formou s carreiras e com benemerito vigor local, supprindo elementos da officialidade estrangeira, especialmente da britannica que acabava de se distinguir na libertao do Per e do Chile, o que havia ainda de escasso e deficiente na marinhagem nacional. Era esta tanto mais inexperiente quanto, sob o dominio portuguez, o proprio commercio de cabotagem andava vedado aos Brazileiros. Na Inglaterra acontecia justamente que a terminao das guerras napoleonicas, depois de revolucionada a Europa, deixra a meio soldo e sem pasto para sua actividade muitos officiaes de valor e ambio, que sobremaneira estimavam encontrar em outros campos de batalha emprego para seus gostos e habilitaes. [3] A esquadra s ordens de Lord Cochrane, o grande condottiere naval da emancipao do Novo Mundo, foi, mau grado a sua composio heterogenea, o agente principal da nossa Unio. A ella deve-se que, quando o marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes e o cavalheiro Manoel Rodrigues Gameiro Pessoa, com razo fiados nas boas disposies do Foreign Office, apresentaram-se a Canning urgindo o exercicio da influencia ingleza para effectuar-se o reconhecimento pela mi patria e conseguintemente pela Europa do Imperio sul-americano, este merecesse bem o seu titulo pela enormidade do seu territorio e homogeneidade da sua organisao. Aberturas de reconciliao. No fra sem grande trabalho que chegra a tornar-se possivel esta soluo pacifica da acalorada disputa que, por motivo da separao, tinha lavrado entre as duas partes da monarchia portugueza. Canning, que de principio tomra a peito a questo, manifestra porem o parecer que o Brazil no podia nem devia mais esquivar-se com pretextos de dignidade e amor proprio inclinao, muito por ultimo e a muito custo, mostrada por Portugal, de consentir na abertura de [4] negociaes directas de reconciliao sem exigir a previa e incondicional submisso, na qual insistira inflexivelmente para satisfazer o espirito publico e quando julgava que o Reino Unido passaria do papel de honnte courtier para o de interventor determinado. De accordo com a suggesto do Secretario d'Estado dos Negocios Estrangeiros de Sua Magestade Britannica e ao tempo que Portugal, seduzido pelos conselhos das potencias continentaes, ia regressando primitiva intransigencia, o Brazil iniciava sua campanha diplomatica nas crtes do Velho Mundo. Nomeao de Brant e Gameiro. Caldeira Brant e Gameiro Pessoa tinham sido encarregados de aplanar as differenas entre as duas naes sem propriamente solicitarem a mediao britannica, mas tendo ordem de communicar ao Foreign Office os seus passos e tentames, e de pedir e receber os conselhos de Canning. Caldeira Brant anteriormente sua misso residira na Inglaterra, officialmente acreditado na qualidade de agente do Governo do Brazil. Como tal se occupra de variados negocios, entre outros de construces navaes e alistamento de marinheiros, at Agosto de [5] 1823, mez em que partira para o Imperio. Expedies armadas na Inglaterra. O alistamento de marinheiros realizava-se sem inconveniente nem embarao, mesmo depois da Independencia, no tendo na pratica applicao s possesses portuguezas o Foreign Enlistment Bill, proposto e approvado em 1819 para privar d'ento em diante de justificao as queixas da Hespanha, a qual via com desgosto e irritao sahirem dos portos britannicos expedies armadas em favor da emancipao das suas colonias americanas. Eram semelhantes expedies, tanto a consequencia do tradicional espirito liberal da nao ingleza, naturalmente sympathica a qualquer nacionalidade oppressa ou desejosa de ganhar seus fros, como a expresso das vantagens mercantis que um commercio que acabava de soffrer o bloqueio continental e se via a braos com a accumulao de mercadorias d'elle resultante, encontrava em novos mercados abertos sua iniciativa. Custra tanto menos a Canning defender aquelle projecto ministerial quanto achava-se persuadido, com a firmeza da intelligencia e a confiana da vontade, que a emancipao da America Latina consummar-se-hia fossem quaes [6] fossem as circumstancias que a favorecessem ou a