Noções botanicas das especies de Nicociana mais usadas nas fabricas de tabaco, e da sua cultura

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Author: Avellar Brotero, Felix de,1744-1828
Format: eBook
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Noções botanicas das especies de Nicociana mais usadas nas fabricas de tabaco, e da sua cultura

Title: Noes botanicas das especies de Nicociana mais usadas nas fabricas de tabaco, e da sua cultura Release Date: March 11, 2012 [EBook #39107] Language: Portuguese Credits: Produced by Rita Farinha and Alberto Manuel Brando Simes (This book was produced from scanned images of public domain material from the Google Print project.) Nota de editor: Devido existncia de erros tipogrficos neste texto, foram tomadas vrias decises quanto verso final. Em caso de dvida, a grafia foi mantida de acordo com o original. No final deste livro encontrar a lista de erros corrigidos. Rita Farinha (Maro 2012) NOES BOTANICAS DAS ESPECIES DE NICOCIANA MAIS USADAS NAS FABRICAS DE TABACO, E DA SUA CULTURA. PELO Dr. FELIX DE AVELLAR BROTERO. LISBOA: NA IMPRESSO REGIA. ANNO 1826. Com Licena. [3] As plantas, cujas folhas se costumo usar na factura de diversas sortes de Tabaco, so todas do genero Nicotiana, segundo a opinio de todos os Botanicos modernos. Este genero pertence Familia das Solaneas da Classe oitava do Methodo natural do Dr. Jussieu, e Classe Pentandria, Ordem Monogynia do Systema artificial do Dr. Linno: as suas notas caracteristicas so as seguintes. Caracter natural (ou extenso). O calys he monophyllo, ovado, fendido em cinco lacinias, e persistente. A corolla he monoptala, e afunilada; tem o tubo mais comprido do que o calys, e a orla hum pouco patente, dividida em cinco segmentos iguaes. Os filetes dos estames so cinco remontantes, assovelados, e quasi to compridos como a corolla: as suas antheras so oblongas, e obtusas. No pistillo o germen he sobre-posto ao receptaculo da fructificao, ovado, e terminado por hum estylete filiforme do comprimento da corolla, cujo estigma he hum tanto capitoso, e chanfrado. O pericarpo he huma capsula ovada com hum pequeno rego de cada banda, de duas cellulas, e duas valvulas; abre-se pelo cume, e tem no centro dous corpos esponjosos apegados ao partimento, e assim formando hum grosso pilar. As sementes so numerosas, reniformes, rugosas, e denigridas, ou ruivas, e oleosas. [4] Caracter essencial (ou abbreviado). O calys fendido em cinco lacinias; corolla muito mais comprida do que elle, afunilada, fendida em cinco segmentos iguaes, e regular; estames inclinados para huma banda; estigma chanfrado; capsula bivalve, e de duas cellulas. Especie 1. Nicociana Tabacoeira Vulgar, Herva Sancta, Herva do Tabaco ordinaria. (Nicotiana tabacum Lin.) Caracter especifico abbreviado. As folhas so lanceoladas-ovadas, agudas, rentes, hum pouco decursivas pelo caule; as lacinias da sua corolla so agudas. Descripo. A raiz desta especie he composta de varios ramos subdivididos em muitas radiculas, mais ou menos delgadas, alvadias, quasi inodoras, mas de sabor acre, como o do caule, e folhas. He annual, ou vivaz, conforme os climas. O caule he rolio, hum tanto lanuginoso, viscoso, e dividido em varios ramos alternos, e levantados; a sua altura, grossura, e durao vara conforme os climas, e terrenos: nos paizes quentes, e em Portugal dura vivo mais de hum anno; no Real Jardim Botanico da Ajuda ha hum p de quatro annos, cujo caule he macio, e lenhoso, tem mais de quinze palmos de alto, e quase duas pollegadas de grossura na base. As folhas so dispostas alternadamente, e sujeitas [5] a variar, segundo os climas, e terrenos; em huma variedade so largamente lanceoladas, participando hum pouco da forma ovada, agudas, na base rentes, e ahi rematadas em dous lobulos obtusos, abarcantes, e mais, ou menos decursivos pelo caule; em outra variedade so estreitamente lanceoladas, muito pontudas, e para a banda da base de tal sorte estreitadas, que parecem pecioladas, sem com tudo o serem, mas rentes, com dous lobulos obtusos, muito pouco, ou nada decursivos; em