retardassem. O Brazil estava de resto em posio differente, porque em rigor no podia considerar-se uma colonia abruptamente despregada do tronco metropolitano. Algum tempo antes de declarar-se independente e sobretudo com a curta regencia de D. Pedro, gosra o reino ultramarino de uma larga autonomia que o habilitra a entabolar relaes europas e a fazer-se julgar como um governo de facto, capaz de desempenhar seus proprios compromissos. Encarregatura de negocios de Hyppolito. Na ausencia de Caldeira Brant ficou interina e officiosamente encarregado dos negocios do Imperio o vigoroso jornalista que durante quinze annos estivra na estacada, redigindo o Correio Brasiliense e prestando causa constitucional e da liberdade americana os mais assignalados servios. Em recompensa havia Hyppolito Jos Pereira da Costa Furtado de Mendona merecidamente sido nomeado Consul Geral em Londres, lugar que exerceria cumulativamente com o de Conselheiro da Legao quando o Governo Britannico reconhecesse ambas as nomeaes, pois at ento estava permittida nos portos da Inglaterra a [7] admisso da bandeira independente, mas no se concedia o exequatur aos consules, posto que fossem nomeados e recebidos consules inglezes no Brazil e na Cisplatina. A etiqueta diplomatica o mais que tolerava n'este ponto eram os agentes commerciaes, vedando quaesquer formulas externas do reconhecimento politico a que no fundo annuia. A encarregatura de Hyppolito foi muito curta e pouco interessante. Em Novembro de 1823 era o cavalheiro Gameiro, que estava servindo de encarregado de negocios em Pariz, removido no mesmo caracter para Londres, s recebendo porem a respectiva communicao em Maro de 1824. O pobre Hyppolito fallecia entretanto, quando via despontar o triumpho do seu ideal, sem poder desfructar a victoria e deixando to pobre a senhora ingleza que desposra, que o Imperador, a pedido do duque de Sussex, mandou conceder-lhe uma penso de cem libras annuaes. Instruces a Gameiro. Nas instruces que simultaneamente com a nomeao eram expedidas a Gameiro, dizia-se que elle e o marechal Caldeira Brant, que estava para regressar do Rio de Janeiro, [8] seriam os plenipotenciarios escolhidos para tratar em Londres da questo primordial e magna do reconhecimento do Imperio, que preoccupava essencialmente os estadistas brazileiros e que tambem mais ou menos tinha occupado a atteno de Canning desde a sua volta ao Foreign Office, coincidente com a proclamao do Ipiranga. As instruces do Ministerio de Estrangeiros recommendavam entretanto a Gameiro que se fosse empenhando ssinho pelo alludido negocio, procurando ser logo admittido publicamente como encarregado de negocios, depois ou mesmo antes de dar satisfaco, corroborando a que no Rio de Janeiro fra dada em Notas ao consul Chamberlain, pelos actos inconsiderados do passado ministerio. Diziam estes actos respeito ao incidente com o brigue de guerra Beaver, contra o qual a fortaleza da Lage disparra dois tiros de polvora secca quando ia sahindo em occasio que o porto havia sido mandado fechar, e entrada na armada nacional do desertor tenente Taylor, que o Governo Imperial a muito custo e com muito sacrificio se prestava a demittir e, si tanto fosse exigido, entregar, como prova da sua boa [9] vontade para com a Gr Bretanha. Lembremos de passagem que Canning teve o espirito e a generosidade de contentar-se com a demisso do seu distincto compatriota. Posio diplomatica do Brazil. O recebimento, pelo menos officioso, de Gameiro no padecia duvida, apezar das intimas ligaes de Portugal com a Inglaterra. Nem podia ser d'outro modo. A Frana, si bem que no permittindo a reciprocidade, acabava de despachar como encarregado de negocios para o Rio de Janeiro o conde de Gestas; a Prussia at manifestra desejos de concluir um tratado, e o consul britannico Henry Chamberlain exercia no Brazil funces diplomaticas que, no rigoroso acatamento dos preceitos do direito das gentes, s deveriam caber a um agente acreditado perante um governo legalmente constituido. O reconhecimento formal estava porem longe ainda de achar-se ultimado, e era essa a chave que para o Brazil abriria a porta a todas as outras negociaes, mesmo a da abolio do trafico de escravos com que o Imperador acenava Inglaterra, e cuja regulao inicial no tratado de 1810 com Portugal e na conveno de Londres [10] de 1817 andava to imperfeita ou mal interpretada, que fornecia azo a seguidos protestos do consul Chamberlain. Justificao da Independencia. Nas instruces mandadas a Gameiro, aps insinuado que outras potencias europas poderiam roubar Inglaterra a prioridade no passo de amizade internacional que o reconhecimento significava, assim affectando os interesses commerciaes britannicos, e de reaffirmada a resoluo inabalavel do Imperador e do seu povo em manterem a attitude tomada, resumiam-se os motivos que tivera o Brazil para desligar-se de Portugal, avultando entre elles a retirada de D. Joo VI do Rio de Janeiro e a tyrannia das Crtes demagogicas de Lisboa, e salientava-se que a Politica, os interesses Nacionaes, o resentimento progressivo do Povo, e at a propria Natureza tornavam de facto o Brazil Independente[1]. Relembrava-se que a ex-colonia conciliando os principios da Legitimidade com os da Salvao do Estado, e interesses publicos, patentera toda a sua dedicao Casa de Bragana ao acclamar como seu soberano o [11] primogenito do monarcha portuguez, ao passo que as naes hispano-americanas se tinham constituido debaixo da forma republicana de governo, forma que tambem era a predilecta de uma turbulenta faco no Brazil, animada pela effervescencia do seculo, e a qual augmentaria e ganharia fora si se verificasse que s realezas europas repugnava a plena admisso como legitimo de um governo fundado na justia, e na vontade de quatro milhes de habitantes. O titulo de Imperador correspondia alis a uma ida de escolha, eleio ou sagrao popular que se coadunava com o espirito democratico do paiz, e, no dizer das instruces, fra adoptado por certa delicadeza com Portugal; por ser conforme s idas dos Brazileiros; pela extenso territorial; e finalmente para annexar ao Brazil a cathegoria que lhe dever competir no futuro na lista das outras Potencias do Continente Americano. A mediao ingleza suggerida. Declarando estar prompto para tratar com seu Augusto Pai sobre a base do reconhecimento da cathegoria politica assumida pelo Brazil, e por este modo facultar a Portugal aproveitar do Brazil o que ainda fr possivel, [12] o Imperador acabava por mencionar, como podendo originar um tal resultado, a mediao ingleza, certamente agradavel a Portugal e que elle de boa mente acceitava, sem que a tivesse solicitado. Assim pois, antes da chegada de Caldeira Brant, j tivera Gameiro ensejo e tempo para entender-se com aquelles que deviam ser os mais importantes personagens na pea que se ia representar no tablado do Foreign Office. O caminho estava aberto. Quando ambos os enviados receberam do Rio suas instruces definitivas e plenos poderes para negociarem com todas as potencias europas, immediatamente procuraram em virtude da previa intelligencia tanto o Secretario d'Estado dos Negocios Estrangeiros do Reino Unido, como o baro de Neumann, encarregado de negocios da Austria na ausencia do Embaixador, principe Esterhazy. A Austria igualmente medianeira. Viera a combinar-se que o gabinete de St-James, protector declarado de Portugal, e o Imperador da Austria, sogro de D. Pedro I, seriam conjunctamente os medianeiros ou antes assistentes na paz e reconciliao directamente negociadas em Londres entre a metropole e a colonia da vespera. Canning, [13] em seu louvavel empenho de preservar a paz quanto possivel, gostava de proceder de harmonia e at favorecer os designios das potencias continentaes, sempre que esses no fossem adversos aos interesses britannicos. Os bons officios da Gr Bretanha haviam sido primeiro suggeridos por Palmella, ao responder a uma declarao do novo ministro inglez, Sir Edward Thornton, de que o gabinete britannico estando persuadido da impossibilidade de restabelecer-se a sujeio, voluntaria ou forada, do Brazil, era conveniente concordar-se logo no modo de resolver a pendencia, satisfactoriamente