algumas outras variedades acima destes lobulos ha huma sinuosidade de cada lado, e depois a folha fica estreitamente lanceolada; em todas estas variedades as duas faces da folha so verdes, mais ou menos lanuginosas, e viscosas; o seu talo, e veios, mais ou menos grossos, segundo a crassitude, e extenso do seu parenchyma; a sua grandeza ordinaria nos terrenos pingues, e bem cultivados he de p e meio at dous ps de comprido, raramente mais, e de hum p, ou pouco mais, de largo; mas estas medidas diminuem muito nos terrenos mediocres, e pouco ferteis; nos paizes quentes, e no estado da sua perfeita madureza tem muito forte cheiro. As flores so dispostas em panicula na extremidade do caule, e dos seus ramos; so como expuz no caracter natural do genero; alem disso, o calyz he lanuginoso, a corolla tem o tubo hum pouco felpudo por fora, e a orla dividida em lacinias agudas, e mais, ou menos purpureas, ou cr de carne. Os orgao sexuaes, fructo, e sementes so como mencionei no caracter natural do genero. Esta especie he indigena do Brasil, Per, Antilhas, e outros paizes quentes da America; a mais antigamente usada para tabaco de fumo, [6] e as suas variedades, e subvariedades so hoje tambem as que mais se emprego na fabricao dos diversos tabacos. A sua durao, e tempo de florescencia vario conforme os climas; nos do norte da Europa he ordinariamente annual, floresce commumente em Julho, e Agosto, e perece inteiramente com os frios do outuno: nos paizes os mais meridionaes da Europa vive ordinariamente mais de hum anno, e floresce aqui em todas as estaes, menos no inverno; na Africa, e Asia a sua durao, e florecencia differe pouco das da America meridional: no Brasil chega a viver dez, e doze annos, florece em todas as estaes, e conserva muitos annos as suas folhas vigorosas. Especie 2. Nicociana arbustiva, ou Tabacoeira arbustiva. (Nicotiana fruticosa de Linno, La Marck, e outros Botanicos.) Caracter especifico abbreviado, segundo os Botanicos modernos. As folhas so estreitamente lanceoladas, muito attenuadas para a banda da base, e parecendo assim quasi pecioladas, mas so rentes, com os seus lobulos abarcantes, e pouco, ou nada decursivos; o caule he arbustivo. Os distinctivos, que nas suas Descripes os Botanicos modernos do desta planta, e o caracter especifico, que lhe designo, so insufficientes para a constituir especie diversa da precedente; o ser arbustiva, ou subarbustiva he proprio tambem da primeira; as folhas, mais ou menos estreitas com a forma lanceolada, s podem [7] constituir variedade, e o mesmo se deve julgar de ser a sua panicula hum pouco mais laxa, o caule mais baixo, e as lacinias do calyz, e da corolla mais compridas, e o seu tubo mais apertado. Nem me parece que esta planta seja indigena da China, e do Cabo da Boa Esperana, como dizem, antes penso que he Americana na sua origem, pelas razes, que depois indicarei, e to somente huma variedade da Nicociana Tabacoeira do Brasil, que nos ditos paizes se acha naturalisada. Especie 3. Nicociana rustica, ou Tabacoeira menos ordinaria. (Nicotiana rustica Lin. et La Marck.) Caracter especifico abbreviado. As folhas so ovadas, obtusas, pecioladas; as corollas das suas flores so amarelladas, de orla muito curta, com lacinias obtusas. Descripo. A raiz desta planta he da grossura do dedo minimo no seu collo, raramente simples, quasi fusiforme, porquanto ordinariamente he dividida em varios ramos, de cr alvadia, mais ou menos obliquos, sem profundarem muito a terra, e guarnecidos de muitas radiculas capillares. O seu caule he rolio, felpudo, viscoso, rijo, e levantado at altura de dous, ou tres ps; divide-se em varios ramos, alternos, levantados. As suas folhas so tambem alternas, ovadas, obtusas, viscosas, integerrimas, e todas pecioladas com peciolos curtos; a sua superficie he rugosa em huma [8] variedade. As duas flores so dispostas em huma panicula apertada na extremidade do caule, e ramos. A sua florecencia na Europa he em Junho, e Julho. A corolla he amarellada, tem o tubo pouco mais comprido do que o calys; a sua orla he pequena, patente, e dividida em cinco lacinias obtusas, e redondeadas. As suas capsulas so obtusas, e quasi globosas. Esta especie he indigena do Brasil, e de outros paizes da America meridional; alguns pertendem que as suas sementes foro trazidas do Mexico para a Europa, e antes que as da Nicociana Tabacoeira vulgar; seja o que fr, he certo que ha muitos annos os Inglezes, Francezes, e outras Naes Europeas a cultivo para tabaco. Ella se acha aclimada, e naturalisada hoje na Europa, e em alguns sitios, que so proprios para os Meimendros; propaga-se pelas suas sementes to espontaneamente como elles; por tanto a sua cultura he muito facil, mas as suas folhas so pequenas, e somente para tabaco de fumo se tem reputado proprias. Eu no sei se no Brasil ella he hoje empregada neste uso, porque antigamente s era usada como medicamento. Especie 4. Nicociana glutinosa, ou Tabacoeira racimosa. (Nicotiana glutinosa Lin. et La Marck.) Caracter especifico abbreviado. As folhas so cordiformes, integerrimas, pecioladas; as flores dispostas em racimos, e voltadas todas para hum mesmo lado; o calys tem o segmento superior maior. [9] Descripo. Esta especie tem o caule rolio, felpudo, viscoso, e por fim co; a sua altura he de dous at quatro ps, e ordinariamente ramoso. As suas folhas so pequenas, alternas, em forma de corao, agudas, ondeadas, hum pouco felpudas, muito viscosas, e pecioladas. As flores so viscosas, e dispostas em cachos simples, e curtos; os seus pedunculos so alternos, mas curtos do que as flores, e unilateraes; junto da sua base tem huma, ou duas bracteas lineares, agudas, e de menor comprimento do que elles. As lacinias do calys so agudas, mais ou menos desiguaes entre si, e a superior he sempre mais comprida. A corolla tem o tubo pallido, estreito, curto, e curvado, depois he tumida, e bipeda, as suas lacinias so ovadas, agudas, de cr purpurea desmaiada, e hum tanto desiguaes no comprimento, de modo que a orla parece quasi bilabiada. Os estames esto inclinados para a banda de cima da corolla, e igualmente o estylete do pistillo. A capsula he ovada, e aguda. Esta planta he indigena do Per, e annual; alguns a cultivo, e emprego as suas pequenas folhas nos mesmos usos, que as da Nicociana rustica. Especie 5. Nicociana paniculada. (Nicociana paniculata Lin.) Caracter especifico abrreviado. As folhas so cordiformes, integerrimas, e pecioladas; as suas flores dispostas em huma laxa panicula; o tubo da corolla he muito comprido, [10] e aclavado na parte superior; e as lacinias da sua orla curtas, e obtusas. Descripo. O caule desta especie he rolio, estriado, e coberto de huma lanugem alvadia; tem tres ps e meio at quatro de altura, os seus ramos so alternos, e levantados. As suas folhas tambem so alternas, e em forma de corao, integerrimas, agudas, e hum tanto alvadias, em razo de serem cobertas de huma certa lanugem esbranquiada; os seu peciolos so compridos, canaliculados, e cotanilhosos. As flores so dispostas em huma panicula terminal, solta, e pouco ramificada; os seus pedunculos so felpudos, e viscosos. O calys he dividido em cinco dentes agudos, e quasi lanceolados. O tubo da corolla he muito comprido, estreito, e em forma de massa (clava) na sua extremidade; a sua orla he patente, e as suas cinco lacinias so muito curtas, e obtusas. Tem a capsula aguda. He annual, e indigena do Per, aonde foi descoberta, e desenhada pelo Padre Feuille. Mostra ter grande affinidade, e semelhana com a Nicociana rustica, mas differe della, principalmente pelas suas folhas, e corolla; florece na Europa nos mesmos mezes, e lhe pode ser substituida, posto que mais delicada. No sei que esta especie seja indigena do Brasil, nem que nelle seja cultivada, e me admiro muito que Mr. Sarrazin no seu moderno Tractado das Tabacoeiras, seguido por Mr. Bosc, e alguns outros Botanicos Francezes, diga ser ella a Tabacoeira commum do Brasil, e da Asia, a qual com grande probabilidade me no parece ser outra seno a Nicotiana tabacum de Linno. [11] Todos os Auctores Botanicos, que nos seus Tractados Systematicos fazem meno deste genero de hervas destinadas para a facturao