para a independencia politica do Brazil e para a soberania em ambas as partes da monarchia portugueza da Casa de Bragana. Canning resolve a questo da mediao ou bons officios. Um pouco depois, por effeito de conselhos contrarios dados em Lisboa ao gabinete da Bemposta, o conde de Villa Real, ministro portuguez em Londres, vibrou como uma ameaa a interferencia das potencias continentaes. Canning porem, que combatia no Velho Mundo os dictames reaccionarios da Santa Alliana e os desconhecia com relao ao Novo, declinou para [14] o caso vertente toda e qualquer interveno de semelhante natureza. Abria apenas uma excepo para a Austria pela razo do intimo parentesco entre as crtes de Vienna e do Rio de Janeiro, ao ponto mesmo de prometter suspender eventualmente o reconhecimento do Imperio Brazileiro at dar mostras de consummar-se a mediao austriaca, si preferida britannica. Os bons officios da Inglaterra no podiam todavia ser evitados, dada a sua posio de ascendencia em Lisboa como no Brazil, e o Governo Portuguez volveu a cortejal-os, no intuito de por meio d'elles obter do Imperio as condies mais suaves para o orgulho da mi patria. Por seu lado Canning, servindo-se do consul Chamberlain, insinuou a vantagem d'aquelles bons officios no espirito dos governantes brazileiros, a cujo conhecimento incumbiu-se de levar posteriormente as disposies mais conciliadoras de Portugal, de entrar em negociaes para regular a futura successo das duas partes da monarchia e restabelecer as primitivas relaes commerciaes existentes entre os dous reinos. Canning como interventor a pedido. No era facil empreza, mesmo para o genio diplomatico de Canning, o desmanchar as desconfianas e attritos levantados entre Portugal e Brazil, fazendo ver a este quanto a amizade do Velho Mundo lhe seria proveitosa e [15] como lhe cabia angarial-a pela sua moderao e condescendencia, e esforando-se por annullar n'aquelle a procrastinao e m vontade estimuladas pelas potencias continentaes, as quaes pintavam o gabinete britannico como exclusivamente devotado a fomentar os interesses brazileiros. Canning logrou todavia realizar o seu intento. A dissoluo da Constituinte do Rio de Janeiro, em Novembro de 1823, animra o Governo de Lisboa em sua estudada morosidade, alvoroando-o com a perspectiva do predominio no Brazil do chamado partido portuguez; quando porem essa ultima esperana se lhe esvaio, de que o Imperador seria levado ou compellido a readmittir a soberania paterna, mandou ao conde de Villa Real instruces que o fizeram solicitar formalmente, por meio de uma Nota Verbal com data de 4 de Maro de 1824, a interveno britannica afim de obter satisfaces por parte do Brazil. Era um meio indirecto ou antes um circumloquio diplomatico para reabrir a questo, sendo posta de lado a [16] preliminar submisso do Imperio ao seu status colonial. Apparentava-se tratar smente de reparar offensas e prevenir maiores conflictos, previamente a ventilar-se qualquer outra differena, isto , a de soberania ou independencia. Os bons officios da Gr Bretanha e da Austria entraram por esta forma n'uma phase de effectividade, no dispensando absolutamente Canning a collaborao da crte de Vienna, cuja mediao havia sido solicitada em fins de 1823 pelo Governo Portuguez. Benevolencia da Austria. E a Austria entrava no negocio cheia de benevolencia, porque Canning convencra to perfeitamente Metternich que a destruio do throno brazileiro, fatal no caso de falhar o reconhecimento, seria mais perniciosa ao principio monarchico, por ambos os estadistas acatado, do que a acceitao da separao dos dous reinos, que o Chanceller austriaco, aps demorar por alguns mezes sua resposta ao gabinete de Lisboa, declarra sem ambages que lhe no parecia possivel restabelecer-se a situao anterior Independencia e que o mais avisado seria, na hypothese muito provavel do Brazil no consentir em acceder a uma [17] autonomia completa e effectiva, debaixo da suzerania portugueza e sob o governo de um principe portuguez, assegurar a cora americana para a Casa de Bragana. O Governo Austriaco dizia-se prompto at a annunciar ao Imperador do Brazil, uma vez effectuada, a concesso da independencia, a qual todavia nunca reconheceria seno depois de o fazer Sua Magestade Fidelissima. Hostilidade da Santa Aliana. A Inglaterra e a Austria em pontos de vista diversos. A boa vontade da Austria, inspirada pelas consideraes de familia, no era porem tudo, mesmo que no variasse, segundo veio a acontecer. Canning perceberia a breve trecho, conforme escrevia a Lord Liverpool poucos mezes depois, que Portugal parecia ser o terreno escolhido pela Alliana continental para combater peito a peito a Inglaterra, pelo que devemos estar preparados para travar a peleja e destroar o inimigo, supportando qualquer forma imaginavel de intriga ou intimidao, sob pena de sermos expulsos do campo[2]. Comea porque os dous medianeiros da questo brazileira de certo modo collocavam-se em [18] pontos de vista diversos. A Austria, ou Metternich por ella, no podia seguramente ver com muito bons olhos que o Imperio Americano pretendesse trilhar a senda constitucional, legado da maldicta Revoluo. Metternich e a Constituio Brazileira. Um momento houve mais tarde em que Canning assustou-se devras com um boato corrente, de ter Telles da Silva, o agente brazileiro em Vienna, promettido ao Chanceller desistir o Imperador, em troca do reconhecimento, da perfilhada orientao liberal, e chegou a perguntar por escripto a Brant e Gameiro si era verdadeira tal inteno. O boato era falso, ainda que lhe dessem cr a dissoluo forada da Constituinte e as subsequentes deportaes politicas, mas o certo que, segundo l-se na correspondencia dos nossos enviados, Neumann iria successivamente esfriando do seu primitivo interesse pela causa brazileira, acabando por trabalhar de mos dadas com o plenipotenciario portuguez, conde de Villa Real. A orientao franceza sob os Bourbons. Esta mudana s deve ser attribuida conhecida e fundamental antipathia da Santa Alliana por tudo quanto tresandava a liberalismo e ao accrescimo de favor que conseguintemente lhes merecia o Portugal regressado [19] aos bons tempos do absolutismo. A referida attitude do Imperador D. Pedro contra a Camara emanada da vontade popular, o seu acto de violencia seguido da outorga de uma Carta Constitucional, deviam-lhe no emtanto assegurar pelo menos a sympathia da Frana, que para effectuar uma mudana semelhante em proveito de Fernando VII, emprehendra a expedio de Hespanha. Frana porem desagradariam altamente o reconhecimento pacifico e cordial e a reconciliao do Imperio com o Reino mediante a interveno amigavel da Inglaterra, que assim recolheria a gratido de ambas as partes; isto quando os seus planos politicos, sobretudo acariciados pela fogosa imaginao romantica de Chateaubriand, abraavam uma larga esphera de actividade opposta britannica. Largos planos de Chateaubriand. O Ministro dos Negocios Estrangeiros de Luiz XVIII calculra, no sem propriedade, que a restaurao da monarchia absoluta hespanhola pelo exercito francez daria nao invasora o direito consequente e inseparavel de auxiliar a reconquista da [20] America Hespanhola, ou mesmo redundaria n'uma procurao para tal fim. Inglaterra que, quarenta annos atraz, sustentra uma custosa guerra para reduzir obediencia as suas colonias americanas revoltadas, estava vedado empatar em principio o exercicio dos incontestaveis direitos hespanhoes, e si tal o fizesse na pratica, contava a Frana com a neutralidade benevola das potencias continentaes para a sua faina de abater, por meio de uma guerra, as pretenes britannicas e tomar a desforra de Waterloo, ao mesmo tempo tornando popular pelo reflexo da gloria militar a monarchia dos Bourbons. Nas Memorias d'alm campa Chateaubriand confessa no ter tido em vista fito mais alto do que esse interesse dynastico, ao servir a politica bellicosa do momento e levar a cabo as decises do Congresso de Verona, parallelamente reduzindo a questo hespanhola, de europa a franceza, o que traduzia uma decidida vantagem nacional. A Frana no Novo Mundo. A reconquista da America Hespanhola em proveito do inepto representante dos Bourbons d'Hespanha, afra