de diversos Tabacos, comeo pela especie, que Linno denomina Nicotiana Tabacum; todos os Tractados sobre o Tabaco, ou pr ou contra o seu uso, indico esta mesma especie, e a dizem ser indigena de Yucatan, aonde os Hespanhoes a achro em 1520, e depois em Tabago, e outros paizes quentes da America; os Portuguezes a descobrro tambem depois no Brasil, e lhe dero o nome de Herva Sancta por causa da sua virtude vulneraria, e outras. Ella he pois a primeira, e a que mais antigamente foi conhecida no seu genero: Hespanha, e Portugal foro tambem os paizes da Europa, para onde primeiramente as suas sementes foro remettidas, e aonde foro primeiramente obtidas, compradas, e para outros enviadas. Mr. Nicot, sendo Embaixador de Frana na Crte de Lisboa, ahi as conseguio, e levou para Pars em 1560, anno em que data a introduco da Herva do Tabaco em Frana; por cujo motivo muitos Francezes lhe ficro chamando Nicociana: depois Tournefort; e Linno, e alguns outros Botanicos adoptro este nome com preferencia a outros, e o constituro generico, applicando-lhe por especifico o de Tabacoeira, ou Tabaco, que era o nome, que os Hespanhoes lhe havio dado, deduzido da Ilha de Tabago, aonde a sua cultura, e commercio primitivamente se tinho estabelecido. O Cardeal de Sancta Cruz, Nuncio do Papa em Lisboa, no mesmo tempo, em que nesta Capital Mr. Nicot havia estado por Embaixador de Frana, tendo tambem ahi podido obter algumas das ditas sementes, as mandou para Italia, aonde fez pela [12] primeira vez conhecer aos Italianos a Herva do Tabaco, e elles lhe dero ento por isso o nome de Herva de Sancta Cruz. Por meio destas, e outras sementes, que os Italianos alcanro de Portugal, Hespanha, e de outros paizes da Europa, aonde j era cultivada esta especie, estendeo-se a sua cultura pela Calabria, Sardenha, Ilhas do Archiplago, Syria, e Asia menor. Os Portuguezes, e Hollandezes, que introduzro pouco a pouco o uso de tomar Tabaco de fumo em todas as costas meridionaes da Africa, e Asia, em alguns lugares dellas tambem introduzro as sementes, e cultura desta especie de Nicociana; ella se tem ahi facilmente naturalisado por serem os climas muito analogos ao do seu paiz natal Americano; e hoje de tal sorte ahi se encontra vegetando espontaneamente, que parece tambem ser indigena da Africa, e Asia, e por alguns assim erradamente tem sido reputada. A cultura desta especie, em pequena quantidade tanto nas hortas de Portugal, como nas das Ilhas dos Aores, he muito antiga; e provavelmente comeou a tentar-se logo que as suas folhas entrro a ser lucrativas. Nenhum paiz da Europa he mais favoravel sua vegetao, e cultura do que Portugal; algumas pessoas me tem assegurado t-la visto espontanea na visinhana de algumas hortas no Algarve; na Ilha das Flores tambem me consta dar-se espontaneamente, e por isso os habitantes lhe chamo brava; neste estado silvestre o seu caule, folhas, e outros productos so mais pequenos do que os das cultivadas, a que chamo mansas, e xarafanas; mas esta differena s constitue variedade de especie, e no especie diversa, porque todas concordo essencialmente no mesmo caracter especifico, e [13] todas tem as mesmas qualidades, e prestimos. proporo que o uso das folhas desta Tabacoeira primaria se foi dilatando, e, sendo lucrativo, assim se foro estendendo as suas culturas por toda a parte; nas que se estabelecro nos paizes do norte da Europa, e America a especie passou ahi a ser annual, e a produzir muitas variedades, com folhas mais ou menos estreitamente lanceoladas, pontudas, e pouco ou nada decursivas. As folhas de todas as variedades, ou estreitas ou largas, so sempre mais ou menos acres, e narcoticas, conforme os climas, e terrenos, em que se cultivo; e em razo destas qualidades, mais ou menos fortes, so usadas ou s per si, ou mistas com outras para os differentes Tabacos. As culturas das variedades desta especie no so uniformes por toda a parte; e como ellas no deixo de contribuir mais ou menos para as qualidades da sua folha propria para differentes Tabacos, eu passarei agora a expr as que em diversos climas diversas Naes pratico, por desejar ser util a quaesquer colonos, que houverem de emprender este genero de Agricultura nos Estados Ultramarinos Portuguezes. [14] CULTURA DA PLANTA DO TABACO. Em diversos paizes, onde se cultiva esta Planta, seguem-se methodos diversos, que exige a variedade dos sitios, e climas, e mesmo ordinariamente a natureza dos terrenos. Estes methodos convem nos essenciaes pontos, e s differem em algumas circumstancias particulares. A maior parte da Folha de Tabaco, que consome a Europa, vem dos Estados Unidos da America; ser pois acertado fazer conhecer primeiro como elle he cultivado, e preparado nesta parte do Globo terrestre; e como a exportao maior he dos Estados da Virginia, e Maryland, por estes principiaremos. Cultura, e preparao da Planta do Tabaco na Virginia, e Maryland, segundo Miller. Na Virginia, e Maryland sema-se a Tabacoeira em camas de estrume, e debaixo de caxilhos; esta sementeira faz-se na primavera, mais cedo ou mais tarde, segundo esta estao, he mais ou menos tempor, e em razo de ser mais ou menos favoravel a sua temperatura, e meteoros. Faz-se tambem a sua sementeira nas terras bem lavradas, estrumadas, esterroadas, e tornadas soltas; mas ento ha cuidado de cobrir a dita sementeira, [15] havendo a menor apparencia de frio. Esta planta gosta de huma terra quente, branda, fertil, e mista de ara; em hum terreno virgem, e humido ella cresce com muita fora. A planta, criada ou nas camas de estrume, ou no meio das terras em sementeira conveniente, acha-se em estado de ser transplantada para o lugar, onde deve ficar, logo que tem quatro folhas, e que a quinta comea a formar-se; para esta operao aproveita-se a primeira chuva. O terreno destinado para nelle se transplantar a Tabacoeira est preparado em monticulos, como para huma plantao de Lupulo; elle deve ter sido lavrado charrua, ou enchada, o que he ainda mais util, e tornado to brando, e solto, quanto he possivel. Na exposio do Sul, em declivio brando, ou em hum campo abrigado dos ventos Norte, e Nordeste, o bom successo da plantao he mais seguro. Hum mez depois que as tenras plantas tem sido transplantadas, ellas adquirem hum p, ou mais de altura. Se ellas crescem rapidamente, elevo muito de pressa a sua guia, e lano rebentes na parte superior; os cultivadores corto-lhos todos, e a guia, a fim de que o tronco fornea mais succos s folhas; arranco tambem, ao mesmo tempo, e pelo mesmo motivo, as folhas, que esto muito baixas, e perto da terra, deixando s no tronco oito at doze. Elles tem cuidado de sachar muitas vezes o terreno plantado, e de arrancar todos os renovos, que rebento ao longo do tronco, ou da sua base, e p. Tres mezes quasi, depois de se ter feito a transplantao, as plantas tem adquirido todo o seu crescimento; ellas tem ento quatro ou cinco ps de alto, e s vezes mais; so outra vez [16] decotadas na guia, e rebentes. Brevemente, depois disso, as folhas, que ero de huma cr verde pllida, ou amarellada, se torno de hum verde escuro misto de malhas pequenas amarelladas nas suas nervuras; ellas se enrugo, e comeo a tornar-se mais asperas ao tacto; he por estes signaes que os Cultivadores conhecem a madureza das tolhas. Corto ento as plantas, algumas pollegadas acima da face da terra, proporo que vo amadurecendo as suas folhas; deixo-as deitadas no cho todo o resto do dia, o que faz murchar as folhas. Junto noite ajunto-as, e pem-as em montes para que transpirem, ou suem alguma humidade durante a noite; e, se ellas abundo muito em succos, expe-as de novo ao Sol no dia seguinte para que melhor amadureo, e se condensem os seus ditos succos; depois disso levo-as para debaixo de telheiros, ou alpendradas, edificados de modo que o ar nelles possa entrar por todas as partes, mas no a chuva. Penduro-as ahi, cada huma separadamente, e deixo-as seccar por espao de quatro, ou cinco semanas. Se a estao corre fria, uso do fogo para esta desseccao. O tabaco de Maryland, destinado para fumar, he quasi inteiramente seccado por meio do fogo; elle se torna amarellado, e he o mais caro de todos. Depois da inteira deseccao, as plantas