o immenso beneficio moral, traria com certeza para a [21] Franaassim o devaneavam Chateaubriand e o gabinete Villleuma recompensa territorial avultada no Novo Mundo, a qual seria o nucleo da reconstituio do poderio colonial francez, perdido no decorrer do seculo anterior e com que se locupletra a Inglaterra, empolgando o Canad e alastrando-se pelo Hindosto. Chateaubriand, que vaguera pelos campos do Oeste americano, tornados ainda mais extensos pela solido immensa em que jaziam, e, contemplando as aguas barrentas do Mississippi, meditra longamente sobre os problemas politicos e moraes do universo, sentia mais do que qualquer outro a importancia da diminuio soffrida pela Frana com a perda do Canad e a alienao da Louisiana, cuja junco com a possesso do norte, subindo a corrente do grande rio que parte longitudinalmente em dous os Estados Unidos, interceptaria a expanso ingleza e fundaria um imperio latino onde hoje se espraia a magestosa democracia anglo-saxonica. O posto seria, alem de tudo o mais, excellente para exercer sobre a America Central e Meridional a hegemonia que os Estados Un Franaassim o devaneavam Chateaubriand e o gabinete Villleuma recompensa territorial avultada no Novo Mundo, a qual seria o nucleo da reconstituio do poderio colonial francez, perdido no decorrer do seculo anterior e com que se locupletra a Inglaterra, empolgando o Canad e alastrando-se pelo Hindosto. Chateaubriand, que vaguera pelos campos do Oeste americano, tornados ainda mais extensos pela solido immensa em que jaziam, e, contemplando as aguas barrentas do Mississippi, meditra longamente sobre os problemas politicos e moraes do universo, sentia mais do que qualquer outro a importancia da diminuio soffrida pela Frana com a perda do Canad e a alienao da Louisiana, cuja junco com a possesso do norte, subindo a corrente do grande rio que parte longitudinalmente em dous os Estados Unidos, interceptaria a expanso ingleza e fundaria um imperio latino onde hoje se espraia a magestosa democracia anglo-saxonica. O posto seria, alem de tudo o mais, excellente para exercer sobre a America Central e Meridional a hegemonia que os Estados Unidos j estavam avocando e a [22] que Luiz Napoleo mais tarde quiz insensatamente oppr a do Imperio Mexicano estabelecido e protegido pelas aguias francezas Inconvenientes para o partido da reaco de uma soluo amigavel do conflicto luso-brazileiro. A serena liquidao da questo brazileira seria, para a execuo de to altos designios, um obstaculo quasi insuperavel, representando uma victoria para a Gr Bretanha, que assim desfeiteava a Santa Alliana, reforava a opinio liberal do mundo em prol da independencia das colonias hespanholas, e em extremo difficultava o complemento do projecto de restaurao ultramarina da auctoridade da metropole. No admira pois que a Frana se absorvesse na partida, usando de toda a sua pericia. Mesmo despedido Chateaubriand do ministerio, o que se deu a 5 de Junho de 1824, a politica franceza no variava o seu rumo e Villle, seno um ultra, pelo menos governado por elles, ficava para zelar-lhe a orientao geral, naturalmente antipathica ao Imperio, cujo soberano trahia em alguns actos a sua educao absolutista, mas cujos estadistas persistiam, com o seu instinctivo feitio democratico, em desafiar a legitimidade, o direito divino e outros fetiches do passado. [23] Embaraos creados pelo partido da reaco Si l'empereur ne s'accommode pas aux vues des Souverains de l'Europe, on le fera sauter en trois mois, chegou Neumann a dizer um dia a Brant; ao que, sem perder o sangue frio, replicou laconicamente o marechal: Tant pis pour eux, significando, como Canning, que os soberanos europeus assim ceifariam ingloriamente a unica monarchia americana, sem poder mais substituil-a pelo extincto regimen colonial e smente dando nascimento a uma outra republica. Brant e Gameiro, bem que no quizessem dar a conhecer aos estranhos o seu estado de espiri ......Buy Now (To Read More)

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Shipping

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