so tiradas dos telheiros em hum tempo humido; porque, se as tirassem donde estavo penduradas em hum tempo scco, as folhas se desfario em migalhas. Depois estendem-as em montes sobre esteires feitos de verga, cobrem-as, deixo-as ainda suar huma semana, ou duas, conforme a sua qualidade, e conforme corre a estao, e tem [17] cuidado de visitar os ditos montes repetidas vezes para examinar o gro do seu calor, para os abrir, revirar, e revolver, a fim de impedir que nenhuma das suas partes aquea demasiadamente, porque a fermentao poderia passar at o gro de inflammao; e demais disso huma demasiada reaco fermentativa destruiria os principios, e qualidades dos succos, e faria apodrecer as folhas: he esta pois a parte mais difficil da sua preparao, e no admitte regra geral; ella depende unicamente da experiencia, e habito; hum negro exercitado nesta manipulao, mettendo a mo em hum monte de folhas, destinguir cem vezes melhor o gro conveniente de calor, do que o faria hum physico com o seu thermometro. Quando esta fermentao est completamente terminada, despojo os troncos das suas folhas, separando-as da parte do cume do tronco daquellas da banda da raiz, e esta separao em duas, ou tres classes. Estas folhas deixo-se inteiramente seccar de novo, e depois so reunidas dez a dez, ou doze a doze em molhos, e ligadas; estes molhos so chamados mancas, e so postos em camadas regulares em barricas, pondo-se repetidas vezes por cima dellas, proporo que se vo enchendo as barricas, huma forte tampa redonda, apertada nas ditas vezes por meio de hum prlo, ou alavanca de 1. especie, que faz o effeito de hum pezo de 2, 3, ou 4 mil arrateis. Este modo de embarricar, em razo da compacidade, em que fico as folhas, he hum dos pontos os mais essenciaes para a boa conservao dellas. s vezes as folhas de melhor, e mais fina qualidade so enviadas em forma de rlos; ento as folhas so despojadas das suas fibras grossas, [18] ou costilhas. Estas duas operaes, tanto de embarricar, corno de fazer os rlos, so effeituadas em hum tempo humido, quando as folhas sccas so mais brandas, e flexiveis. As folhas da Tabacoeira assim preparadas so remettidas ao lugar do mercado; mas antes de ser vendido est sujeito a ser examinado pelos Officiaes pblicos instruidos para isso, e chamados Inspectores do Tabaco, os quaes determino a sua qualidade. Toda a sorte de folha mal preparada, que foi molhada no caminho, e que por isso, ou por qualquer outras causas fermentou de novo nas barricas, he condemnada a ser queimada, e perdida por conta de seu dono. Os Americanos tem leis para regular todos estes objectos; e pela rigorosa observao dellas he que a cultura da planta, e a preparao da folha se tem tanto aperfeioado, e que o commercio, que com ella fazem, se tem estendido at o ponto, em que se v. Nos annos antes da sua ruptura com a Inglaterra, as duas Provincias da Virginia, e Maryland remettio Gr-Bretanha 768:000 libras esterlinas em folhas de tabaco: o seu preo medio era a oito libras esterlinas por cada barrica de 1:200 at 1:400 arrateis cada huma, o que faz 96:000 barricas de exportao. Desta quantidade quasi 13:500 barricas se gastavo nos Reinos Britannicos, e pagavo ao Estado 26 libras esterlinas e hum xelim de direitos por barrica, por tudo 351:675 libras esterlinas; as outras 82:500 barricas ero exportadas para outros paizes da Europa pelos Negociantes Inglezes. Neste ramo de commercio s per si ero empregados trezentos e trinta navios, e quatro mil marinheiros. Ao que dissemos sobre a cultura, e recolhimento das folhas da Tabacoeira nos Estados Unidos [19] dos Americanos, devem ajuntar-se as observaes seguintes. 1. A boa folha das Tabacoeiras completamente preparada, e embarricada do modo acima declarado no sa, nem fermenta mais, excepto havendo algum accidente extraordinario: se, pelo contrario, ella foi mal preparada, no sufficientemente scca, nem bem comprimida nas barricas, ella soffre huma nova fermentao, e depois apodrece. 2. A folha das Tabacoeiras de huma segunda colheita, isto he, os renovos, que rebento nos troncos, ou tocos, depois que a primeira planta, ou tronco principal foi cortado, he sempre ruim, fora de estado de se poder conservar por qualquer preparao que seja; por conseguinte a sua exportao para o estrangeiro ou s per si, ou misturada com outras he constantemente prohibida pelas leis do paiz. 3. Quanto mais pingue, e humido fr o terreno empregado na cultura, e plantao da planta do Tabaco, e quanto mais esta abundar em principios aquosos, oleosos, e acres, tanto mais tambem se prolongar a sua desseccao, e fermentao, e precisar de mais cuidado: huma preparao sufficiente para a folha ordinaria he insufficiente para esta, porque ella fermenta de novo, e se corrompe depois; ella fermenta, e apodrece tambem, todas as vezes que he molhada na barrica, ainda mesmo que tenha sido bem preparada. Nesta nova fermentao as folhas se enchem de bolr, perdem o seu cheiro, e gosto, fazem-se brancas, e de modo tal se corrompem, que no servem para mais nada do que para estrume. 4. Em hum terreno muito pingue, e humido [20] a planta do Tabaco eleva-se at mais de seis ps, e as suas folhas por todos os lados adquirem huma extenso enorme. Huma planta to bem nutrida contem huma tal abundancia de succos, e principios taes, que he difficil de preparar a sua folha de modo, que se possa conservar muito tempo sem huma nova fermentao perigosa. 5. As plantas, que produzem a folha de mais fina, e delicada qualidade, so as que se crio em hum terreno moderadamente pingue, e solto na parte occidental da Virginia, e Maryland, perto das montanhas de Allegany; mas o producto he muito menos do que nos prados humidos, e nas margens dos rios, que fico mais perto do mar. Se o terreno he muito solto, e sabuloso, a planta soffre nimiamente da scca, e calor, e produz muito pouco. 6. Em fim, he necessario hum muito grande gro de calor tanto para a cultura, como para a preparao da Folha das Tabacoeiras; o calor do mez de Junho, Julho, e Agosto na Virginia he ordinariamente de quasi 30 gros do thermometro de Reaumur; e esta Provincia est situada entre 36, e 40 gr. de lat. septentrional. Da Cultura da Tabacoeira em Hollanda. Ainda que a Hollanda esteja em hum clima bem diverso do da Virginia, o povo industrioso, que o habita, no he menos dado cultura da planta do Tabaco, e delle tem feito hum dos ramos importantes do seu commercio, e das suas riquezas. Cultiva-se com effeito muito Tabaco na Hollanda; somente as Provincias de Gueldres, e Utrecht produzem annualmente onze milhes de [21] arrateis, de que tres ero algum dia vendidos ao Contracto geral de Frana. Neste paiz, principalmente nos redores de Armesfort, sema-se a semente da planta do Tabaco em grandes camas de estrume formadas com taboas; ellas tem tres ps de altura, dez de largo, e hum comprimento indeterminado; so rodeadas por fora at a altura das taboas com estrumes dos porcos, e carneiros, mistos com a palha das camas, em que elles se deito; e por dentro so recheadas da mesma casta de estrume at a altura de dous ps, e por cima deste de hum p de terra fina solta, e bem mista com estrume podre, que forma huma sorte de verdadeira terrugem. Em quanto a semente germina, e a plantula seminal cresce, e se fortifica nesta cama de estrume, preparo-se outras camas no longe della, mas de hum genero differente, e so humas especies de canteiros. Para os fazer abre-se no terreno huma cova de algumas pollegadas de profundidade; so separados estes canteiros huns dos outros por huma vereda de hum palmo de largo, ou pouco menos, so escarnados, a sua base he de dous ps e meio, a sua altura he de dous ps, e a sua escarpa, ou jorro he de tres pollegadas de cada hum dos dous lados, de sorte que na parte superior s tem dous ps de largura, e o seu comprimento he indeterminado. A sua direco he do Norte para o Sul. Na altura de seis, ou oito pollegadas acima do nivel da cova pe-se huma camada de estrume de carneiro bem fino, e esmigalhado, a qual he de pollegada e meia de grossura, e por cima della outra de seis pollegadas de terra bem estrumada, e se contina assim camada sobre camada at a altura indicada de dous ps. As veredas tem duas utilidades: [22] o dar expedio corrente das aguas, e commodidade para fazer as sachas. s vezes estes canteiros tem mais, ou menos altura, conforme o terreno he mais, ou menos humido: mas a sua largura na parte superior he sempre de dous at tres ps, quando muito. He nestes canteiros assim preparados que se faz a transplantao das novas plantas, com as cautelas ordinarias; e para tirar algum proveito das camas de estrume das sementeiras, que fico ento vagas, semo nellas sementes de alface, aipo, e de outras hortalias. As novas plantas de Tabaco so encravadas na terra at ao nascimento das folhas, e p e meio distantes numas das outras; ellas so dispostas em quincunce, e formo duas fileiras em cada canteiro. Os campos das plantaes das Tabacoeiras em Hollanda so rodeados de seves muito altas, ou de plantaes de arvores, sem dvida para abrigar as plantas dos ventos impetuosos. Do-se a estas plantas, at ao periodo da sua madureza, quasi os mesmos amanhos, que se costumo dar na America septentrional, isto he, so sachadas, regadas, quando o preciso, despontadas da guia, e despojadas dos seus renovos, etc. Depois de se terem alimpado os seus renovos, comeo-se a colher as folhas da segunda, e terceira qualidade. A terceira qualidade consiste nas mais pequenas, e peiores folhas, que se acho na parte infima do tronco; as que se acho situadas immediatamente acima dellas, em numero de cinco, ou seis, so as da segunda qualidade; colhem-se humas, e outras ao mesmo tempo; mas escolhem-se depois na casa do seccadouro. Em quanto ellas se seco, alimpo-se dos rebentes novamente as plantas, e vigio-se, a fim de se poderem [23] colher acertadamente as folhas, que resto, e formo a primeira qualidade; porque, se acaso se deixo amarellar no tronco as folhas, ellas perdem a sua fora, e facilmente soffrem degradao. Estas duas colheitas so feitas por mulheres, que arranco as folhas o mais perto do tronco, que podem, e mesmo com huma poro da casca, e epiderme delle, para que ellas pezem mais. Depois das preparaes competentes, que so as ordinarias, as folhas so postas em molhos, ou mancas, como os Francezes lhes chamo, e as embarrico, ou entrouxo apertadamente em esteiras, e mesmo em grandes cestas. Segundo Mr. Jansen, as plantas do Tabaco, principalmente aquellas, que se acho no meio dos campos, soffrem infinitamente por causa dos ventos fortes, e chuvas, que os acompanho, e pelo granizo principalmente, que s vezes dentro de poucos minutos rouba ao plantador todo o fructo do seu trabalho. Para obviar esta desgraa do modo possivel os cultivadores dividem hum campo em muitos canteiros quadrados, isto he, em trinta at trinta e seis por arpente, ou courella de cem aguilhadas, cada huma de vinte ps. Rodo-se estes quadrados de ramalhos de carvalho, amieiro, salgueiro, ou de faia; mas a primeira especie de ramos he sem dvida a melhor, porque pode aturar dous annos no cercado, e as outras devem mudar-se todos os annos. Esta sorte de ripados he praticada, fazendo-se primeiramente regos fundos enchada, mettendo nelles os ramos, e entulhando ento os ditos regos. Estes abrigos, ou quebra-ventos guardo as plantas dos mos effeitos dos ventos, e chuvas fortes: elles servem tambem para os feijoeiros de trepa, [24] que gosto de terra estrumada, funda, e alteada, como a que he propria para a cultura da planta do Tabaco, so proveitosos pelos seus fructos, e ajudo tambem a abrigar as plantas do Tabaco. Passados dous annos estas seves de ramos de carvalho so tiradas, e servem de lenha para o lume, e logo se estabelecem outras. Alguns cultivadores arranco os troncos, de que se tem tirado as folhas, os quaes juntos com alguns rebentes, que tinho guardado, lhes servem para fazer estrumes, que espalho nas terras lavradias; mas he melhor, nas terras destinadas para a cultura do Tabaco, deixa-los apodrecer nellas, espedaando-os, e enterrando-os com a enchada, ......Buy Now (To Read More)

Product details

Ebook Number: 39107
Author: Avellar Brotero, Felix de
Release Date: Mar 11, 2012
Format: eBook
Language: Portuguese

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